Ilha do Bananal

A Ilha do Bananal é a maior ilha genuinamente fluvial do mundo,[1][nota 1] com cerca de vinte mil quilômetros quadrados de área (1 916 225 hectares),[4] cercada pelos rios Araguaia e Javaés. Reserva ambiental brasileira desde 1959,[4] é considerada Reserva da Biosfera pela UNESCO desde 1993,[5] sendo também uma das zonas úmidas de importância internacional, classificadas pela Convenção de Ramsar.[5] A ilha localiza-se no estado brasileiro do Tocantins, estando subdividida entre os municípios de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pium. Bananal está na divisa de Tocantins com os estados do Mato Grosso (no rio Araguaia) e de Goiás (na porção sul do rio Javaés). Na foz do rio Javaés, localizada no extremo norte da ilha, está a tríplice divisa entre os estados de Tocantins, Mato Grosso e Pará. Essa região insular posiciona-se entre as latitudes 9°44'S e 12°49'S e entre as longitudes 49°52'O e 50°44'O.

Ilha do Bananal

Localização no estado do Tocantins
Geografia física
País  Brasil
Localização 11° 20' S 50° 25' O
Área 20 000 (49º)  km²

Imagem de satélite da Ilha do Bananal (à dir.) no encontro do rio das Mortes (esq.) com o rio Araguaia (dir.), localizado logo ao sul da cidade de São Félix do Araguaia (MT). Esta imagem também abrange a Aldeia Tytema, localizada às margens do rio Araguaia, na porção centro-direita da imagem.

Parte da ilha é ocupada pela Terra Indígena Parque do Araguaia, a qual abrange toda a porção sul e boa parte da porção oeste de Bananal até a latitude da cidade de Santa Terezinha (MT); pelo Parque Nacional do Araguaia, que abrange as porções norte e nordeste da ilha; pela Terra Indígena Inãwébohona, que se sobrepõe ao Parque Nacional do Araguaia, estando localizada na porção nordeste da ilha;[4] e pela Terra Indígena Utaria Wyhyna/Iròdu Iràna, que também se sobrepõe ao Parque Nacional do Araguaia e está localizada na porção norte da ilha. Deste modo, toda a Ilha do Bananal é considerada pela constituição federal como terra da união, sendo o maior complexo de reservas existente no estado do Tocantins. Os povos indígenas que vivem na Ilha do Bananal, são: os Carajás, os Javaés, os Tapirapés, os Tuxás e os Avá-Canoeiros (mais conhecidos na região pelo apelido de Cara-Preta).

As estradas que dão acesso ao interior da Ilha do Bananal são a rodovia BR-242 (mais conhecida neste trecho como Transbananal), a Transaraguaia (extensão não oficial da TO-255), além de uma estrada sem nome que liga a Aldeia Santa Isabel do Morro ao extremo sul da ilha, margeando o rio Araguaia e o rio Caracol.

História

Panorama do rio Araguaia na Ilha do Bananal.

Descoberta em 26 de julho de 1773 pelo sertanista José Pinto Fonseca, a ilha recebe inicialmente o nome de "ilha Sant'Ana".[4][6] Posteriormente, passa a se chamar apenas Bananal, em razão da existência de extensos bananais.[4][6]

A ilha abriga cerca de quinze aldeias indígenas, sendo a maior delas a Aldeia Santa Isabel do Morro, localizada bem próximo à cidade de São Félix do Araguaia, Mato Grosso.

Clima e hidrografia

O clima tropical quente semiúmido, com temperaturas máximas de 38 °C nos meses de agosto a setembro e mínimas de 22 °C em julho, predomina. Duas estações são nitidamente marcadas na ilha: o inverno, de novembro a abril, em que predominam as chuvas, e o verão, de maio a outubro, na qual ocorre o período da seca. A umidade relativa do ar registrada nas estações mais definidas gira em torno dos 60% em julho e 80% nas épocas chuvosas.

Durante os meses de janeiro a março, época de cheia do rio Araguaia, parte da ilha permance inundada. As chuvas desse período correspondem a cerca de 50% do total anual.

A ilha é banhada pelos rios Araguaia, Javaés, Jaburu, Riozinho, Urubu, Randi-Toró, Barreiro, Vinte e Três e Mururé

Fauna e flora

A ilha é considerada um dos santuários ecológicos mais importantes do país por estar na faixa de transição entre a Floresta Amazônica e o cerrado, apresentando, assim, fauna e flora bastante diversificadas. A fauna tem espécies comuns ao Pantanal Mato-Grossense, como onça-pintada, boto, uirapuru, garça-azul e tartaruga-da-amazônia, entre outros.[4]

Na flora destacam-se vários gêneros de orquídeas terrestres e árvores como maçaranduba, piaçava e canjerana. Na região predominam os campos, conhecidos na região pelo nome de varjões. Aparecem ainda o cerrado, a mata seca de transição, as matas ciliares de igapó, vegetação das encostas secas e de bancos de areia.

