Federação Gaúcha de Xadrez

A Federação Gaúcha de Xadrez (FGX), fundada em 30 de dezembro de 1943, é a entidade máxima do xadrez no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Organiza todos os torneios oficiais no estado, promove o esporte em âmbito regional e apoia iniciativas relacionadas ao xadrez. A federação responde à Confederação Brasileira de Xadrez (CBX).

Emblema oficial da FGX.

A participação dos enxadristas na FGX se dá por meio da filiação, que envolve inscrição e pagamento de pequena anuidade. Os clubes e departamentos de xadrez também podem se filiar, competindo a eles os votos que elegem a diretoria da entidade. O funcionamento da FGX é regido por seu estatuto e a entidade divulga calendário anual de eventos, disponível em seu site. Os filiados podem se candidatar à organização de competições oficiais, devendo atender aos requisitos estabelecidos (chamados de encargos e também disponíveis no site da FGX). [carece de fontes?]

História

A primeira agremiação de xadrez do estado foi o Clube de Xadrez Brasil, de Santa Maria, fundado em 1921. A seguir surgiram o departamento de xadrez do Clube Comercial de Pelotas (1926), o Clube Pelotense de Xadrez (1932), o departamento de xadrez do Centro Paulista do Rio Grande do Sul (1933) e o Clube Porto-Alegrense de Xadrez (fundado em data incerta nos anos 1930). Em 1937 foi fundado em Porto Alegre o Metrópole Xadrez Clube, que durante várias décadas foi o mais importante centro enxadrístico do RS. No ano seguinte a Sogipa inaugurava seu departamento de xadrez.[carece de fontes?] Outros departamentos de xadrez criados nos anos 1930 foram os do Clube Caixeiral de Pelotas e do Banco da Província, em Porto Alegre. Em 1942, um grupo de funcionários das Lojas Renner, em Porto Alegre, criou o Renner Xadrez Clube, que logo rivalizaria em importância com o Metrópole e a Sogipa.[1]

Em 1943, por iniciativa do Metrópole, do Renner Xadrez Clube, do departamento de xadrez da Sogipa e do Centro Paulista do RS, foi criada a Federação Rio-Grandense de Xadrez.[nota 1] Segundo registrou Arno Knorre no livro A vida do Renner Xadrez Clube, esse foi o ressurgimento da federação. Não constam dados, porém, sobre a primeira fundação da entidade ou como se desenvolveram suas atividades anteriores.[2] Desde então a federação manteve-se ativa, adotando a partir de 1986 a denominação atual.

Entre os clubes pioneiros, permanecem em atividade somente o Clube Pelotense de Xadrez – o mais antigo no estado –, o Metrópole e a Sogipa. Após um período de crise, nos últimos dois anos o Metrópole voltou a promover eventos e a concentrar intensa atividade enxadrística.[carece de fontes?] Já o departamento de xadrez da Sogipa foi fechado em 1945 e reaberto em 1974, permanecnedo desde então em constante atividade, com numerosos torneios.[carece de fontes?]

Dirigentes da FGX

Lista de presidentes da Federação Gaúcha de Xadrez.

PeríodoPresidenteVice-presidente
1943Rudi TreinFrancisco Carchedi
1944Rudi Trein*Ramiro Alencastro
1945Ramiro AlencastroRoberto Casaccia
1946–1947Waldemar Cavalcanti
1948–1950 Wolney Cardoso
1951–1961Jorge Moojen da Rocha
1962–1970Oswaldo Schury
1970–1972Oswaldo SchuryRui Carvalho Gonçalves
1975–1977Oswaldo SchuryEgon Carli Klein
1977–1979Júlio GazzolaGin Dexheimer
1979–1981Carlos Gomes da Silva e SouzaAugusto Diana Terra
1981–1982Werner Becker*Júlio Gazzola
1982Antônio Frisina
1982–1984Jorge MacielMilton Weyrich
1984–1986Duílio ParanhosPaulo Evangelista
1986–1989Francisco TroisGin Dexheimer
1989–1990Abrão Aspis*Antônio Frisina
1990–1991Antônio FrisinaFrancisco Trois
1991–1994Egon KleinAntônio Frisina
1995–1997Marco Moura*Léo Büllow
1998–2000José Luiz de AragãoPedro Rauber e André Baldini
2000–2003José Luiz de AragãoEzony Villarinho e Ronald Hillbrecht
2003–2006José Luiz de AragãoLadir Brandt e João Carlos Orguim
2007–2008Ladir BrandtCésar Viegas
2009–2010Eduardo Vicentini de MedeirosMarcelo Konrath*
2011–2012Maikon Cristiano DielLadir Brandt
2013-2014 Leonel Dornelles
2015-2016 AF Marcelo Konrath CM Jorge Alberto Duardes Boabaid
2017-2018 AI Cesar Brasil Viegas Ronald Hillbrecht

* Não completaram o mandato.[3]

Campeões gaúchos de xadrez

Henrique Mecking aos 12 anos de idade, em 1964.
Paulo Sérgio Oliveira na final do Brasileiro de 1991, em Porto Alegre.
MI Francisco Trois no Interzonal de Riga, Letônia, 1978.

