Eleições estaduais no Pará em 1970
As eleições estaduais no Pará em 1970 ocorreram em duas etapas conforme determinava o Ato Institucional Número Três[1] e assim a eleição indireta do governador Fernando Guilhon e do vice-governador Newton Barreira foi em 3 de outubro e a eleição direta dos senadores Renato Franco e Cattete Pinheiro, dos oito deputados federais e vinte e quatro estaduais ocorreu em 15 de novembro sob um receituário aplicado aos 22 estados e aos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima.[2][3][nota 1]
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| Eleições estaduais no | ||||
|---|---|---|---|---|
| 3 de outubro de 1970 (Eleição indireta) 15 de novembro de 1970 (Eleição direta) | ||||
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| Candidato | Fernando Guilhon | Fernando Gurjão | ||
| Partido | ARENA | MDB | ||
| Natural de | Belém, PA | Belém, PA | ||
| Vice | Newton Barreira | João Camargo | ||
| Votos | 31 | 07 | ||
| Porcentagem | 81,58% | 18,42% | ||
Titular Eleito | ||||
Nascido em Belém, o governador Fernando Guilhon foi o primeiro escolhido por voto indireto desde a instauração do Regime Militar de 1964 dada a eleição direta de Alacid Nunes há cinco anos. Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Pará, tornou-se funcionário público ao ingressar no Serviço de Navegação da Amazônia e de Administração do Porto do Pará (SNAPP) e no governo Jânio Quadros trabalhou na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia onde conheceu Jarbas Passarinho, em cujo governo assumiu o Departamento de Estradas de Rodagem. Nomeado para dirigir o Serviço de Navegação da Amazônia e de Administração do Porto do Pará (SNAPP) foi, com a cisão do mesmo em duas empresas, nomeado diretor da Companhia de Docas do Pará. Filiado à ARENA foi escolhido para ocupar o Palácio dos Despachos pelo presidente Emílio Garrastazu Médici tendo como vice-governador o coronel aviador da reserva Newton Barreira. A vitória governista se deu num contexto onde o MDB teve participação meramente simbólica e como se não bastasse perder as disputas majoritárias, a oposição viu a ARENA conseguir um desempenho acima de setenta por cento no caso dos deputados federais e deputados estaduais que foram eleitos.
O senador mais votado foi o odontólogo, professor e jornalista Renato Franco. Nascido em Belém e formado na Universidade Federal do Pará, residiu por algum tempo no Rio de Janeiro. Adversário e depois aliado de Magalhães Barata, foi nomeado por este para um cargo análogo ao de secretário de Educação e com a passagem de José Linhares pela presidência da República foi nomeado diretor da Caixa Econômica Federal do Pará. Por ligações com Jarbas Passarinho foi eleito vice-governador do Pará em 1965 na chapa de Alacid Nunes ingressando depois na ARENA, pela qual elegeu-se senador em 1970.
Para a outra cadeira a ARENA reelegeu Cattete Pinheiro que renovou assim o mandato conquistado pelo PTN em 1962. Nascido em Monte Alegre e formado em Medicina em 1936 na Universidade Federal de Pernambuco, foi prefeito nomeado de sua cidade (1939-1943) elegendo-se para o mesmo cargo em 1948. Secretário de Saúde no governo Zacarias Assunção, foi eleito deputado estadual em 1954 e 1958 e como presidente da Assembleia Legislativa do Pará foi governador interino do estado[nota 2] e durante o governo Jânio Quadros foi ministro da Saúde.[nota 3]
Resultado da eleição para governador
A Assembleia Legislativa do Pará tinha 41 integrantes, sendo que o presidente Abas Arruda não votou e os deputados Francisco Lobato e Ney Peixoto se ausentaram.[4][nota 4]
| Candidatos a governador do estado | Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
|---|---|---|---|---|---|
| Fernando Guilhon ARENA | Newton Barreira ARENA | - | ARENA (sem coligação) | 31 | 81,58% |
| Fernando Gurjão MDB | João Camargo MDB | - | MDB (sem coligação) | 07 | 18,42% |
Resultado das eleições para senador
Conforme o Tribunal Superior Eleitoral e o Tribunal Regional Eleitoral do Pará foram apurados 483.317 votos válidos (65,18%), houve 215.818 votos em branco (29,11%) e 42.371 votos nulos (5,71%) resultando no comparecimento de 741.506 eleitores.[nota 5]
| Candidatos a senador da República | Primeiro suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
|---|---|---|---|---|---|
| Renato Franco ARENA | Flávio Moreira ARENA | - | ARENA (sem coligação) | 170.094 | 35,18% |
| Cattete Pinheiro ARENA | Cláudio Dias ARENA | - | ARENA (sem coligação) | 157.457 | 32,58% |
