Jorge Furtado

Jorge Alberto Furtado (Porto Alegre, 9 de junho de 1959) é um cineasta brasileiro.

Jorge Furtado
Jorge Furtado
Jorge Furtado em dezembro de 2022.
Nome completo Jorge Alberto Furtado
Nascimento 9 de junho de 1959 (64 anos)
Porto Alegre, RS
Nacionalidade brasileiro
Ocupação cineasta e roteirista

Biografia

De formação parcialmente autodidata, cursou medicina, psicologia, jornalismo e artes plásticas, sem concluir nenhum dos cursos. Foi durante o curso de medicina na Fundação Católica (hoje UFCSPA) que Furtado descobriu o amor pelos filmes. Frequentava o Cine Bristol, na Avenida Osvaldo Aranha, em Porto Alegre, para ver trabalhos de diretores como Truffaut, Godard e Resnais. Foi ao ver Deu pra ti, anos 70 (1981), de Giba Assis Brasil e Nelson Nadotti, porém, que decidiu seguir esse caminho.[1]

Ao trocar a faculdade para jornalismo, começou a carreira profissional no início dos anos 1980, na TVE RS, onde foi repórter, apresentador, editor, roteirista e produtor. Em 1982 foi um dos criadores do programa semanal "Quizumba", que misturava ficção e documentário, com uma linguagem bastante ousada para a televisão pública da época. Com apenas 30 minutos de duração, porém, o programa demandava muito trabalho. Por isso, resolveu junto de colegas abrir sua própria produtora.[1]

De 1984 a 1986 foi diretor do Museu de Comunicação Social de Porto Alegre. No mesmo período, com José Pedro Goulart e Ana Luiza Azevedo, criou a empresa Luz Produções, com a qual realizou seus dois primeiros curtas e também produziu teatro. O primeiro curta, Temporal (1984), foi filmado em 35mm e baseado em um conto de Luis Fernando Verissimo. A partir de 1986 trabalhou com publicidade, tendo dirigido dezenas de comerciais para televisão até 1990.

Em 1987, foi um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, da qual é integrante até hoje. A nova empresa nasceu como uma cooperativa da Luz Produções com mais três produtoras, mas tornou-se uma só em 1991.[1] No período de vigência da Lei do Curta, alcançou grande sucesso de público e crítica com os filmes O dia em que Dorival encarou a guarda (1986), Barbosa (1988) e, principalmente, Ilha das Flores (1989), com os quais recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, inclusive no Festival de Berlim.

A partir de 1990 passou a trabalhar como roteirista para a TV Globo, em geral associado ao núcleo de Guel Arraes, com o qual escreveu e eventualmente dirigiu várias minisséries e dezenas de especiais.

Em 2002 estreou como diretor de longa-metragens com Houve uma vez dois verões. Mas foi com o segundo longa, O homem que copiava, que chegou ao grande público (mais de 600 mil espectadores nos cinemas) e recebeu vários prêmios, inclusive o Grande Prêmio Cinema Brasil, para o melhor filme brasileiro de 2003.

Ministrou vários cursos de roteiro para cinema e televisão, em parceria com seus colegas da Casa de Cinema (1989 e 1990) ou individualmente, no Festival de Inverno de Ouro Preto (1993 e 1995), na Fundação Cultural Banco do Brasil (1997) e na Escuela Internacional de Cine y Television de San Antonio de los Baños, Cuba (1999).

Festivais de vários países já realizaram retrospectivas e homenagens à obra de Jorge Furtado: em Hamburgo (1994), Rotterdam (1995), São Paulo (1997), Santa Maria da Feira (1998), Goiânia (2002), Toulouse (2004), Paris (2005), Londres (2006), Bruxelas (2006) e Punta del Este (2024)[2]. Em março de 2008, o Harvard Film Archive, ligado à Universidade de Harvard, promoveu a mostra "Jorge Furtado's Porto Alegre" Arquivado em 4 de junho de 2018, no Wayback Machine., com a exibição de 2 longas e 7 curtas.

Tem três filhos: Pedro, Julia e Alice.