Campeões com projeção internacional

O enxadrista que mais vezes sagrou-se campeão de xadrez do Rio Grande do Sul é Paulo Sérgio de Castro Oliveira, vencedor absoluto em seis disputas estaduais – 1972, 1987, 1990, 1992, 1993 e 2009 – mantendo uma carreira de destaque por mais de quatro décadas. Além das conquistas gaúchas, Paulo Sérgio teve diversas participações positivas em torneios nos Estados Unidos e foi o vencedor da semifinal do Campeonato Brasileiro em 1989.[4]

O que obteve maior destaque internacional foi sem dúvida Henrique da Costa Mecking, o Mequinho, campeão brasileiro em 1965 e 1967. Mequinho obteve o título de Grande Mestre Internacional de xadrez[nota 2] e esteve entre os dez melhores do ranking mundial na década de 1970. Por duas vezes, venceu o torneio interzonal, classificatório para o campeonato mundial, chegando a figurar como terceiro do mundo em 1978, atrás somente de Anatoly Karpov, então campeão mundial, e do seu vice, Viktor Korchnoi.[5]

Outros dois campeões gaúchos que obtiveram destaque fora do estado foram Francisco Trois, Mestre Internacional e campeão sul-americano de 1978, e Antônio Rocha, também Mestre Internacional e campeão brasileiro de 1964 e 1969. Trois, que se destacou também como árbitro internacional e dirigente, permanece em atividade.[carece de fontes?]

O alemão Erich Eliskases, campeão do estado em 1947 e 1948, foi considerado um dos melhores jogadores do mundo ao final da década de 1930. Ele era um dos muitos mestres europeus que participavam da olimpíada de xadrez na Argentina, em 1939, e não retornaram a seus países de origem devido ao início da II Guerra Mundial. Eliskases inicialmente permaneceu em Buenos Aires, vindo a residir mais tarde em Porto Alegre e São Paulo.[6]

Campeões absolutos

O termo absoluto é usado para diferenciar o campeão estadual pleno dos campeões de categorias específicas, como veterano, feminino, infantil, juvenil etc.[carece de fontes?]

Diversos campeões gaúchos tornaram-se nomes de destaque no xadrez brasileiro, obtendo resultados expressivos em competições nacionais. Além dos já citados, merecem ser lembrados os fortes enxadristas Pio Fiori de Azevedo, Rogério Sperb Becker, Ivan Boere de Souza, Luiz Ney Menna Barreto, Fabiano Prates, Eduardo Muñoa e Allan Gattass.[7] Ivan Boere, Luiz Ney, Prates e Gattass também obtiveram o título de MF, Mestre da Federação Internacional (o terceiro mais importante, após Grande Mestre e Mestre Internacional). Gattass também sagrou-se vice-campeão estadual em São Paulo, em 2010.[8]

Houve debate sobre o campeonato disputado em 1991. Naquele ano, a final reuniria os quatro classificados na semifinal e os dois maiores ratings do estado.[nota 3] Trois e Paulo Sérgio Oliveira, os dois primeiros do ranking, declinaram o convite para a final. Assim, foram chamados os 3º e 4º colocados, Eduardo Palmeira Fº e Antônio Rogério Crespo. Ambos aceitaram jogar a final, que foi vencida por Crespo. Sérgio Ferreira, outro dos finalistas, questionou a legitimidade dessa vitória porque Crespo também participara da semifinal e não se classificara. O caso foi julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva da FGX, que confirmou o título de Crespo por sete votos a zero. Ferreira recorreu à CBX, que manteve a decisão da FGX.[9]

No ano de 1992 constam dois campeões. Não se trata de empate, mas sim correção do calendário. O então presidente da FGX, Egon Klein, verificou que atrasos na realização de campeonatos anteriores fizeram com que o título em disputa fosse sempre o do ano anterior. Por essa razão, o campeonato de 1973 constava como tendo um campeão desconhecido quando, na verdade, foi jogado com atraso no ano seguinte. Para corrigir essa distorção, em 1992 houve dois campeonatos. Um no início do ano, vencido por Sérgio Ferreira e que representava o título de 1991. E outro ao final do ano, vencido por Paulo Sérgio, que efetivamente valia o campeonato de 1992.[nota 4]

A competição de 1978 terminou empatada e não houve desempate, com o título dividido entre Crespo e Everard.[10]

O vencedor do campeonato de 2008, Felipe Kubiaki Menna Barreto, é filho do também campeão estadual Luiz Ney Menna Barreto.

