Grande Croácia

Grande Croácia (em croata: Velika Hrvatska) é um termo aplicado a certos ramos do nacionalismo irredentista croata.

Máxima extensão dos territórios reclamados pelos nacionalistas croatas que almejam implantar a Grande Croácia

O termo tem sido uma plataforma para o extremo nacionalismo croata durante a maior parte do século XX, especialmente quando o país pertenceu ao Reino da Iugoslávia, durante a Segunda Guerra Mundial (quando os croatas se aliaram a Alemanha nazista para criar-se o Estado Independente da Croácia) e durante as Guerras Iugoslavas na década de 1990, que culminou com a independência da Croácia.

História

Acordo de Cvetković–Maček

Em meio a crescentes tensões étnicas entre croatas e sérvios na década de 1930, uma Grande Croácia autônoma no seio do Reino da Iugoslávia, o chamado Banovina da Croácia, foi pacificamente negociado no parlamento iugoslavo pelo Acordo de Cvetković–Maček de 1939. A Croácia foi unida numa única unidade territorial e foi oferecido territórios de partes da atual Voivodina, tanto a Posavina e partes do sul da atual Bósnia e Herzegovina.

Estado Independente da Croácia

O primeiro desenvolvimento de uma moderna "Grande Croácia" surgiu com o estabelecimento do Estado Independente da Croácia (em croata: Nezavisna Država Hrvatska NDH) após a ocupação do país pelas forças do Eixo em 1941 quando, Slavko Kvaternik, vice-líder dos Ustaše proclamou o estabelecimento do NDH.

O Ustaše, um movimento fascista[1] fundado em 1929 apoiou uma Grande Croácia, que se estenderia até o rio Drina e à extremidade de Belgrado.[2] Ante Pavelić, o Poglavnik do Ustaše (líder) estava em negociações com a Itália fascista desde 1927. Estas negociações incluíram o apoio de Pavelić a anexação da Itália ao seu território reivindicado na Dalmácia, em troca de um apoio da Itália a uma Croácia independente.[3] Além disso, Benito Mussolini ofereceu a Pavelić o direito da Croácia de anexar toda a Bósnia e Herzegovina; Pavelić concordou com esta troca.

Guerra da Bósnia

A manifestação mais recente de uma Grande Croácia surgiu na sequência da dissolução da Iugoslávia. Quando a multiétnica República Iugoslava da Bósnia e Herzegovina declarou sua independência em 1992, os representantes políticos sérvios bósnios, que boicotaram o referendo, estabeleceram seu próprio governo na República Srpska, depois que suas forças atacaram a República da Bósnia e Herzegovina.

A subsequente guerra foi principalmente um conflito territorial, inicialmente entre o Exército da República da Bósnia e Herzegovina e forças bósnios croatas, de um lado, e as forças bósnias sérvias, por outro. No entanto, os croatas também visam garantir partes da Bósnia e Herzegovina para a Croácia.[4] Com o Acordo de Karađorđevo em 1991 entre o presidente croata Franjo Tuđman e o presidente sérvio Slobodan Milošević, e com o Acordo de Graz em 1992, as lideranças políticas sérvias e croatas concordaram em uma partição da Bósnia, resultando na virada das forças croatas para o Exército da República da Bósnia e Herzegovina, que levou à guerra croata-bosníaca.[5]

As políticas da Croácia e de Franjo Tuđman para a Bósnia e Herzegovina nunca foram totalmente transparentes e sempre incluíram o objetivo de Tuđman de expandir as fronteiras da Croácia.[4][6] Após a morte de Tuđman, seu sucessor, Stjepan Mesić, revelou milhares de documentos e fitas de áudio gravadas por Tuđman sobre seus planos em relação à Bósnia e Herzegovina.[7][8] As fitas revelam que tanto Milošević como Tuđman ignoraram compromissos de respeitar a soberania da Bósnia, mesmo após a assinatura do Acordo de Dayton.[7][8] Em uma conversação, Tuđman disse a um oficial: Vamos fazer um acordo com os sérvios. Nem a história, nem a emoção nos Bálcãs permitirá o multinacionalismo. Temos de dar até a ilusão dos últimos oito anos... Dayton não está funcionando. Ninguém, exceto diplomatas e autoridades insignificantes - acreditam em uma Bósnia soberana e nos acordos de Dayton.[8]

Referências

  1. «Ustasa (Croatian political movement) - Britannica Online Encyclopedia». Britannica.com
  2. Meier, Viktor (23 de Julho de 1999). Yugoslavia: a history of its demise. [S.l.]: Psychology Press. p. 125. ISBN 978-0-415-18595-0. Consultado em 23 de Dezembro de 2011
  3. Bernd Jürgen Fischer, ed. (Março de 2007). Balkan strongmen: dictators and authoritarian rulers of South Eastern Europe. [S.l.]: Purdue University Press. p. 210. ISBN 978-1-55753-455-2. Consultado em 23 de Dezembro de 2011
  4. «International Tribunal for the Prosecution of Persons Responsible for Serious Violations of International Humanitarian Law Committed in the Territory of Former Yugoslavia since 1991 Case No. IT-98-34-T» (PDF). International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia. 31 de Março de 2003. Consultado em 23 de Dezembro de 2011
  5. Laura Silber; Allan Little (1997). Yugoslavia: death of a nation. [S.l.]: Penguin Books. p. 185. ISBN 978-0-14-026263-6. Consultado em 23 de Dezembro de 2011
  6. André Klip; Göran Sluiter (2005). Annotated leading cases of international criminal tribunals: The International Criminal Tribunal for the Former Yugoslavia 2001. [S.l.]: Intersentia nv. p. 279. ISBN 978-90-5095-375-7. Consultado em 23 de Dezembro de 2011
  7. Sherwell, Philip; Petric, Alina (18 de junho de 2000). «Tudjman tapes reveal plans to divide Bosnia and hide war crimes». London: Telegraph.co.uk. Consultado em 2 de Maio de 2010
  8. Lashmar, Paul; Bruce, Cabell; Cookson, John (11 de janeiro de 2000). «Secret recordings link dead dictator to Bosnia crimes». London: Independent News. Consultado em 2 de Maio de 2010

Ligações externas

This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.