Filmografia

Cinema

AnoTítuloFunçãoNotas
1984TemporalDiretor e roteiristaCurta-metragem
1986O Dia em que Dorival Encarou a Guarda
1988Barbosa
1989Ilha das Flores
1990MemóriaRoteirista
1991Esta Não é a Sua VidaDiretor e roteirista
1994Veja Bem
1995Felicidade é... Estrada
1997Ângelo Anda Sumido
1999Três MinutosRoteirista
2000O SanduícheDiretor e roteirista
TolerânciaRoteiristaLonga-metragem
2001Caramuru - A Invenção do Brasil
2002Houve uma Vez Dois VerõesDiretor e roteirista
2003BenjamimRoteirista
O Homem que CopiavaDiretor e roteirista
Lisbela e o PrisioneiroRoteirista
2004Oscar BozDiretor e roteiristaCurta-metragem
Meu Tio Matou um CaraLonga-metragem
2005O Coronel e o LobisomemRoteirista
2007Saneamento Básico, o FilmeDiretor e roteirista
RummikubCurta-metragem
2010Antes que o Mundo AcabeRoteiristaLonga-metragem
Velazquez e a Teoria Quântica da GravidadeDiretor e roteiristaCurta-metragem
Até a Vista
2014O Mercado de NotíciasDocumentário
2015Real BelezaDiretorLonga-metragem
2018Rasga Coração[3]Diretor e roteirista
2022Vai Dar Nada

Televisão

AnoTítuloPapelNotasEmissora
1993AgostoRoteiristaMinissérieRede Globo
1994Memorial de Maria MouraRoteirista
A MatadeiraDiretor e roteiristaCurta-metragem
Parte do telefilme Os Sete Sacramentos de Canudos
ZDF
1995A Comédia da Vida PrivadaRoteiristaSérieRede Globo
1999Luna CalienteRoteiristaMinissérie
2000A Invenção do BrasilRoteirista
2001Brava GenteDiretor e roteiristaEpisódio: Meia Encarnada Dura de Sangue
Os NormaisRoteiristaSérie, dois episódios
2008Ó Paí, ÓRoteiristaSérie
2009Decamerão: A Comédia do SexoDiretor e roteirista
2010Clandestinos: o Sonho ComeçouRoteirista
2011A Mulher InvisívelRoteiristaSérie, um episódio
A História do AmorDiretor e roteiristaQuadro do Fantástico
Homens de BemTelefilme
2012Doce de Mãe
2014Doce de MãeSérie
2015Mister BrauRoteirista
2016Nada Será Como AntesAutor principalMinissérie
2017Sob PressãoRoteiristaSérie
2020Todas as Mulheres do MundoGloboplay
Amor e SorteAutor principalRede Globo

Principais premiações

  • 2003: Grande Prêmio Cinema Brasil de melhor diretor e de melhor roteiro original, por O homem que copiava.
  • 2003: Prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Miami, por O homem que copiava.
  • 2003: Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Punta del Este, por O homem que copiava.
  • 2002: Grande Prêmio Cinema Brasil de melhor roteiro original, por Houve uma vez dois verões.
  • 2002: Prêmio de melhor filme - crítica no Cine Ceará, por Houve uma vez dois verões.
  • 2002: Prêmio de melhor diretor no Cine Ceará, por Houve uma vez dois verões.
  • 2002: Prêmio de Melhor filme no Festival de Cinema Brasileiro de Paris, por Houve uma vez dois verões.
  • 2000: Indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Curta-metragem, por O Sanduíche.
  • 1995: Prêmio do Público no Festival de Gramado, por Felicidade é....
  • 1995: Kikito de melhor filme brasileiro no Festival de Gramado, por Felicidade é....
  • 1989: Urso de Prata de melhor curta-metragem no Festival de Berlim, por Ilha das Flores (1989).
  • 1988: Melhor curta-metragem no Festival de Havana, por Barbosa
  • 1986: Melhor curta-metragem nos festivais de Gramado, Havana e Huelva, por O Dia em que Dorival Encarou a Guarda.

Livros publicados

Referências

  1. Guilhermano, Livia (15 de fevereiro de 2024). «Diretor e roteirista Jorge Furtado completa 40 anos de sucesso no cinema e televisão». Jornal do Comércio. Consultado em 21 de fevereiro de 2024
  2. Osório, Ticiano (20 de fevereiro de 2024). «Festival de Punta del Este homenageia Jorge Furtado». GZH. Consultado em 20 de fevereiro de 2024
  3. «Cineweb - Jorge Furtado e a "comédia triste" de "Rasga Coração"». cineweb.com.br. 5 de dezembro de 2018. Consultado em 5 de dezembro de 2018

Ligações externas

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