Em diversas oportunidades, o campeão conclui a competição invicto. São exemplos desse desempenho as campanhas de Mecking (1964), Luiz Ney (1986), Paulo Sérgio (1992) e Allan Gattass (2007).

AnoCampeão
1944Túlio Zoratto
1945Abrahão Lewinson
1946Maurício Eidelmann
1947Erich Eliskases
1948Erich Eliskases
1949Salomão Saidenberg
1950José Antônio Oliveira
1951Nilde Garrido
1952Salomão Saidenberg
1953Carlos Peixoto
1954Fernando Caldas Kruel
1955não houve campeonato
1956Carlos Peixoto
1957Carlos Peixoto
1958Arrigo Prosdocimi
1959Pio Fiori de Azevedo
1960Pio Fiori de Azevedo
1961Pio Fiori de Azevedo
1962Carlos Alberto Alvaro de Oliveira
1963Carlos Peixoto
1964Henrique Costa Mecking
1965Neri Silveira
1966Antônio Rocha
1967Francisco Ricardo Terres Trois
1968Mario Everard Júnior
1969Francisco Ricardo Terres Trois
1970Francisco Ricardo Terres Trois
1971Roberto Kampitz
1972Paulo Sérgio de Castro Oliveira
1974Edgar Pereira
1975Renato Midugno
1976Roberto Luiz Lemos
1977Mario Everard Júnior
1978Antônio Rogério Crespo
Mario Everard Júnior
1979Luiz Fasolo
1980Rogério Sperb Becker
1981Rogério Sperb Becker
1982Rogério Sperb Becker
1983Mário Rogério Iwakura
1984Ivan Boere de Souza
1985Luiz Ney Menna Bareto
1986Luiz Ney Menna Barreto
1987Paulo Sérgio de Castro Oliveira
1988Márcio Merg Vaz
1989Márcio Merg Vaz
1990Paulo Sérgio de Castro Oliveira
1991Antônio Rogério Crespo
1992Sérgio Antônio Ferreira
1992Paulo Sérgio de Castro Oliveira
1993Paulo Sérgio de Castro Oliveira
1994Fabiano Fortes Prates
1995André Freitas
1996André Freitas
1997não houve campeonato
1998Átila Fernandes
1999Francisco Horacio Dejeanne
2000Fabiano Fortes Prates
2001Rogério Sperb Becker
2002Eduardo Muñoa da Silva
2003Carlos Born
2004Fabiano Fortes Prates
2005Eduardo Muñoa da Silva
2006Rodrigo Bruscato
2007Allan Gattass
2008Felipe K. Menna Barreto
2009Paulo Sérgio de Castro Oliveira
2010Rodrigo da Silva Borges
2011Carlos Born
2012Eduardo Muñoa da Silva
2013Anderson Donay Martins
2014Marcelo Alves Burgos
2015Rodrigo da Silva Borges
2016Dayan Khun Deste
2017Anderson Martins
2018Vitor Hugo Ferreira
2021Vitor Hugo Ferreira
2022Rodrigo da Silva Borges

Campeões juvenis

O campeonato estadual juvenil não vem sendo organizado há alguns anos, mas nas décadas de 1980 e 1990 era a segunda competição mais importante do estado, classificando os dois primeiros colocados para o campeonato nacional da categoria e também concedendo vaga na fase final do campeonato gaúcho.[carece de fontes?]

AnoCampeãoVice-campeão
1986Márcio VazKleber Zimmermann
1987Kleber ZimmermannMárcio Vaz
1988Álvaro PadilhaRui Richter
1989Anderson VieiraMarco Borges
1990Miguel Ângelo SantosIgor Freiberger
1991Marco BorgesFabiano Prates
1992Fabiano Prates

Revista Mate de Peão

Em 1994, sob a direção de Egon Klein, a FGX lançou a revista Mate de Peão, publicação mensal destinada a divulgar os eventos locais e também informar os enxadristas sobre competições nacionais e internacionais. A revista era a evolução do Boletim da FGX, informativo distribuído gratuitamente desde 1992 e que teve 12 edições.[11]

A Mate de Peão não foi a primeira iniciativa desse tipo no estado já que em 1971 o enxadrista Claudecir Pacheco lançou a revista Nosso Xadrez, também em Porto Alegre. Contudo, ao passo que a Nosso Xadrez durou menos de um ano e apenas cinco edições, a revista Mate de Peão circulou durante mais de três anos e teve 27 edições. Quando sua publicação foi interrompida, somava mais de 300 assinantes – números de destaque considerando a escassa circulação obtida por revistas do gênero no Brasil.

