Ilha Decepção

A Ilha Decepção ou Ilha Deceção pertence ao arquipélago das Shetland do Sul, na Antártida.[1] Suas coordenadas geográficas exatas são 62° 55' latitude sul e 60° 37' longitude oeste. Situada ao noroeste da península Antártica, é o principal vulcão ativo da bacia do estreito de Bransfield. É um foco de atividade sísmica e vulcânica da Antártida.

 Nota: Se procura pela ilha homônima na Oceania, veja Ilha Decepção (Nova Zelândia).
Localização da ilha Decepção.
Localização da Ilha Decepção nas Shetland do Sul.

Geografia

Pinguins na Ilha Decepção.
Entrada da Ilha Decepção, com a Ilha Livingston ao fundo.

Sendo o ponto mais alto de uma cratera vulcânica, sua forma é aproximadamente circular, com um diâmetro médio de 15 km. Estende-se por 18 km de norte a sul e 16 km de leste a oeste. Sua altitude máxima é de 540 msnm no monte Pond. A ilha abriga em seu interior uma grande baía chamada Foster, que possui uma estreita abertura de uns 150 m, chamada Foles de Netuno, que a comunica com o exterior.

A base desse vulcão, cuja erupção deu origem à ilha no período quaternário, se encontra a 850 m abaixo do nível do mar, com um diâmetro de 25 a 30 km. Mais de 50% da ilha está coberta por glaciares, menores que os que cobrem às ilhas vizinhas, em alguns casos cobertos pelos piroclastos gerados pelas erupções (glaciares negros).

No exterior da ilha destaca-se Ponta Froilán (Macaroni Point), ao nordeste. A rocha Ravn está na entrada da grande baía, que se abre ao sudeste.

Encontram-se na ilha vários lagos termais. A temperatura da água da baía Foster é muito superior à do mar ao exterior da ilha.

Controvérsias territoriais

A Argentina a inclui em seu Departamento das Ilhas do Atlântico Sul, parte da província da Patagônia. Para o Chile formam parte do Território Chileno Antártico e, para o Reino Unido, do Território Antártico Britânico. Contudo, essas reivindicações estão suspensas em virtude do Tratado Antártico.

História

Existe uma lenda sobre seu nome. Basicamente, diz respeito ao sentimento provocado à época pela crença de que existiam fabulosos tesouros de piratas e bucaneiros que jamais apareceram. O verdadeiro tesouro da ilha seja o porto natural protegido dos ventos e relativamente morno, que baleeiros e caçadores de focas utilizaram por muitos anos para criar uma lucrativa atividade comercial.

O norte-americano Nathaniel Palmer, vindo das Ilhas Malvinas, atracou na ilha. A atual baía Foster foi chamada pelos norte-americanos de Yankee-Harbor, nome descartado posteriormente.

Em 1820, o almirante Fabian Gottlieb von Bellingshausen, a serviço da Rússia, visitou e rebatizou Decepção, como fez com outras ilhas do grupo, chamando-a de Yaroslav.

Em 1829, o expedicionário Foster visita e estuda a ilha, realizando medições pendulares e magnéticas nos meses de março e janeiro.

Em 1839, o tenente norte-americano Charles Wilkes, visita a ilha e realiza estudos de estratégia naval. Nesse mesmo ano, o francês Jules Dumont D'Urville a bordo das embarcações Astrolabe e Zelee, faz a cartografia da ilha.

O governo do Chile aprovou em 1906 os estatutos da Sociedad Ballenera de Magallanes - organizada por Adolfo Andresen e Pedro A. de Brupne - que desde o ano anterior havia instalado sua base de operações em Decepção.

Em 1908, na sua segunda viagem à Antártida, o francês Jean-Baptiste Charcot visitou as companhias baleeiras norueguesas e chilenas. Um relatório de Charcot diz: "Falo extensamente com o senhor Andresen, quem me proporciona dados úteis e interessantes. Há aqui, em Decepção, três companhias de baleeiros: uma chilena e duas norueguesas; mas tirando alguns maquinistas chilenos, os duzentos habitantes atuais da estação são noruegueses. Uma das duas companhias norueguesas, possui (…) um vapor de 2000 toneladas aproximadamente, e chega das Malvinas; a outra possui duas fragatas de três mastros, velhos veleiros que chegaram do cabo da Boa Esperança, rebocados por suas pequenos vapores e, por fim, a Sociedade Baleeira de Magalhães , a mais bem montada, possui um vapor de 3000 toneladas sobre o qual estamos…".

No dia 3 de fevereiro de 1944, o Reino Unido estabeleceu uma base permanente na ilha, como parte da Operação Tabarin.

No dia 25 de janeiro de 1948, a Argentina instalou seu Destacamento Naval Decepción.

Em 1955, inaugurou-se a base chilena Pedro Aguirre Cerda.

Em 1961 o então presidente argentino, Arturo Frondizi visitou a ilha.

Em 1967, uma violenta explosão vulcânica destruiu as bases chilenas Pedro Aguirre Cerda e Gutiérrez Vargas, além da base britânica. As únicas fotografias aéreas que puderam ser recuperadas da explosão foram tiradas pelo contra-almirante IM reformado da Armada Chilena Pablo Wunderlich Piderit, que sobrevoou a área no momento exato da formação dos vulcões.

Atualmente funciona uma base argentina, Decepção, e uma espanhola, Gabriel de Castilla. Ambas funcionam apenas no verão.

Interesse científico

São cinco as zonas ou áreas assinaladas pelo Tratado Antártico como Zonas de Especial Interesse Científico:

  • Zona A: com estratos de vegetação espessa sob cinzas superficiais.
  • Zona B: com a flora mais variada da ilha. Zona de especial atividade sísmica.
  • Zona C: de substrato completamente novo, que surgiu na erupção de 1967.
  • Zona D: área de terra quente, onde se desenvolveram comunidades briófitas com espécies que não são encontradas em nenhuma outra parte da Antártida.
  • Zona E: atividade geotérmica múltipla com fundos colonizados por algas termofílicas.

Fauna

Os pinguins são muito abundantes na ilha e se localizam sobretudo na face sudoeste da ilha. Principalmente o pinguim-de-barbicha (Pygoscelis antarctica), que ocupa a maior parte do território.

Uma das aves mais comuns é o Stercorarius antarctica.

Referências

  1. «Ilha Decepção». Encyclopædia Britannica Online (em inglês). Consultado em 18 de novembro de 2019

Ligações externas

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