História da Arábia Saudita

Exceto por algumas cidades e oásis significativos, o clima árido tem sido um obstáculo histórico ao estabelecimento de comunidades na Península Árabe. Povos de várias culturas têm vivido na península ao longo de mais de 5 000 anos. A cultura Dilmun, ao longo da costa do golfo Pérsico, era contemporânea dos sumérios e os antigos egípcios, e a maior parte dos impérios do mundo antigo estabeleceu trocas comerciais com os estados da península.

A fundação do islã por Maomé na década de 620 e a subsequente importância religiosa das cidades árabes de Meca e Medina concederam aos governantes desse território considerável influência além da península.

O Estado Saudita surge na Arábia Central em 1744. Um chefe local, Muhammad bin Saud, uniu forças a um reformador do Islã, Muhammad Abd Al-Wahhab, para criar uma nova entidade política. Por quase 150 anos, as riquezas da família Saud cresceram ou se perderam diversas vezes enquanto os chefes Saudis lutavam com o Egito, com o Império Otomano, e outras famílias da Arábia pelo controle da península. O moderno Estado Saudita foi fundado pelo último rei Abdelazize ibn Saud.

Em 1902, Abdelazize ibn Saud capturou Riade, a capital ancestral da dinastia de al-Saud à família rival Rashid. Continuando estas conquistas, Abdelazize subjugou al-Hasa, o resto do Néjede e do Hejaz entre 1913 e 1926. A 8 de Janeiro de 1926 Abdelazize ibn Saud torna-se rei do Hejaz. A 29 de Janeiro de 1927 ele tomou o título de rei do Néjede (seu título anterior era sultão). Pelo Tratado de Gidá, assinado a 20 de Maio de 1927, o Reino Unido reconheceu a independência do reino de Abdelazize (então conhecido como Reino de Hejaz e Néjede). Em 1932, estas regiões foram unificadas como o Reino da Arábia Saudita. A descoberta de petróleo em 3 de Março de 1938 transformou o país.

Quartel general da Aramco em Dhahran, a empresa nacional de petróleo

As fronteiras com a Jordânia, o Iraque, e o Kuwait foram estabelecidas por uma série de tratados negociados nos anos de 1920, que criaram duas "zonas neutras" — uma com o Iraque e outra com o Kuwait. A zona neutra saudita-kuwaitiana foi administrada conjuntamente em 1971, com cada Estado partilhando igualitariamente os recursos petrolíferos da zona. Tentativas de acordo para o compartilhamento da zona neutra saudita-iraquiana chegaram a um termo em 1981, sendo finalizadas em 1983. A fronteira sul do país com o Iémen foi parcialmente definida em 1934 pelo Tratado de Taif, pondo fim a uma breve guerra fronteiriça entre os dois Estados. Um tratado adicional assinado em Junho de 2000 delineou porções da fronteira com o Iémen. A localização e status da fronteira da Arábia Saudita com os Emirados Árabes Unidos não está finalizada; a fronteira de facto reflete um acordo de 1974. A fronteira entra a Arábia Saudita e o Qatar foi definida em Março de 2001. A fronteira com Omã foi criada em 1932, com Omã tornando-se um país independente da Arábia Saudita.

O rei Abdelazize morreu em 1953 e foi sucedido pelo seu filho mais velho, Saud, que reinou por 11 anos, ele introduziu a televisão na Arábia Saudita. O rei Saud participou da guerra civil do Iémen a favor dos monarquistas, enquanto que o Egito ficou favorável aos republicanos. Em 1964, Saud abdicou em favor de seu meio-irmão, Faiçal, que havia servido como Ministro do Exterior. Em função de dificuldades fiscais, o rei Saud foi convencido a delegar, em 1958, a condução direta dos assuntos do governo Saudita a Faiçal como primeiro-ministro; Saud retomou brevemente o controle do governo entre 1960 e 1962. Em Outubro de 1962, Faiçal lançou um vasto programa de reformas que enfatizava o desenvolvimento econômico. Proclamado rei em 1964 por membros mais velhos da família real e por líderes religiosos, Faiçal continuou servindo também como primeiro-ministro. Esta prática tem sido utilizada pelos reis subsequentes.

A metade dos anos de 1960 trouxe pressões externas geradas por divergências entre a Arábia Saudita e o Egito com relação ao Iémen. Quando a guerra civil eclodiu em 1962 entre iemenitas realistas e republicanos, forças egípcias entraram no Iémen para apoiar o novo governo republicano, enquanto a Arábia Saudita auxiliava os realistas. As tensões diminuíram apenas após 1967, quando o Egito retirou suas tropas do Iémen.

