Cnidoscolus quercifolius

Faveleiro ou favela, popularmente também chamada de faveleira ou mandioca-brava[1] [2], é uma planta da família das euforbiáceas. Trata-se de um arbusto dotado de espinhos e flores brancas, dispostas em cimeiras. O fruto é uma cápsula que contém sementes, oleaginosas [2] e alimentícias,[3] semelhantes às sementes de fava. Daí, os nomes "favela", "faveleiro" e "faveleira". É endêmica do Brasil, distribuindo-se entre os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, e São Paulo.

Favela
Cnidoscolus quercifolius
Cnidoscolus quercifolius
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Angiospermas
Classe: Eudicotiledôneas
Ordem: Rosídeas/Malpighiales
Família: Euphorbiaceae
Subfamília: Crotonoideae
Tribo: Manihoteae
Gênero: Cnidoscolus
Espécie: C. quercifolius
Nome binomial
Cnidoscolus quercifolius
Pohl

O faveleiro ou favela (Cnidosculos phyeacanthus, Martius), cujo estudo foi iniciado em 1937 pelo botânico Philipp von Lützelburg, é uma árvore de 3 a 5m de altura, espinhenta, da família das euforbiáceas, que vegeta na caatinga e no sertão de solo seco, pedregoso, sem húmus, sem cobertura protetora, exposta à forte irradiação e calor médio de 25 graus, em associação com pinhão-bravo, maniçobas, marmeleiros, pereiro, xique-xique e cansanção.

Ela aparece em grande quantidade no sertão e caatingas do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia.

Luetzelburg, que mais estudou a xerofilia da vegetação nordestina, esclareceu, com os seus trabalhos, ainda não publicados, a razão por que as plantas resistem à seca e ressurgem fisiologicamente com folhas, flores e frutos, mal aparecem as primeiras chuvas.

Além da queda das folhas, diminuição de superfície folhear, proteção dos estômatos com pelos contra o excesso de evaporação, abundância de cortiça no caule, etc. há ainda outro meio mais eficaz de o vegetal lutar contra a seca e que é o armazenamento de reservas alimentícias em formas disfarçadas no caule e nas raízes (xilopódios, raízes engrossadas, tubérculos).

O faveleiro, demonstrou aquele botânico, como outras plantas xerófilas, possui raízes tuberculadas, xilopódios, com reservas alimentares elaboradas durante as chuvas mediante a fotossíntese nas folhas e minerais absorvidos pelas raízes; essas reservas acumulam-se nos órgãos subterrâneos para manutenção do vegetal na seca e permitir o aparecimento de novas folhas, flores e frutos.

As raízes, engrossadas, tuberculadas, são revestidas externamente de camadas suberosa forte, impregnada de suberina gordurosa, impermeável, e internamente contém um líquido viscoso composto de amido, água, ácidos orgânicos, mucilagem, cristais de oxalato de cálcio, carbonatos, fosfatos e açúcares diversos.

Assim, as plantas do sertão são previdentes, guardando seus alimentos para as épocas de escassez. O matuto precisa também aprender com as árvores a armazenar reservas alimentícias para atravessar a seca.

Semente da faveleira.

A favela floresce em janeiro e fevereiro e os frutos estão maduros de maio a julho. As flores são hermafroditas, brancas, de 4mm de diâmetro e em cachos; os frutos são deiscentes e as sementes têm alguma semelhança com a da mamona. A árvore, cortada em qualquer parte, exuda uma seiva branca, semelhante a um látex, pegajosa, e que, uma vez seca, se torna quebradiça.

O faveleiro é uma árvore de grande valor industrial por causa de suas sementes oleaginosas e alimentícias. Suas sementes, e o óleo que produzem, são próprios para o consumo humano.[3] Da semente, rica em proteínas, é feita farinha que pode ser empregada na fabricação de pães e massas.[4] Suas proteínas podem ser empregadas na fabricação de patês, salsichas e linguiças.[4] O químico Luiz Augusto de Oliveira e os agrônomos Manoel Aldes de Oliveira e Roberto Carvalheira, do Serviço Agroindustrial, em São Gonçalo, fizeram os estudos dessa planta; as análises do laboratório nos deram o teor do óleo suas características e a composição alimentícia da torta.

Análise do óleo

Óleo extraído das amêndoas c/solvente ....51,9%

Índice de saponificação ..............................192,6

Índice de acidez ............................................0,67

Acidez ácido oleico .......................................0,38

Densidade 15% .......………..........................0,9226

Índice de refração nD20 ........................... 1,4718

O óleo é fino, cor semelhante à da água e pode ser usado para alimenta- ção, pois o flagelado come a semente quebrada com farinha.

Análise da torta

Umidade ................................................... 2,98%

Matérias minerais...................................... 8,32%

CaO ........................................................... 0,68%

P205 (anidro fosfórico) ............................ 4,28%

Proteínas ................................................. 66,31%

Açúcares reduzidos (glicose) .................. 3,58%[5]

Ver também

Referências

  1. «GRIN Species Profile». Consultado em 6 de julho de 2011. Arquivado do original em 12 de setembro de 2012
  2. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 762.
  3. Thiago Emanuel Rodrigues Novaes, Ana Selia Rodrigues Novaes, Lissandra Glusczak, Lucianne Braga Oliveira Vilarinho (22 de fevereiro de 2021). «Potenciais medicinais da faveleira (Cnidoscolus quercifolius) e seus usos na saúdehumana: uma breve revisão». Research, Society and Development, pág 06. Consultado em 4 de setembro de 2022
  4. Penha Patrícia Cabral Pinheiro (2016). «Caracterização físico-químicas do óleo da semente da faveleira (Cnidoscolus quercifolius) e avaliação das propriedades bioativas da semente, do óleo e da torta» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pág. 18. Consultado em 4 de setembro de 2022
  5. «O Nordeste e as lavouras xerófilas / José Guimarães Duque. - 4a ed.» (PDF). Consultado em 23 de maio de 2022. Arquivado do original (PDF) em 23 de maio de 2022

Ligações externas

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