Indígenas

Desde antes da descoberta do Brasil, Bananal é habitada por nativos. No presente, existem alguns grupos indígenas presentes nas aldeias da ilha, especialmente das etnias Karajá-Javaé, Avá-Canoeiro e Tapirapé, que ocupam a Terra Indígena Parque do Araguaia e a Terra Indígena Inãwébohona.

No interior da "Mata do Mamão", imensa floresta localizada no centro-norte da ilha, existe um pequeno grupo de Avá-Canoeiros que rejeitam qualquer tipo de contato com a civilização, inclusive com os indígenas das aldeias mais próximas. Esse é o único grupo de indígenas que até hoje permanece isolado da sociedade brasileira no Tocantins.

As seguintes aldeias do subgrupo Karajá estão dispostas às margens do rio Araguaia:

  • Aldeia Karajá Santa Isabel do Morro
  • Aldeia Karajá Fontoura
  • Aldeia Karajá Macaúba
  • Aldeia Karajá Mirindiba
  • Aldeia Karajá Tytema
  • Aldeia Karajá JK
  • Aldeia Karajá Itxalá
  • Aldeia Karajá Axiwé
  • Aldeia Karajá Watau

As aldeias a seguir são do subgrupo Javaé e estão dispostas às margens do rio Javaés e do Riozinho:

  • Aldeia Javaé Waritaxi
  • Aldeia Javaé São João
  • Aldeia Javaé Wari-Wari
  • Aldeia Javaé Canoanã
  • Aldeia Javaé Cachoeirinha
  • Aldeia Javaé Barreira Branca
  • Aldeia Javaé Boa Esperança
  • Aldeia Javaé Txiodé
  • Aldeia Javaé Barra do Rio Verde
  • Aldeia Javaé Txuiri
  • Aldeia Javaé Boto Velho
  • Aldeia Javaé Imotxi

Áreas protegidas

Parque Nacional

Terras indígenas

Transbananal e Transaraguaia

Bananal é cortada de leste a oeste pela rodovia BR-242, que neste trecho é apenas uma precária estrada de terra em leito natural (sem revestimento primário ou aterro) que fica completamente intransitável no período de chuvas. O trecho da BR-242 que atravessa a Ilha do Bananal é popularmente conhecido na região como Transbananal.[7] Na Ilha do Bananal, a BR-242 faz a ligação entre a Aldeia Txuiri (no rio Javaés), a Aldeia Imotxi (no rio Riozinho) e as aldeias Watau e JK (no rio Araguaia), havendo ainda uma pequena extensão não oficial que segue até a Aldeia Santa Isabel do Morro. Nos últimos anos, a Transbananal vem se tornando alvo de uma grande polêmica, já que há um projeto orçado em 650 milhões de reais para pavimentar este trecho da BR-242 que passa por dentro da Terra Indígena Parque do Araguaia.[7]

Além da BR-242, há ainda a Transaraguaia, que na verdade é uma extensão não oficial da rodovia TO-255. Esta estrada possui apenas 13 km de extensão, estando totalmente localizada dentro da Terra Indígena Inãwébohona e do Parque Nacional do Araguaia, na porção nordeste da ilha. A Transaraguaia se inicia na travessia do rio Javaés na Fazenda Barreira da Cruz; passa pelo entroncamento de acesso à Aldeia Boto Velho, e segue margeando o rio Mururé até acabar abruptamente no interior da ilha. A construção da Transaraguaia foi iniciada em 1984 pelo então Governo de Goiás, tendo terminado logo após, devido aos protestos organizados pelos índios da região e por funcionários do antigo IBDF. Segundo o seu projeto original, a Transaraguaia deveria ligar a cidade de Lagoa da Confusão (TO) ao município de Santa Terezinha (MT).

Ver também

Notas

  1. A Ilha de Marajó, apesar de fluviomarinha, às vezes é citada como maior ilha fluvial do mundo.[2] A ilha Tupinambarana vem logo após Bananal.[3]

    Referências

    1. Editores da Britannica (2008). «Bananal Island». Encycl. Britannica. Consultado em 3 de setembro de 2015
    2. Da redação (2015). «Ilha do Marajó». Guia Fodor's travel – Brazil. Consultado em 4 de setembro de 2015
    3. Editores do sítio web (2015). «Tupinambá». Britannica Escola online. Consultado em 4 de setembro de 2015
    4. Adm. Itamaraty (2013). «O estado de Tocantins» (PDF). Arquivos do Itamaraty. Consultado em 4 de setembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016
    5. Adm. da Unesco (24 de agosto de 2009). «List of Biosphere Reserves which are wholly or partially World Heritage sites and Ramsar Wetlands» (PDF). Unesco. Consultado em 3 de setembro de 2015
    6. Manoel Rodrigues Ferreira (1950). Terras e índios do Alto Xingu. [S.l.]: Edições Melhoramentos. 158 páginas
    7. Da redação (18 de dezembro de 2011). «TO e MT assinam protocolo de intenções sobre a pavimentação da Transbananal». Conexão Tocantins. Consultado em 3 de setembro de 2015

    Ligações externas

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