Sultanato Gúrida

Sultanato Gúrida ou Império Gúrida foi um Estado persianizado fundado em torno da região de Gur, no atual Afeganistão, cuja origem étnica é presumida ser tajique.[9][10][11] Foi fundado pelos gúridas ou góridas, uma dinastia oriunda da família Xansabani que tinha Gur como sua base de poder local.[12] Converteram-se do budismo[5] ao islamismo sunita[6] depois da conquista de Gur pelo sultão Mamude (r. 998–1030) no ano 1011.[12] Os gúridas eventualmente destruíram o Império Gasnévida em 1186 quando o sultão Muizadim Maomé (r. 1173–1206) conquistou Laore do sultão Cosroes Maleque (r. 1160–1186).[13]

Sultanato Gúrida

Império Gúrida

Império

Antes de 809 — 1215 

Sultanato Gúrida ca. 1200
Continente Ásia
Capitais
Países atuais

Línguas oficiais Persa (corte)[4]
Religião

Maleque/Sultão
 século IX  Amir Suri[7]
 1214–1215  Aladim Ali[8]

Período histórico Idade Média
 Antes de 809  Fundação
 1215  Dissolução

Em seu apogeu, o Sultanato Gúrida abrangia o Grande Coração no oeste e alcançou o norte da Índia até Bengala, no leste.[14] A sua primeira capital foi Firoscu em Mandes,[1] que mais tarde foi substituída por Herate,[2] e finalmente Gásni.[3] Os gúridas eram patronos da cultura e herança persa.[15] Foram sucedidos no Coração e Pérsia pelo Império Corásmio da Corásmia, e no norte da Índia pela dinastia mameluca do Sultanato de Déli.[16]

Origens

No século XIX, alguns estudiosos europeus como Mountstuart Elphinstone favoreciam a ideia de que os gúridas eram os pastós de hoje,[17][18][19] mas isso é geralmente rejeitado por estudos modernos e, conforme dito por G. Morgenstierne na Enciclopédia do Islã, é por "várias razões muito improvável".[20] Em vez disso, os estudiosos presumem que a dinastia era de origem tajique. C. E. Bosworth ainda aponta que o nome real dos gúridas, Al e Xansabe (persianizado como Xansababi), que é uma pronúncia árabe do nome originalmente em persa médio Uisnaspe.[7] Seja como for, a região do Guristão permaneceu habitada sobretudo por budistas até o século XI, quando foi islamizada com as invasões realizadas pelo Império Gasnévida.[5]

Língua

A língua nativa dos gúridas era aparentemente diferente da língua da corte, o persa. Abu Alfadle Baiaqui, o famoso historiador da era gasnévida, escreveu na página 117 em seu livro História de Baiaqui: "O sultão Maçude I de Gásni partiu para o Guristão e enviou o seu culto companheiro com duas pessoas de Gur como intérpretes entre esta pessoa e as pessoas daquela região." Porém, como os samânidas e os gasnévidas, os gúridas foram grandes patrocinadores da literatura, poesia e cultura persas e as promoveram em suas cortes como se fossem suas. Escritores de livros coetâneos referem-se a eles como "gúridas persianizados".[15] Não há nada que confirme a recente suposição de que os habitantes de Gur eram originalmente falantes de pastó, e as alegações da existência de poesia pastó (como em Pata Cazana) do período gúrida são infundadas.[8][20]

Lista de sultões

Segue a lista de sultões:[21]

  • Suri ibne Maomé (segunda metade do século IX)?
  • Maomé ibne Suri (r. ?–1011)?
  • Abu Ali ibne Maomé (r. 1011–1035)
  • Abas ibne Xite (r. 1035–1060)
  • Maomé ibne Abas (r. 1060–1080)?
  • Cobadim Haçane (r. 1080–1110)
  • Izadim Huceine ibne Haçane (r. 1110–1146)
  • Ceifadim Suri (r. 1146–1149)
  • Badim Sã I (r. 1149)
  • Aladim Huceine (r. 1149–1161)
  • Ceifadim Maomé (r. 1161–1163)
  • Guiatadim Maomé (r. 1163–1202)
  • Muizadim Maomé (r. 1173–1206)
  • Guiatadim Mamude (r. 1206–1212)
  • Badim Sã III (r. 1212–1213)
  • Aladim Atesiz (r. 1213–1214)
  • Aladim Ali (r. 1214–1215)

