Eleições estaduais no Ceará em 1978
As eleições estaduais no Ceará em 1978 ocorreram em duas etapas conforme determinava o Pacote de Abril: em 1º de setembro aconteceu a via indireta e nessa ocasião a ARENA elegeu o governador Virgílio Távora, o vice-governador Manuel de Castro e o senador César Cals. A fase seguinte aconteceu em 15 de novembro em todos os 22 estados brasileiros[nota 1] e nisso foi eleito o senador José Lins e quanto aos 20 deputados federais e 44 deputados estaduais que foram eleitos, a ARENA conquistou a maioria das cadeiras.[1]
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| Eleições estaduais no | ||||
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| 1º de setembro de 1978 (Eleição indireta) 15 de novembro de 1978 (Eleição direta) | ||||
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| Candidato | Virgílio Távora
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| Partido | ARENA
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| Natural de | Jaguaribe, CE
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| Vice | Manuel de Castro | |||
| Votos | 308 | |||
| Porcentagem | 98,40% | |||
Titular Eleito | ||||
Nascido em Jaguaribe, o governador Virgílio Távora é sobrinho de Juarez Távora e por sua influência ingressou em 1938 na Escola Militar do Realengo com passagens pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e Escola Superior de Guerra, alcançando o posto de coronel em 1960. Filiado à UDN foi eleito deputado federal em 1950 e 1954 e foi derrotado por Parsifal Barroso na eleição para o governo cearense em 1958. Depois ocupou vagas na direção da Companhia Urbanizadora da Nova Capital e no conselho nacional do Serviço Social Rural no governo Juscelino Kubitschek.[2] No gabinete parlamentarista de Tancredo Neves durante a presidência de João Goulart ocupou o Ministério dos Transportes, cargo que deixou para eleger-se governador do Ceará em 1962. Sua primeira vitória na disputa pelo Palácio Iracema foi resultado de uma coligação entre UDN e PSD chamada "União pelo Ceará" e nisso filiou-se à ARENA ante a adoção do bipartidarismo assumindo o controle da política estadual junto dos coronéis políticos Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals que alternaram-se no poder como governadores ao longo do Regime Militar de 1964. Eleito deputado federal em 1966 e senador em 1970, Virgílio Távora retornou ao governo cearense em 1978.[3][4]
Por conta da reorganização partidária do governo João Figueiredo, os governistas do Ceará ingressaram no PDS enquanto a oposição dividiu-se entre o PMDB e o PT com vistas ao pleito de 1982 quando Virgílio Távora renunciou para candidatar-se a senador entregando o poder a Manuel de Castro no limiar de uma campanha onde a vitória foi da situação.
Os cearenses residentes no Distrito Federal escolheram seus representantes por força da legislação vigente.[5]
Resultado da eleição para governador
O Colégio Eleitoral do Ceará era composto por 313 membros sendo dominado pela ARENA. Por considerar-se impedido em virtude de ser candidato a vice-governador, Manuel de Castro absteve-se de votar, havendo quatro ausências entre os delegados situacionistas.
| Candidatos a governador do estado | Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
|---|---|---|---|---|---|
| Virgílio Távora ARENA | Manuel de Castro ARENA | ||||
| Fontes: | |||||
Biografia dos senadores eleitos
César Cals
Natural de Fortaleza, César Cals ingressou na Escola Militar do Realengo em 1943 e atingiu a patente de coronel do Exército. Formado em Engenharia Militar pela Academia Militar das Agulhas Negras e em Engenharia Civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi lotado no 23º Batalhão de Caçadores e no Serviço de Obras da 10ª Região Militar.[6] Vinculado ao setor energético brasileiro, trabalhou na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), dirigiu a Companhia Energética do Piauí, foi conselheiro da Eletrobras e presidente da Companhia Energética do Maranhão. Renunciou à presidência da Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança e filiou-se à ARENA para eleger-se governador do Ceará por via indireta em 1970 após escolha do presidente Emílio Garrastazu Médici. Após deixar o Palácio da Abolição substituiu Lucas Nogueira Garcez como diretor de coordenação da Eletrobras por três anos até ser eleito senador "biônico" em 1978, mandato do qual licenciou-se para assumir o cargo de ministro de Minas e Energia a convite do presidente João Figueiredo.[6][7][8][nota 2]
José Lins
Para senador venceu José Lins. Engenheiro civil nascido em Crateús, formado na Universidade Federal de Ouro Preto e professor da Universidade Federal do Ceará, trabalhou em Minas Gerais e no Maranhão antes de voltar ao Ceará onde integrou o secretariado do primeiro governo Virgílio Távora e nos de Franklin Chaves e Plácido Castelo antes de assumir a direção do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, esta última durante o Governo Ernesto Geisel.[9] A outra vaga no Senado Federal ficou com César Cals, entretanto o mesmo ocupou o Ministério de Minas e Energia no governo João Figueiredo e assim a cadeira foi dada a Almir Pinto.
Resultado da eleição para senador
Mandato biônico de oito anos
A eleição para senador biônico levou à vitória de César Cals.
| Candidatos a senador da República | Candidatos a suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
|---|---|---|---|---|---|
| César Cals ARENA | Almir Pinto[nota 3] ARENA Armando Aguiar ARENA | ||||
| Fontes:[10][nota 4] | |||||
Mandato direto de oito anos
Conforme o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará houve 129.066 votos em branco (7,92%) e 45.495 votos nulos (3,00%) calculados sobre o comparecimento de 1.524.412 eleitores com os 1.349.851 votos nominais assim distribuídos:
| Candidatos a senador da República | Candidatos a suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
|---|---|---|---|---|---|
| José Lins ARENA | Hermano Teles ARENA Dias Macedo ARENA | ||||
| Chagas Vasconcelos MDB | Barros Pinho MDB Lustosa da Costa MDB | ||||
| Fontes:[1][nota 4] | |||||
Deputados federais eleitos
São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.
