Maria Domingas Alves
Maria Domingas Fernandes Alves (Laclo, Manatuto, 28 de novembro de 1959),[1] conhecida pela alcunha Mana (irmã) Micato[2] :62[3] ou Mikato,[4] além do codinome de resistência Beta Mau,[5] é uma funcionária pública, activista dos direitos das mulheres e política timorense. Durante as décadas de 1970 a 1990, Beta Mau foi combatente da resistência timorense contra o colonialismo pelo FRETILIN e, de 2007 a 2012, ela ocupou o cargo de Ministra da Solidariedade Social do Governo de Timor Leste.
| Domingas "Mikato" ONL | |
|---|---|
| Ministra da Solidariedade Social | |
| Período | 08 de agosto de 2007 a 08 de agosto de 2012 |
| Antecessor(a) | Arsénio Paixão Bano |
| Sucessor(a) | Isabel Amaral Guterres |
| Dados pessoais | |
| Nome completo | Maria Domingas Fernandes Alves |
| Nascimento | 28 de novembro de 1959 (64 anos) Manatuto, Timor português |
| Cônjuge | Jacinto Alves |
| Filhos(as) | 5 |
| Profissão | política, activista e funcionária pública |
| Serviço militar | |
| Conflitos | Ocupação de Timor-Leste pela Indonésia |
Biografia
Domingas Mikato nasceu em Laclo, Manatuto.[1][2] :62O seu pai foi chefe de um subdistrito no Timor Português, e depois membro do parlamento de Manatuto durante a ocupação indonésia de Timor-Leste.[2] :62 Ela frequentou o Liceu Dr. Francisco Machado, Díli.[2] :62 e, posteriormente, contraiu matrimônio com Jacinto Alves,[1] com quem teve uma prole composta por quatro filhas e um filho.[2] :62
Participação na resistência timorense
Durante a ocupação indonésia de Timor-Leste (1975-1999), Mikato era conhecida pelo codinome Beta Mau e foi uma das principais líderes femininas do movimento de resistência, especialmente nas áreas próximas a Laclubar e Laclo.[2] :62 Ela participou activamente na Organização Popular de Mulheres Timorenses (OPMT), a organização de mulheres da FRETILIN.[2] :63[3][6]
Em 1978, Beta Mau e Jacinto, seu marido, foram presos pelo exército indonésio nas montanhas e levados para Metinaro, onde foram submetidos ao interrogatório.[1] Acabaram sendo libertados depois de dezasseis dias e enviados para Díli,[1] onde Mikato trabalhou como funcionária pública na Autoridade da Indústria e Comércio da Indonésia, de 1983 a 1999.[2] :63
Em 1997, ela foi uma das co-fundadoras da organização de direitos das mulheres chamada de "Fórum para a Comunicação das Mulheres Timorenses" (FOKUPERS),[2] :63[3][7][6] e fez campanha pela independência na preparação para o referendo sobre a independência de Timor-Leste em 1999.
Carreira política pós-independência
Em 2000, Domingas "Mikato" organizou o primeiro Congresso Nacional da Mulher para contribuir com a reafirmação da importância da pauta feminista para o país que estava surgindo.[2] :63
Durante o governo interino sob a Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET), Mikato tornou-se conselheira para a igualdade de género em 30 de setembro de 2001.[2] :63 No mesmo ano, ela foi selecionada pela Rede Feto, uma rede formada por aproximadamente 15 organizações de mulheres timorenses, para se apresentar como candidata independente nas primeiras eleições parlamentares,[2] :30,62[8] :81todavia, ela não foi eleita para o parlamento nacional de Timor-Leste naquele período.[2] :62[9][8] :82
Porém, Mikato veio a se tornar conselheira do Primeiro-Ministro para assuntos de promoção da igualdade,[2] :63[10][7] e em 2002, foi nomeada diretora do Gabinete para a Promoção da Igualdade,[2] :63[3][8] :84,163 função pública que ocupou até junho de 2006, quando ela foi a primeira titular de um cargo público a renunciar durante a crise timorense de 2006.[11][2] :63
Em 2005, Mikato foi indicada para o Prémio Nobel da Paz em reconhecimento do seu papel no movimento de independência e do seu trabalho pelos direitos das mulheres.[7]
Entre 2005 a 2007, ela foi nomeada para ser membro conselheira do Conselho de Estado da Presidência, que assessora o Presidente de Timor-Leste.[12]
De 8 de agosto de 2007 a 8 de agosto de 2012, Mikato foi Ministra da Solidariedade Social no IV Governo de Timor-Leste, tendo Xanana Gusmão como primeiro-ministro de Timor Lorosae.[7][13] Em 2012, sob um novo governo, havia surgido a proposta para que ela fosse nomeada Ministra da Defesa e Segurança do governo timorense,[14] porém, segundo relatos da imprensa local, o presidente na época, Taur Matan Ruak, que foi um ex-comandante militar, opôs-se sua nomeação.[4][15] Assim, Mikato reagiu rejeitando retornar ao seu antigo cargo ministerial em razão do “insulto”.[4] No dia 23 de Outubro de 2012, a crise política foi mitigada quando o Primeiro-Ministro Xanana Gusmão foi empossado como Ministro da Defesa do Timor.
