Hospital Nossa Senhora de Pompéia

O Hospital Nossa Senhora de Pompéia[nota 1], conhecido simplesmente como Hospital Pompéia, é uma instituição hospitalar filantrópica sem fins lucrativos de Caxias do Sul, Brasil. Tem uma longa tradição, uma abrangência regional e é uma instituição de referência em várias especialidades.[1]

Hospital Pompéia.

História

Situado na Avenida Júlio de Castilhos, foi um dos primeiros hospitais caxienses, nascido através da iniciativa de um grupo de senhoras que se havia formado com o objetivo de angariar fundos para a construção do altar-mor da Igreja Matriz. Cumprido este objetivo, mas desejando manter um trabalho comunitário, o grupo constituiu em 12 de agosto de 1913 a Associação Damas de Caridade, presidida por Ignez Parolini Thompson, que decidiu se voltar para a assistência de doentes pobres, sob a supervisão do pároco da Matriz João Meneguzzi. Inicialmente os doentes eram atendidos em suas casas, mas logo se tornou necessário organizar um hospital. Foi adquirido o Palacete Rosa e adaptado para a função. Pouco depois as Damas compraram o pequeno hospital dos médicos Cesar Merlo e Henrique Fracasso e mais duas casas, todas vizinhas ao palacete. A nova instituição foi inaugurada em 24 de junho de 1920 e posta sob a direção do médico Rômulo Carbone, muito reputado na cidade, tendo as irmãs josefinas encarregadas da parte administrativa e dos cuidados de enfermaria.[2][1] Tinha capacidade para 60 leitos, sala de operação, farmácia e consultório.[1] Pacientes pobres eram atendidos gratuitamente, e os abonados pagavam taxas módicas.[3]

Uma das primeiras Diretorias das Damas de Caridade.
O prédio novo em obras, 1940

Em 1939 foram realizadas 3.269 internações de indigentes, 30.755 consultas gratuitas, 821 cirurgias complexas, 2.191 cirurgias simples, e 375 partos. Além disso, os hospital encaminhara medicamentos e auxílio a doentes em suas residências no valor de mais de 33 contos de réis, e dera roupas para indigentes no valor de mais de 12 contos de réis. Havia também assistência espiritual, o hospital era dotado de uma capela e um capelão, 138 adultos haviam sido encaminhados para a primeira comunhão, 38 casamentos foram realizados in extremis, e 81 batizados.[4] Os serviços totais prestados a indigentes haviam alcançado um valor de mais de 119 contos.[5]

O Palacete Rosa funcionou como o bloco principal até esta altura, quando suas instalações já eram pequenas para o crescente número de atendimentos.[6] Ainda em 1939 foi decidida a construção de uma sede nova e muito mais ampla, dotada de equipamentos modernos, com projeto do renomado arquiteto Joseph Lutzemberger de Porto Alegre.[3] O prédio novo foi inaugurado com grande solenidade em 25 de dezembro de 1940, com a presença do interventor federal Osvaldo Cordeiro de Farias, o prefeito Dante Marcucci e as bênçãos do bispo de Caxias Dom José Barea.[7] Em 1949 iniciaram as obras para uma ala nova.[8] O Palacete Rosa foi usado como anexo até meados da década de 1960, quando foi demolido para dar lugar a um grande bloco moderno.[6]

Em 1969 a administração foi transferida para leigos e se iniciou um processo de profissionalização, embora mantivesse um caráter filantrópico, e as Damas se concentraram no conforto material e espiritual dos doentes e na coleta de recursos, permanecendo como entidade mantenedora.[1] Segundo o historiador Ernesto Brandalise, "só Deus sabe quanta caridade foi feita. Todas as diretorias foram incansáveis e dedicavam grande parte do dia ao hospital. [...] Graças a estas Damas temos, com o apoio da autoridade eclesiástica, este monumento que orgulha Caxias do Sul".[9]

Ao longo dos anos o hospital passou por crises financeiras, situação agravada na década de 1980 com o descredenciamento do INAMPS da maioria dos hospitais da região, deixando o Pompéia como o único a atender a população carente. Com isso o hospital passou a enfrentar vários problemas, como a superlotação, precarização dos serviços e grande endividamento. Esse contexto começou a melhorar no fim da década com a entrada de uma nova administração, a Sociedade Beneficente São Camilo, em 1988.[10] Em 1997 o hospital obteve certificação do Sistema Único de Saúde.[11]