| Elias Salame da Silva MDB | Raimundo Fidelis MDB | - | MDB (sem coligação) | 81.173 | 16,80% |
| Mário Nazareno Machado Sampaio MDB | Wilson Anajás MDB | - | MDB (sem coligação) | 74.593 | 15,44% |
Deputados federais eleitos
São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[5][6]
| Deputados federais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa |
| Stélio Maroja | ARENA | 24.504 | Bragança | ||
| Júlio Viveiros | MDB | 22.332 | São Luís | ||
| Edson Bona | ARENA | 21.626 | Belém | ||
| Américo Brasil | ARENA | 17.806 | Belém | ||
| Pedro Carneiro[nota 6] | ARENA | 15.530 | Caxias | ||
| Gabriel Hermes | ARENA | 12.193 | Castanhal | ||
| João Menezes | MDB | 11.710 | Belém | ||
| Juvêncio Dias | ARENA | 11.276 | Belém | ||
Deputados estaduais eleitos
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral a ARENA conquistou dezessete das vinte e quatro vagas em disputa contra sete do MDB.[2][3]
| Deputados estaduais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa |
| Paulo Ronaldo Mendonça de Albuquerque | MDB | 13.780 | 2,85% | Belém | |
| Fernando Américo Medeiros Brasil | ARENA | 10.455 | 2,16% | Parauapebas | |
| Osvaldo Melo | ARENA | 8.707 | 1,80% | Belém | |
| Antônio Alves Teixeira | ARENA | 8.176 | 1,69% | Castanhal | |
| Victor Hilário da Paz | ARENA | 7.374 | 1,52% | Santarém | |
| Jader Barbalho | MDB | 7.353 | 1,52% | Belém | |
| Gerson Peres | ARENA | 7.146 | 1,47% | Cametá | |
| Ubaldo Corrêa | ARENA | 6.624 | 1,37% | Santarém | |
| Haroldo Heráclito Tavares da Silva | ARENA | 5.918 | 1,22% | Belém | |
| Lauro de Belém Sabbá | ARENA | 5.461 | 1,12% | Ponta de Pedras | |
| Arnaldo Corrêa Prado | ARENA | 4.700 | 0,97% | Belém | |
| Oswaldo Corrêa Prado | ARENA | 4.641 | 0,96% | Belém | |
| Lourenço Alves de Lemos | ARENA | 4.619 | 0,95% | Itaituba | |
| Osvaldo dos Reis Nutram | ARENA | 4.352 | 0,90% | Limoeiro do Ajuru | |
| Carlos Costa de Oliveira | ARENA | 4.285 | 0,88% | Ananindeua | |
| Alfredo Jacob Gantuss | ARENA | 4.118 | 0,85% | São Miguel do Guamá | |
| Álvaro de Oliveira Freitas | MDB | 4.062 | 0,84% | Uruará | |
| Nilson Célio Guedes Sampaio | ARENA | 3.781 | 0,78% | Castanhal | |
| José Elias Emin | ARENA | 3.626 | 0,75% | Igarapé-Açu | |
| Antônio Amaral | ARENA | 3.606 | 0,74% | Belém | |
| Carlos Vinagre | MDB | 3.438 | 0,71% | Belém | |
| José Massud Ruffeil | MDB | 3.385 | 0,70% | Belém | |
| Paulo Imbiriba Lisboa | MDB | 3.375 | 0,69% | Marabá | |
| José Maria Lins de Vasconcelos Chaves | MDB | 3.262 | 0,67% | Moju | |
Notas
- Nos referidos territórios o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais, não havendo eleições no Distrito Federal e no Território Federal de Fernando de Noronha.
- Entre 31 de janeiro e 10 de junho de 1956 quando chegou ao fim a batalha judicial que garantiu a posse de Magalhães Barata.
- A bancada paraense na Câmara Alta do parlamento era composta pelo também arenista Jarbas Passarinho que, licenciado para ocupar o Ministério da Educação no governo Emílio Garrastazu Médici, foi substituído pelo suplente Milton Trindade.
- Francisco Lobato teve seu nome incluído entre os ausentes porque atrasou-se e, ao chegar à sessão, o resultado já havia sido proclamado.
- Após a promulgação da Emenda Constitucional Número Um, a Constituição de 1967 dizia (Art. 41 § 2º) que cada senador seria eleito com o seu suplente. Em 1970 os candidatos ao Senado Federal concorriam ao lado de dois suplentes (exceto em casos de sublegenda), entretanto citamos aqui apenas o primeiro de cada chapa sem, contudo, deixar de referenciar o outro quando possível.
- Faleceu em Brasília em 4 de abril de 1972 vítima de ataque cardíaco e em seu lugar foi efetivado Sebastião Andrade.
Referências
- BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Três». Consultado em 31 de dezembro de 2019
- BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 2 de novembro de 2021
- BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Pará. «Resultado das eleições gerais no Pará – 1945 a 2006». Consultado em 2 de novembro de 2021
- Redação (4 de outubro de 1970). «A ARENA derrota o candidato do MDB. Geral, p. 05». acervo.estadao.com.br. O Estado de S. Paulo. Consultado em 22 de maio de 2018
- «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 17 de junho de 2016. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013
- BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 17 de junho de 2016


