Fanatismo religioso

Fanatismo religioso é uma forma de fanatismo caracterizada pela devoção incondicional, exaltada e completamente isenta de espírito crítico, a uma ideia ou concepção religiosa. Em geral, o fanatismo religioso também se caracteriza pela intolerância em relação às demais crenças religiosas. Um fanático religioso é, muitas vezes, um indivíduo disposto a se utilizar de qualquer meio para afirmar a primazia da sua fé sobre as demais. [1]

Membros da seita jansenista tinham convulsões e espamos como resultado do seu fanatismo religioso. Gravura de Bernard Picart

O termo 'fanatismo' tem uma origem religiosa (do latim. Fanaticus (vocábulo latino derivado de fanum, 'templo', significando 'pertencente ao templo;[2] inspirado pelos deuses'[3]), entre os romanos, era o indivíduo inspirado pela divindade ou "impregnado" da presença divina. Os gregos, por sua vez, usavam a palavra ενθουσιαστές , entousiastés (de ενθουσιάζω, entousiazo: ser inspirado por deus"), da qual deriva o termo "entusiasmo", em português. Essa proximidade entre os termos 'fanatismo' e 'entusiasmo' caracterizou inicialmente o uso filosófico do termo, no século XVIII. Segundo Lord Shaftesbury (1671 – 1713), da palavra 'entusiasmo' ter-se-ia originado o uso do termo 'fanatismo' no sentido original, usado pelos antigos, de "aparição que captura a mente".

Logo, porém, os dois termos se distanciaram: 'entusiasmo' manteve um sentido positivo, enquanto 'fanatismo' tornou-se sinônimo de exaltação cega e perigosa, em razão da qual se está pronto a usar a violência contra quem não compartilha das mesmas ideias. Foram os iluministas franceses, em particular, Voltaire (1694 — 1778), que fizeram do fanatismo objeto de polêmica, associando-o à superstição, especialmente religiosa, e suas consequências violentas, como as guerras e perseguições. Note-se que, na época, a Europa recentemente havia saído de um longo período de sangrentas guerras religiosas (desde o início do século XVI até meados do XVII) entre católicos e protestantes, além das perseguições a que eram submetidos, por parte das várias igrejas, os supostos hereges. Ademais, todos os estados tinham uma religião oficial, e negá-la era um crime. Enfim, o fanatismo ‒ entendido como devoção cega a um conjunto de ideias, implicando o uso de violência para sua afirmação ‒ foi, até o século XVIII, um fenômeno essencialmente religioso.[1] Naquela época, tal como na atualidade, o fanatismo religioso não se limitava aos adeptos de uma ou outra religião em especial.

Ver também

Referências

  1. Enciclopedia dei ragazzi. Fanatismo. Por Stefano De Luca (2005).
  2. Enciclopedia Italiana (1932).Fanatismo. Por Umberto Fracassini.
  3. Dicionário Houaiss: "fanático"
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