Em 2001 foi lançado o Projeto Amigos do Pompéia, que possibilitou a captação de muitos recursos e uma sensível melhora no atendimento e nos equipamentos. Nos anos seguintes foram inaugurados uma nova unidade de pronto atendimento, que recebeu Troféu Bronze no Prêmio Qualidade - RS; um banco de olhos; o Instituto do Câncer; o Instituto de Nefrologia; uma nova UTI, uma estação de tratamento de efluentes e um programa de residência médica, além de reformas e melhorias no laboratório, na ala do SUS, no pronto-socorro e no Instituto de Diagnósticos.[1][11]

Distinções e homenagens

Em 2003 os Correios do Brasil lançaram um selo comemorando os 90 anos do hospital.[1] Em 2012 recebeu da Câmara dos Deputados o Prêmio Dr. Pinotti por seus serviços na área da saúde da mulher.[12] Em 2013, comemorando seu centenário, o Hospital Pompéia foi o centro de festividades e homenagens, o prefeito agradeceu os serviços prestados ao longo de sua trajetória,[13] recebeu o Prêmio Virvi Ramos da Câmara de Vereadores,[14] e elogios na Assembleia Legislativa[11] e na Câmara dos Deputados.[15] A presidente das Damas de Caridade recebeu a Medalha da 53ª Legislatura da Assembleia Legislativa.[11] O jornal Pioneiro publicou uma grande série de reportagens recuperando sua história e assinalando os grandes serviços prestados à população.[16] Em 2019 sua Central de Materiais e Esterilização recebeu certificação Diamante da 3M.[17] Em 2022 estava na 25ª posição no ranking dos melhores hospitais do Brasil da revista Newsweek.[18]

Ver também

Notas

  1. De acordo com o Acordo Ortográfico em vigor desde 2009, o nome da instituição deveria ser grafado Hospital Nossa Senhora de Pompeia, sem acento.

    Referências

    1. Britz, Ana Júlia Sachet. "Pio Sodalício das Damas de Caridade dos Hospital Pompeia de Caxias do Sul". Laboratório de Políticas Públicas, Ações Coletivas e Saúde — UFRGS, s/d.
    2. Brum, Eliane de. "100 anos do Hospital Pompéia: a história das Damas de Caridade". Pioneiro, 09/05/2013
    3. "Construção do Novo Hospital N. S. de Pompeia". A Época, 26/03/1939, p. 2
    4. "Hospital N. S. de Pompeia". A Época, 10/12/1939, p. 2
    5. "Hospital de Caridade N. S. de Pompeia". A Época, 07/01/1940, p. 3
    6. Lopes, Rodrigo. "Memória: palacete das Damas de Caridade em 1947". Pioneiro, 09/04/2018
    7. "Solenemente inaugurado o Novo Hospital Nossa Senhora de Pompéia". A Época, 01/01/1941, p. 8
    8. "Novos e importantes melhoramentos no Hospital Nossa Senhora de Pompéia". Pioneiro, 30/04/1949, p. 1
    9. Brandalise, Ernesto A. Paróquia Santa Teresa - Cem Anos de Fé e História (1884 - 1984). EDUCS, 1985
    10. "100 anos do Hospital Pompéia: conheça a trajetória do administrador Hugo Pan". Pioneiro, 15/07/2013
    11. "Marisa Formolo homenageia os 100 anos do Hospital Pompéia em Grande Expediente". Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, 2013
    12. "Pompéia é um dos três hospitais do país a receber prêmio por serviços da saúde da mulher". Rádio Caxias, 29/05/2012
    13. "Hospital Pompéia: Prefeito participa da entrega das reformas da Unidade de Internação do SUS". Prefeitura de Caxias do Sul, 12/08/2013
    14. "Prêmio Virvi Ramos homenageia 100 anos do Hospital Pompéia". Rádio Caxias, 13/06/2013
    15. "Homenagem aos 100 anos do Hospital Pompéia, de Caxias do Sul, RS". Câmara dos Deputados, 02/09/2013
    16. "Jornal Pioneiro publica série especial em comemoração aos 100 anos do Hospital Pompéia". Grupo RBS, 03/05/2013
    17. "Setor do Hospital Pompéia recebe premiação internacional". Rádio Caxias, 10/10/2019
    18. Cooper, Nancy. "World's Best Hospitals 2022". Newsweek, 2022

    Ligações externas

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