Timor Português

Timor Português foi o período do Timor-Leste como colónia portuguesa (1596-1975).[1] Durante grande parte desse período, Portugal partilhou a ilha de Timor com as Índias Orientais Neerlandesas, hoje Indonésia. Para além disso, Portugal controlou ainda, nas imediações da ilha, e a ela sujeita, a ilha das Flores, no arquipélago de Sunda.



Timor Português

Colónia Portuguesa


1702  1975
 

 

Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Timor
Localização de Timor
Timor Português
Continente Ásia
Capital Díli
Língua oficial Português
Governo Colónia
Chefe de Estado
 • 1511–1521 Manuel I
 • 1974-1975 Francisco da Costa Gomes
Período histórico Idade Moderna e Idade Contemporânea
  1702Fundação
  1975Dissolução
Moeda Pataca Timorense
Escudo de Timor
Atualmente parte de Timor-Leste

História

Ver artigo principal: História de Timor-Leste
Monumento a Nossa Senhora em Díli, com o brasão do Timor Português em evidência
Um pelotão a cavalo preparando-se para uma patrulha (1968/70)
António Macedo (oficial do Exército Português) com tropas nativas (década de 1930).

O primeiro documento europeu conhecido que refere a ilha é uma carta de Rui de Brito Patalim a Manuel I de Portugal, datada de 6 de janeiro de 1514, na qual são referidos navios que tinham partido para Timor.[2] Atraídos inicialmente pelos recursos naturais, os portugueses trouxeram consigo missionários e a religião católica.

Com a chegada do primeiro governador, vindo de Portugal em 1702, deu-se início à organização colonial do território, criando-se o chamado Timor Português.

O Tratado de Lisboa, celebrado a 20 de abril de 1859 entre os reinos de Portugal e dos Países Baixos[3] conduziu à demarcação das possessões portuguesas e neerlandesas em Timor e ilhas adjacentes. Pelos termos desse tratado, Portugal cedeu Larantuca, Sicca e Payas, na ilha das Flores, Wouré, na ilha de Adonara, e Pamung Kaju, na ilha de Solor. Em contrapartida, os Países Baixos cederam o reino de Maubara e renunciaram a Ambeno, na ilha de Timor, assim como renunciaram a Ataúro e pagaram uma compensação de 200 000 florins.[4]

No contexto da Segunda Guerra Mundial, apesar de Portugal ter permanecido neutral, após o Ataque a Pearl Harbor, em Dezembro de 1941, Timor Português foi ocupado por tropas australianas e holandesas, a pretexto de impedir uma invasão japonesa. Mediante os protestos diplomáticos portugueses e o compromisso de respeito aos direitos de Portugal, foram enviadas para Timor tropas portuguesas estacionadas em Moçambique. A invasão japonesa materializou-se em Fevereiro de 1942, tendo os Aliados e voluntários timorenses - com especial destaque para o Régulo D. Aleixo Corte-Real, que se recusou a entregar a Bandeira de Portugal aos japoneses e, por tal acto, foi executado, Comendador da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a título póstumo e figura central da última série de notas do período colonial -, passaram a recorrer à guerra de guerrilha. Aquela que ficou conhecida como a Batalha de Timor (1942-1943) resultou num elevadíssimo número de civis timorenses mortos, calculado entre 40 e 70 mil.

Para recuperar e defender os interesses portugueses em Timor, o governo de António de Oliveira Salazar negociou e assinou acordos de cedência de bases aéreas nos Açores aos Estados Unidos. Ao final do conflito, Portugal recuperou a sua antiga possessão, entretanto arrasada.

Após 1949, as Índias Orientais Holandesas tornaram-se independentes, adoptando o nome de Indonésia.

Até 1959, a pataca timorense foi a moeda usada em Timor, altura em que foi substituída pelo escudo de Timor, baseado no escudo português, que circulou até à invasão indonésia de 1975. Neste mesmo ano foi fundado A Voz de Timor, o primeiro jornal da colónia e publicado semanalmente.

Em 1960, a Assembleia Geral das Nações Unidas, através da Resolução 1514 de 14 de Dezembro de 1960, considerou o Timor Português como um território não autónomo sob administração portuguesa. Tal nunca foi aceita pelos governos dos Presidentes do Conselho António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano e pela Constituição de 1933 que continuaram a considerar o território como parte integrante de Portugal. Porém, tal resolução da ONU veio, todavia, a ser aceita pela Lei 7/1 974 de 27 de Julho do Conselho da Revolução[1] que demonstrou a aceitação da independência de todos os territórios ultramarinos.

Em 1975, na sequência da Revolução dos Cravos em Portugal e da decisão de proceder à rápida autodeterminação de todas as províncias ultramarinas, Timor Português declarou unilateralmente a independência — Portugal tentava, nesta altura, resolver os conflitos ultramarinos e nunca incluiu Timor devido à distância.

Da declaração de independência foi rapidamente seguido da invasão e anexação pela Indonésia que nunca foi reconhecida pelas Organização das Nações Unidas (era um protectorado). Apesar da declaração em 1960, por parte da ONU, de que o Timor Português era um território não autónomo sob administração portuguesa, há defensores da ideia de que, à luz do direito internacional, só a 20 de Maio de 2002 é que Timor Português deixou formalmente de existir ao se proclamar a independência da República Democrática de Timor-Leste.

Ver também

Referências

  1. «Lei 7/74, de 27 de Julho». Universidade de Coimbra. Centro de documentação 25 de Abril
  2. Gordon McIntyre, Kenneth (1977). The Secret Discovery of Australia: Portuguese Ventures 200 Years before Captain Cook (em inglês). [S.l.]: Souvenir Press Ltd. p. 69. ISBN 9780285623033
  3. Diário de Lisboa, 22 de setembro de 1860
  4. TELES, Miguel Galvão. Timor-Leste in Separata do II Suplemento do Dicionário Jurídico da Administração Pública

Ligações externas

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