Corrupção em Angola

A Corrupção em Angola é um fenómeno pervasivo que impede e perturba o crescimento económico e programas de liberalização patrocinados pelo governo no país.[1][2][3]

Visão geral do Índice de Percepção da Corrupção de 2010. A maior percepção de corrupção é de cor Preta e a menor, de azul escuro.

Anos 1970 e 1980

A imprensa soviética, apesar da estreita relação entre Angola e a União Soviética, acusou o MPLA de corrupção, clientelismo e nepotismo, acusando o governo de acumular ilicitamente de 1 bilhão de Dólares. A revista russo Ogonyok escreve que "a corrupção tem florescido em uma escala que é sem precedentes, mesmo em África ... o partido no poder em Angola ... ser pró-comunista, por natureza, estava pronto a sacrificar tudo e todos."[4]

Anos 1990

Em Abril de 1999 Gustavo Costa, jornalista do Expresso, escreveu um artigo intitulado A corrupção faz vítimas, acusando José Leitão, o principal conselheiro presidencial, de desviar receitas do governo. A polícia angolana prendeu Costa e acusou-o de difamação e injúria. O Tribunal Supremo angolano considerou-o culpado, condenando-o a oito meses de prisão, suspensa por dois anos, e multou em US $ 2.000.[5] Rafael Marques de Morais, jornalista e activista dos direitos humanos, escreveu O Batom da Ditadura, um artigo criticando corrupção no governo angolano e presidente José Eduardo dos Santos, em 3 de julho.[6][7]

A Divisão de Investigação Criminal Nacional (DNIC) questionou-o em 13 de outubro por várias horas antes de liberá-lo. Mais tarde naquele dia Morais deu uma entrevista à Rádio Ecclesia e repetiu a sua crítica ao governo dos Santos. Vinte membros armados da Polícia de Intervenção Rápida prenderam-no então juntamente com Aguiar dos Santos, editor do jornal Ágora, e José Antonio Freitas, repórter do Agora, sob a acusação de difamação, em 16 de outubro de 1999. Marques disse que dos Santos era responsável pela "destruição do país ... para a promoção de peculato, incompetência e corrupção como valores políticos e sociais."[6][7]

Em maio de 1999, o Banco Mundial ameaçou cortar a ajuda a Angola se o governo não tomasse medidas sérias para combater a corrupção, começando por uma auditoria das indústrias de petróleo e diamantes, fontes principais de renda de Angola.[8]

Anos 2000

Sob o governo de José Eduardo dos Santos, mantiveram-se elevados níveis de corrupção, com os meios de comunicação social e as instituições financeiras controlados por elementos próximos do presidente. Hoje em dia Angola encontra-se na lista dos países mais corruptos do mundo e com o menor índice de desenvolvimento humano, isto num país com um dos maiores crescimentos económicos do mundo.[9][10]

Devido aos efeitos da crise financeira internacional e à baixa temporária do preço do petróleo, Angola viu-se forçada, em 2008, a pedir a ajuda do FMI e de submeter-se às exigências impostas por esta instituição. Estas incluem medidas severas contra a corrupção e a falta de transparência orçamental. Estas exigências foram em parte cumpridas, p.ex. com respeito às relações entre o Estado e a Sonangol. No entanto, a situação global em relação à corrupção não melhorou, como demonstra a posição de Angola nos índices anuais da Transparency International: enquanto Angola figurava, em 2006, na posição 147 (sendo 1 a melhor), o que já é extremamente problemático, o país desceu desde então passo a passo, chegando em 2010 à posição 168 em 178 países, fazendo portanto parte dos dez países mais corruptos do mundo.[11]

Maior fraude financeira em Angola

O Banco Nacional de Angola foi vitima de um fraude de 160 milhões de Dólares, quando foi descoberto que a conta do tesouro angolano no Banco Espírito Santo de Londres, que saíram várias transferências de dinheiro para contas bancarias controladas pelos suspeitos. Quando a conta do BNA atingiu valores mínimos, foi o própria BES de Londres que alertou as autoridades de Angola para as saídas sucessivas de dinheiro.

O processo de investigação ao desvio de fundos do Banco Nacional de Angola (BNA) decorre há mais de um ano em Portugal e em Angola. No âmbito da investigação deste processo já foram detidos 25 pessoas em Angola, sendo alguns funcionários do Ministério das Finanças e do BNA.[12] Entre tempo já foram recuperado avultas quantias em dinheiro.[13]

Segundo a Human Rights Watch e o governo Angolano, grandes desvios de dinheiro para fora de Angola foi efectuado por ex-Governador do BNA. Aguinaldo Jaime, tentou efectuar uma série de transações suspeitas de 50 milhões de dólares com vários bancos estrangeiros, nomeadamente bancos europeus e americanos. Foram os próprios bancos em questão que recusaram o dinheiro e pararam a operação.

Ver também

Referências

  1. Gates, Henry Louis; Anthony Appiah (1999) Page Africana: The Encyclopedia of the African and African American Experience. pp. 624
  2. Correio de Manhã: Angola procura milhões desviados Arquivado em 10 de agosto de 2011, no Wayback Machine. 5 de junho 2011
  3. Deutsche Welle: Filho de Presidente angolano suspeito de lavagem de dinheiro 24 de março 2011
  4. Light, Margot (1993). Troubled Friendships: Moscow's Third World Ventures. pp. 77.
  5. James, W. Martin (2004). Historical Dictionary of Angola. pp. 41.
  6. «Marques gets six months for defaming president». Committee to Protect Journalists. Consultado em 21 de janeiro de 2008
  7. «Views of the Human Rights Committee under the Optional Protocol to the International Covenant on Civil and Political Rights, Eighty-third session, Communication No. 1128/2002». Open Society Institute via United Nations Human Rights Committee. Consultado em 21 de janeiro de 2008
  8. Vines, Alex (1999). Angola Unravels: The Rise and Fall of the Lusaka Peace Process. [S.l.]: Human Rights Watch. 93 páginas
  9. «DN Online: Angola pode romper com o FMI devido a estudo sobre corrupção». dn.sapo.pt. Consultado em 5 de setembro de 2008
  10. «Angola é o segundo país mais corrupto do Mundo, 10.03.2007». www.angonoticias.com. Consultado em 5 de setembro de 2008
  11. «; ver mapa acima). Enquanto neste índice a melhor classificação é de 10, a classificação de Angola está desde há anos a baixo de 2.». Consultado em 23 de julho de 2011. Arquivado do original em 20 de outubro de 2010
  12. Caso BNA: prosseguem as detenções pelo país O País Online, recuperado 12 de Fevereiro 2010
  13. Investigação de fraude já recuperou quantias avultadas Diário de Noticias Online, recuperado 2 de Junho 2011
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