Imigração ucraniana em Portugal

Os ucranianos constituem atualmente a segunda maior comunidade estrangeira residente em Portugal, com 44.074 imigrantes documentados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em 2012, sendo apenas inferior à comunidade brasileira. Segundo os dados do SEF, este número representa uma quebra relativamente aos 62.448 ucranianos que residiam em Portugal em 2002, ano em que constituíam a maior comunidade imigrante em Portugal.[1]

História do processo migratório

Os ucranianos começaram a chegar a Portugal no final da década de 1990, tendo-se verificado um enorme crescimento nos primeiros anos do século XXI. Na fase inicial, entre 1999 e 2002, a imigração processou-se quer de forma organizada, com base em intermediários, quer através de redes internacionais ilegais de recrutamento de mão-de-obra, disfarçadas sob a forma de agências de viagem. Os imigrantes mais antigos entraram no país com vistos Schengen, válidos em toda a Área Schengen, e permaneceram em situação irregular até lhes serem concedidas autorizações de permanência.[1][2][3]

A partir de 2004, na sequência do decréscimo do investimento em grandes obras públicas, da recessão económica e da melhoria dos mecanismos de controlo da imigração clandestina, muitos ucranianos saíram do país.[1]

A partir de 2009, o declínio no número de imigrantes acentuou-se como consequência da crise económica verificada a partir de 2008, e igualmente devido à aquisição da nacionalidade portuguesa por parte de um número considerável de cidadãos ucranianos.[1][2]

Inicialmente, muitos imigrantes ucranianos tinham a intenção de permanecer em Portugal durante curtos períodos, tendo muitos deles partido. Contudo, muitos outros acabaram por optar por uma permanência mais prolongada. Entre estes, muitos decidiram estabelecer-se definitivamente no país, reunindo ou constituindo as suas famílias em Portugal e procurando o reconhecimento das suas habilitações académicas e profissionais, tendo como objetivo o acesso a empregos mais qualificados e mais bem-remunerados.[1]

A comunidade luso-ucraniana hoje

Embora o fluxo migratório inicial fosse de natureza laboral e predominantemente masculino, a componente feminina na comunidade ucraniana em Portugal aumentou substancialmente nos anos posteriores, nomeadamente por motivos relacionados com a reunificação familiar. Segundo os Censos de 2011, as mulheres representavam 49,2% da população ucraniana residente em Portugal, enquanto em 2001 eram somente 18,6%.

A população ucraniana em Portugal é relativamente jovem em comparação com a população portuguesa nativa. A média etária dos ucranianos residentes em Portugal é 34 anos, mais baixa do que a dos cidadãos portugueses, que é de 42,1 anos.

Os graus de instrução dos indivíduos em idade ativa (15-64 anos) são mais altos do que os da população de nacionalidade portuguesa. Segundo os Censos de 2011, 23,3% dos ucranianos em Portugal tinham o ensino superior completo, e apenas 9,7% tinham um nível de escolaridade inferior ao 3.º ciclo do ensino básico. Estes valores contrastam com os níveis de instrução da população portuguesa, que se situavam 16,6% e 40,6%, respetivamente.

Também de acordo com os censos de 2011, 71,1% da população ucraniana era economicamente ativa e 59,2% estava empregada, ao passo que 47% dos cidadãos portugueses eram economicamente ativos e apenas 41% tinham emprego.

A maioria dos ucranianos em Portugal trabalham em profissões de baixa qualificação e baixos salários, nomeadamente em serviços de limpeza, construção civil, indústrias transformadoras, serviços de transportes, hotelaria e restauração. No entanto, segundo um inquérito recente, verificou-se que alguns trabalhadores ucranianos têm conseguido obter empregos mais compatíveis com as suas qualificações académicas e profissionais.[1]

Referências

  1. «A Comunidade Ucraniana em Portugal». Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI). 26 de junho de 2014. Consultado em 13 de setembro de 2014. Arquivado do original em 13 de setembro de 2014
  2. «Portugal tem menos imigrantes». Diário de Notícias. 4 de julho de 2012. Consultado em 13 de setembro de 2014. Arquivado do original em 17 de outubro de 2012
  3. «Espaço Schengen e Tipos de Vistos Schengen». DGACCP. 2010. Consultado em 13 de setembro de 2014

Ligações externas

This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.