Deputados estaduais eleitos
A Assembleia Legislativa do Ceará recebeu trinta e três representantes da ARENA e onze do MDB.
| Deputados estaduais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa |
| Orlando Bezerra | ARENA | 40.763 | Juazeiro do Norte | ||
| Douvina de Castro | ARENA | 30.836 | Limoeiro do Norte | ||
| Marconi Alencar | ARENA | 27.537 | Juazeiro do Norte | ||
| Antônio dos Santos | ARENA | 26.612 | Crateús | ||
| Carlos Benevides | MDB | 26.323 | Fortaleza | ||
| Ubiratan Aguiar | ARENA | 25.664 | Cedro | ||
| Etevaldo Nogueira | ARENA | 25.011 | Pedro II | ||
| José Mário Barbosa | ARENA | 23.994 | Maranguape | ||
| Aquiles Peres Mota | ARENA | 23.409 | Ipueiras | ||
| Francisco Figueiredo | ARENA | 22.423 | Sobral | ||
| Fernando Mota | ARENA | 22.382 | São Gonçalo do Amarante | ||
| Erivano Cruz | ARENA | 22.103 | Barbalha | ||
| Alfredo Machado | ARENA | 21.990 | Quixeramobim | ||
| Francisco Aguiar | ARENA | 21.332 | Camocim | ||
| Walfrido Monteiro | ARENA | 21.227 | Icó | ||
| José Prado | ARENA | 19.697 | Sobral | ||
| José Gomes da Silva | ARENA | 19.200 | Uruburetama | ||
| Antônio Jacó | ARENA | 19.191 | Redenção | ||
| Antônio Câmara | ARENA | 18.702 | Tauá | ||
| Gerôncio Bezerra | ARENA | 18.405 | Russas | ||
| Maria Luíza Fontenele | MDB | 18.133 | Quixadá | ||
| Deusimar Maciel | ARENA | 17.964 | Brejo Santo | ||
| Otacílio Correia | ARENA | 17.930 | Várzea Alegre | ||
| Paulino Rocha | MDB | 17.495 | Serra da Meruoca | ||
| Orzete Ferreira Gomes | ARENA | 17.412 | Acaraú | ||
| Quariguasi Frota | ARENA | 17.280 | Granja | ||
| José Vieira Filho | ARENA | 17.200 | Boa Viagem | ||
| Carlos Cruz | ARENA | 16.750 | Juazeiro do Norte | ||
| Diógenes Nogueira | ARENA | 16.658 | Jaguaribe | ||
| Júlio Rêgo | ARENA | 16.521 | Tauá | ||
| João Viana | ARENA | 16.306 | Cedro | ||
| Airton Maia | ARENA | 15.984 | Fortaleza | ||
| José Batista de Oliveira | ARENA | 15.906 | Pacatuba | ||
| Fonseca Coelho | ARENA | 15.878 | Tamboril | ||
| Maria Lúcia Corrêa | ARENA | 15.875 | Senador Pompeu | ||
| Everardo Silveira | MDB | 15.777 | Baturité | ||
| Filinto Elísio | ARENA | 15.661 | Cariré | ||
| José Humberto | MDB | 15.428 | Crateús | ||
| Irapuan Pinheiro | MDB | 14.893 | Solonópole | ||
| Wilson Machado | MDB | 14.461 | Caririaçu | ||
| Aílton Alexandre | MDB | 14.390 | Iguatu | ||
| Wilson Magalhães | MDB | 14.043 | Canindé | ||
| Eufrasino Neto | MDB | 13.669 | Poranga | ||
| Castelo de Castro | MDB | 11.410 | Mombaça | ||
| Fontes:[1][12] | |||||
|---|---|---|---|---|---|
Notas
- No Distrito Federal havia seções especiais para captar o voto de quem estava fora do seu estado de origem e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima serviu apenas para a escolha de deputados federais.
- Sede do governo estadual a partir de 4 de julho de 1970, o Palácio da Abolição foi privado dessa condição até recuperá-la em 2011.
- O senador César Cals serviu ao presidente João Figueiredo como ministro das Minas e Energia, transmitindo assim o exercício do mandato a seu suplente, Almir Pinto.
- No caso de candidatura única a senador, dois serão os suplentes apontados em convenção partidária por ordem de votação.
- Faleceu na capital cearense em 16 de junho de 1981 e em seu lugar foi efetivado Alfredo Marques.
Referências
- BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1978». Consultado em 26 de abril de 2024
- «(FGV CPDOC) O governo de Juscelino Kubitschek – biografia de Virgílio Távora». Consultado em 16 de agosto de 2020
- BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Virgílio Távora». Consultado em 25 de julho de 2013
- BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Virgílio Távora». Consultado em 16 de agosto de 2020
- BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.091 de 15/08/1974». Consultado em 25 de julho de 2013
- «Biografia de César Cals no CPDOC/FGV». Consultado em 16 de agosto de 2020
- BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador César Cals». Consultado em 16 de agosto de 2020
- «Governo do estado do Ceará: Palácio da Abolição volta a sediar Poder Executivo Estadual». Consultado em 16 de agosto de 2020
- BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador José Lins». Consultado em 16 de agosto de 2020
- Redação (1 de setembro de 1978). «Menos de dez mil votos elegeram 22 senadores. Primeiro Caderno – Política e Governo, p. 04». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 26 de abril de 2024
- BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 26 de abril de 2024
- BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 12 de fevereiro de 2015