Neste mesmo período, a FGX estabeleceu convênio com a empresa alemã ChessBase GmbH, propiciando a filiados e assinantes a aquisição de programas de xadrez a preços promocionais. O convênio se baseou em condição tributária favorável vigente na época – o software era equiparado ao livro e não pagava imposto de importação. Isso permitiu que programas como Fritz e ChessBase chegassem aos enxadristas de forma legalizada e com preços mais baixos.[nota 5]

A Mate de Peão era mantida apenas com a venda de assinaturas e teve prontos os originais das edições 28 e 29, que não chegaram a circular devido a problemas enfrentados pela federação na época. Foi dirigida por Egon Klein e Antonio Rogério Crespo (edições 01 a 04), Egon Klein (edições 05 a 12) e Igor Freiberger (edições 13 a 29).[12]

Notas e referências

Notas

  1. Os clubes fundadores foram enunciados no art 2º do primeiro estatuto da entidade.
  2. A FIDE, Federação Internacional de Xadrez, concede títulos aos jogadores que obtêm desempenhos de alto nível em três ou mais torneios, o que é calculado conforme o ranking dos adversários enfrentados. Os títulos são de Grande Mestre Internacional (abreviado como GM, o mais importante), Mestre Internacional (MI) e Mestre da FIDE (MF). Federações nacionais podem conceder títulos de mestre nacional ou regional.
  3. O rating é o sistema de pontuação que define o ranking no xadrez.
  4. A cobertura do campeonato de 1992, com o esclarecimento sobre o ajuste no calendário, foi publicada no número 08 do Boletim da FGX.
  5. Conforme documentação da Diretoria de Divulgação da FGX, gestão 1995–1996. Dois outros convênios internacionais foram também firmados nesse período. Um com a editora Batsford para publicar em português o famoso livro My 60 Memorable Games, do ex-campeão mundial Bobby Fischer. O outro possibilitava a importação de relógios digitais da fabricante holandesa DGT. Ambas tratativas foram interrompidas em julho de 1996 quando o então presidente deixou a entidade sem completar o mandato.

            Referências

            1. KLEIN, Egon. Xadrez – a guerra mágica. Canoas: Editora da Ulbra, 2003, pp. 152-167.
            2. KLEIN, Egon. Op. cit.
            3. KLEIN, Egon. Op. cit., pp. 231-232; enxadrista Igor Freiberger.
            4. FEDERAÇÃO GAÚCHA DE XADREZ. Boletim da FGX, nº 01 a 12, e Revista Mate de Peão, nº 01 a 27. Porto Alegre: FGX, 1992-1996; METRÓPOLE XADREZ CLUBE.Metrópole Informa, nº 01 a 61. Porto Alegre: Metrópole XC, 1989-1994.
            5. COSTA, Waldemar. História do campeonato brasileiro de xadrez (dois volumes). Rio de Janeiro: Edição do autor, 1994.
            6. D'AGOSTINI, Orfeu. Xadrez básico. São Paulo: Ediouro, 1981; COSTA, Waldemar. Op. cit.
            7. COSTA, Waldemar. Op. cit.; FEDERAÇÃO GAÚCHA DE XADREZ. Op. cit.; enxadrista Igor Freiberger.
            8. «Santos 2010 - 68° Campeonato Paulista». www.brasilbase.pro.br. Consultado em 2 de maio de 2019
            9. METRÓPOLE XADREZ CLUBE. Metrópole Informa, nº 26 e 36. Porto Alegre: MXC, 1991.
            10. COSTA, Waldemar. Revista Caissa. Rio de Janeiro: Caissa, 1978.
            11. FEDERAÇÃO GAÚCHA DE XADREZ. Boletim da FGX, nº 01 a 12. FGX: Porto Alegre, 1992-1993.
            12. KLEIN, Egon. Op. cit.; FEDERAÇÃO GAÚCHA DE XADREZ. Op. cit.; enxadrista Igor Freiberger.

            Ligações externas

            Clubes de Porto Alegre:

            Clubes de outras cidades:


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