Apesar de as forças sauditas não terem participado da Guerra Árabe-Israelense dos Seis Dias em Junho de 1967, o governo saudita proveu posteriormente o Egito, a Jordânia e a Síria com subsídios anuais apoiando suas economias. Durante a guerra árabe-israelense de 1973, a Arábia Saudita participou do boicote do petróleo árabe aos Estados Unidos e aos Países Baixos. Como membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a Arábia Saudita juntou-se a outros países-membros elevando moderadamente o preço do petróleo em 1971. Após a guerra de 1973, o preço do petróleo subiu substancialmente, aumentando de forma dramática a riqueza e a influência política da Arábia Saudita.

Em 1975 o rei Faiçal foi assassinado por um sobrinho que veio a ser executado depois que uma extensa investigação concluiu que ele havia agido sozinho. Faiçal foi então sucedido por seu meio-irmão Khalid tanto como príncipe quanto como primeiro-ministro; o outro meio-irmão de ambos, Príncipe Fahd foi nomeado Príncipe Herdeiro e Principal Primeiro Ministro. O rei Khalid delegou ao Príncipe Herdeiro Fahd a responsabilidade de supervisionar vários aspectos dos assuntos internacionais e domésticos do governo. O desenvolvimento econômico continuou rapidamente durante o reinado do rei Khalid e o reino assumiu um papel mais influente tanto na política regional como nas áreas de assuntos financeiros e da economia internacional.

Em Junho de 1982 o rei Calide faleceu e Fahd tornou-se rei e primeiro ministro numa suave transição. Um outro meio-irmão, Príncipe Abedalá, Comandante da Guarda Nacional Saudita, foi nomeado Príncipe Herdeiro e Principal Primeiro Ministro. O irmão do rei Fahd, Príncipe Sultan, então Ministro da Defesa e da Aviação, tornou-se Vice-Primeiro Ministro. Sob o rei Fahd, a economia saudita ajustou-se a divisas petroleiras muito mais baixas resultantes do declínio do preço global do petróleo. A Arábia Saudita apoiou a navegação neutra no Golfo durante períodos da guerra Irã-Iraque e ajudou a economia do Iraque exausto pela guerra. O rei Fahd empenhou um papel importantíssimo na realização do cessar-fogo de Agosto de 1988 entre o Iraque e o Irã assim como na organização e no fortalecimento do Conselho de Cooperação do Golfo (abreviado em inglês GCC), um grupo de seis países árabes dedicados à implementação da cooperação econômica regional e do desenvolvimento pacífico.

Em 1990-91, o rei Fahd desempenhou um papel-chave antes e durante a Guerra do Golfo: A Arábia Saudita acolheu a família real kuwaitiana além de 400,000 refugiados e ao mesmo tempo permitiu a colocação de tropas ocidentais e árabes em seu território para a liberação do Kuwait no ano seguinte. A ação do rei Fahd também consolidou a coalizão das forças contra o Iraque ajudou a definir o tom da operação como um esforço multilateral para o restabelecimento da soberania e da integridade territorial do Kuwait. Agindo como um ponto de encontro e porta-voz pessoal da coalizão, o rei Fahd ajudou a reunir os aliados de seu país no GCC, aliados ocidentais e árabes, assim como nações não alinhadas da África e as democracias emergentes da Europa Oriental. Ele usou sua influência como Guardião das Duas Mesquitas Sagradas para persuadir outras nações árabes e islâmicas a juntarem-se à coalizão.

O rei Fahd sofreu um infarto em Novembro de 1995. Desde 1997, o príncipe herdeiro Abedalá da Arábia Saudita assumiu muitas das responsabilidades rotineiras da condução do governo.

Uma população crescente, a exaustão dos recursos hídricos, e uma economia muito dependente da exportação e do preço do petróleo são as principais preocupações do governo. Tribos árabes como a tribo Otaiba tentaram ocupar Medina com apoio moral de Sheiks em protesto contra a venda de petróleio aos Estados Unidos e a favor de uma abertura política do regime para depois serem massacrados.[1] O governo saudita é um grande apoiador dos chechenos atualmente.[2][3]

Referências

  1. «Mecca». Global Security. 9 de julho de 2011. Consultado em 29 de dezembro de 2006
  2. Evans-Pritchard, Ambrose (27 de agosto de 2013). «Saudis offer Russia secret oil deal if it drops Syria» via www.telegraph.co.uk
  3. Walsh, Nick Paton (5 de dezembro de 2002). «Chechen rebels phoned Gulf during siege» via www.theguardian.com
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