Em 29 de maio de 2015, Domingas "Mikato" foi nomeada para o cargo de Comissária da Comissão da Função Pública do governo timorense.[16]
Prêmios
Em 28 de novembro de 2006, Mikato recebeu do governo timorense a Ordem de Nicolau Lobato pela sua participação e contribuição em favor da libertação de Timor-Leste.[17]
Referências
- See, Bridgette (janeiro de 2007). «Peace Activist». Unicef Timor-Leste. Timor Leste Now & the Future: 14–15. Consultado em 1 de março de 2024
- Ospina, Sofi; de Lima, Isabel (2006). Legge; Parkinson, eds. Participation of Women in Politics and Decision Making in Timor-Leste: A Recent History (PDF). Dili, East Timor: United Nations Development Fund for Women (UNIFEM). Consultado em 1 de março de 2024
- Gabrielson, Curt (1 de fevereiro de 2002). «East Timorese Women On Their Way Up» (PDF). ICWA Letters. New Hampshire, US: Institute of Current World Affairs. p. 2. Consultado em 1 de março de 2024
- Gunter, Janet (9 de agosto de 2012). «East Timor: President Rejects Woman Defense Minister». Global Voices. Consultado em 1 de março de 2024
- «Decreto do Presidente da República Número 54/2006 Condecorações a atribuir aos Combatentes da Libertação Nacional, a 28 de Novembro de 2006» (PDF). Jornal da República (em Portuguese). 1 (22): 1613. 22 de novembro de 2006. Consultado em 1 de março de 2024
- UN Transitional Administration in East Timor (11 de outubro de 2001). «GOVERNMENT ADVISOR ON PROMOTION OF EQUALITY SWORN-IN». UNTAET Daily Briefing. Consultado em 1 de março de 2024
- Costa, Monica (2017). Gender Responsive Budgeting in Fragile States: The Case of Timor-Leste. [S.l.]: Routledge. ISBN 9781315283074. Consultado em 1 de março de 2024
- Cristalis, Irena; Scott, Catherine; Andrade, Ximena (2005). Independent Women: The Story of Women's Activism in East Timor. [S.l.]: CIIR. ISBN 9781852873172. Consultado em 1 de março de 2024
- Gabrielson, Curt (1 de fevereiro de 2002). «East Timorese Women On Their Way Up» (PDF). ICWA Letters. New Hampshire, US: Institute of Current World Affairs. p. 2. Consultado em 1 de março de 2024Gabrielson, Curt (1 February 2002). "East Timorese Women On Their Way Up" (PDF). ICWA Letters. No. CG-14. New Hampshire, US: Institute of Current World Affairs. p. 2. Retrieved 7 September 2019.
- «II UNTAET Transitional Government». Government of Timor Leste. Consultado em 1 de março de 2024
- See, Bridgette (janeiro de 2007). «Peace Activist». Unicef Timor-Leste. Timor Leste Now & the Future: 14–15. Consultado em 7 de setembro de 2019See, Bridgette (January 2007). "Peace Activist". Timor Leste Now & the Future. Unicef Timor-Leste: 14–15. Retrieved 7 September 2019.
- «REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE PARLAMENTO NACIONAL RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO NACIONAL NO. 7/2005» (PDF). Ministry of Justice, Government of Timor Leste (em Portuguese). 10 de maio de 2005. Consultado em 1 de março de 2024
- «IV Constitutional Government». Government of Timor-Leste. Consultado em 1 de março de 2024
- Gunter, Janet (9 de agosto de 2012). «East Timor: President Rejects Woman Defense Minister». Global Voices. Consultado em 1 de março de 2024Gunter, Janet (9 August 2012). "East Timor: President Rejects Woman Defense Minister". Global Voices. Retrieved 7 September 2019.
- Whittington, Sherrill (2015). «Women in Postconflict Decision-Making». In: Baksh-Soodeen; Harcourt. The Oxford Handbook of Transnational Feminist Movements. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780199943494
- «New team for the Civil Service Commission sworn into office». Government of Timor-Leste. 1 de junho de 2015. Consultado em 1 de março de 2024
- «Decreto do Presidente da República Número 54/2006 Condecorações a atribuir aos Combatentes da Libertação Nacionala 28 de Novembro de 2006» (PDF). Jornal da República (em Portuguese). 1 (22): 1613. 22 de novembro de 2006. Consultado em 1 de março de 2024"Decreto do Presidente da República Número 54/2006 Condecorações a atribuir aos Combatentes da Libertação Nacionala 28 de Novembro de 2006" (PDF). Jornal da República (in Portuguese). 1 (22): 1613. 22 November 2006. Retrieved 12 August 2019.