Referências

  1. Universidade de Colúmbia 2004.
  2. Thomas 2007, p. 117.
  3. Bloom 2009, p. 108.
  4. Bosworth 1968, p. 35.
  5. Chandra 2006, p. 22.
  6. Nizami 1998, p. 178.
  7. Bosworth 2001, p. 586.
  8. Bosworth 2001, p. 589.
  9. Flood, Finbarr Barry. Objects of translation : material culture and medieval "Hindu-Muslim" encounter. Princeton: Princeton University Press. p. 92. ISBN 978-0-691-18074-8. OCLC 276340690
  10. Avari, Burjor (2013). Islamic civilization in South Asia : a history of Muslim power and presence in the Indian subcontinent. London: Routledge. p. 41. ISBN 978-0-415-58061-8. OCLC 731925014
  11. Bosworth 2001, p. 586-587.
  12. Bosworth 2001, p. 587.
  13. Bosworth 2001, p. 587-588.
  14. Bosworth 2001, p. 588.
  15. Flood 2009, p. 13.
  16. Bosworth 2001, p. 588-589.
  17. Elphinstone 1841, p. 598-599.
  18. Balfour 1885, p. 392.
  19. Wheeler 1884, p. 77.
  20. Morgenstierne 1986, p. 217.
  21. Baumer 2018, p. 316-317.

Bibliografia

  • Balfour, Edward (1885). The Cyclopædia of India and of Eastern and Southern Asia: Commercial, Industrial and Scientific, Products of the Mineral, Vegetable, and Animal Kingdoms, Useful Arts and Manufactures. Londres: B. Quaritch
  • Baumer, Christoph (2018). History of Central Asia, The: 4-volume set. Nova Iorque: I.B.Tauris
  • Bloom, Jonathan M.; Blair, Sheila S. (2009). Grove Encyclopedia of Islamic Art & Architecture: Three-Volume Set. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia
  • Bosworth, C. E. (1968). «The Development of Persian Culture under the Early Ghaznavids». Abingdon: Taylor & Francis, Ltd. Iran. 6: 33-44
  • Bosworth, C. E. (2001). «GHURIDS». Enciclopédia Irânica Vol. X, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 586–590
  • Chandra, Satish (2006). Medieval India:From Sultanat to the Mughals-Delhi Sultanat (1206-1526). Nova Déli: Har-Anand
  • Elphinstone, Mountstuart (1841). The History of India, Volume 1. Londres: John Murray
  • Flood, Finbarr Barry (2009). Objects of Translation: Material Culture and Medieval "Hindu-Muslim" Encounter. Princeton: Imprensa da Universidad de Princeton
  • Morgenstierne, G. (1986). «AFGHĀN». In: Gibb, H. A. R.; Kramers, J. H.; Lévi-Provençal, E.; Schacht, J. Encyclopaedia of Islam Vol. I A-B. Leida e Nova Iorque: Brill
  • Nizami, K. A. (1998). Asimov, M. S.; Bosworth, C. E., ed. History of Civilizations of Central Asia Vol. IV - The Age of achievement: A.D. 750 to the end of the fifteenth century. Part One - The historical, social and economic setting. Paris: UNESCO
  • Thomas, David (2007). «Firuzkuh: the summer capital of the Ghurids». In: Bennison, Amira K.; Gascoigne, Alison L. Cities in the Pre-modern Islamic World: The Urban Impact of Religion, State and Society. Londres e Nova Iorque: Routledge. pp. 115–144
  • Wheeler, J. Talboys (1884). A Short History Of India. Londres: MacMillan


This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.