Miguel Andreolo

Miguel Ángel Andriolo Frodella [1][2] - em italiano, Michele Andreolo (Dolores, 6 de maio de 1912 - Potenza, 14 de maio de 1981)- foi um futebolista ítalo-uruguaio que, atuando como meio-campista da Seleção Italiana, conquistou a Copa do Mundo FIFA de 1938.[3]

Michele Andreolo

O treinador Vittorio Pozzo com a taça Jules Rimet, rodeado por
seus jogadores após a final da Copa do Mundo FIFA de 1938.
Andreolo é o último jogador agachado.
Informações pessoais
Nome completo Miguel Ángel Andriolo Frodella (como uruguaio)
Michele Andreolo (como italiano)
Data de nascimento 6 de setembro de 1912
Local de nascimento Dolores, Uruguai
Data da morte 14 de maio de 1981 (68 anos)
Local da morte Potenza, Itália
Altura 1,69 m
Apelido Chivo
Informações profissionais
Posição Meio-campista
Clubes de juventude
?-1931 Libertad de Dolores
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1932-1935
1935-1943
1943-1944
1945-1948
1948-1949
1949-1950
Nacional
Bologna
Lazio
Napoli
Catania
Forli
 ? (?)
165 (24)
14 (1)
93 (11)
 ? (?)
Seleção nacional
1935
1936-1942
Uruguai
Itália
0 (0)
26 (1)

Chegou antes a ser convocado pela Seleção Uruguaia para a Copa América de 1935. O país a venceu, mas Andreolo, na época atleta do Nacional, não chegou a joga-la;[2] Também esteve presente em quatro títulos do Bologna no campeonato italiano,[4] no que foi a fase áurea deste clube, na época repleto de outros uruguaios.[5]

Jogador forte e temperamental e apelidado no Uruguai de El Chivo,[6] Andreolo chegou a ser escalado em 1980 para a "seleção italiana dos sonhos", em votação promovida pelo jornal La Gazzetta dello Sport.[7] Ele é o jogador uruguaio que mais vezes defendeu a Itália, 26 vezes, mais de vinte acima dos segundos, Ricardo Faccio e Alcides Ghiggia (ambos cinco vezes).[carece de fontes?]

Carreira

Uruguai

Andriolo iniciou a carreira no Libertad, clube de sua cidade natal de Dolores, onde permaneceria até 1931.[6] Em 1932, o futebol uruguaio se profissionalizou oficialmente[carece de fontes?] e ele foi contratado pelo Nacional, sendo campeão uruguaio em 1933 e 1934.[6] O clube não vencia o torneio desde 1924, mas conseguiu assim o primeiro bicampeonato seguido da era profissional.[carece de fontes?]

O torneio de 1933, na realidade, só foi finalizado em novembro de 1934,[8] quando o campeonato próprio pelo ano de 1934 já se encontrava desde julho em andamento.[9] Peñarol e Nacional haviam encerrado o ano de 1933 empatados na liderança, o que forçou uma série de finais, seguidamente empatadas. A primeira foi marcada para maio de 1934 e as seguintes ocorreram aproximadamente a cada dois meses até a vitória enfim ocorrer, a favor dos tricolores, em novembro, finalizando o campeonato uruguaio mais largo da história.[8]

A primeira desses clássicos decisivos terminou de modo polêmico. O jogo terminou em 0-0, mas ficou conhecido pelo "gol da mala", pois um arremate do adversário brasileiro João de Almeida "Bahia" foi para fora. A bola voltou a campo após rebater na mala de um membro da comissão técnica do Nacional, e assim o aurinegro Braulio Castro chutou para as redes. O árbitro não era famoso e seus gestos confundiram os jogadores do Nacional, que acreditaram que ele estava validando o lance, gerando um tumulto que suspendeu a partida no minuto 70. O capitão José Nasazzi e Juan Labraga foram expulsos por agressões ao juiz, e suspensos por um ano.[8]

Em agosto, acertou-se a continuação da partida para disputar-se os vinte minutos restantes. Como o 0-0 permaneceu, jogou-se uma prorrogação, que durou 60 minutos, com o 0-0 permanecendo. Como a partida era uma continuação daquela em que o Nacional teve dois jogadores expulsos, os tricolores precisaram jogar 80 minutos com nove jogadores aquele reencontro. A invencibilidade nessas circunstâncias na principal rivalidade do país em partida válida pelo campeonato não teve precedentes.[8] Andriolo, assim, foi um dos heróis do clássico conhecido como o "dos nove contra onze".[6]

O campeonato de 1934, por sua vez, alargou-se até abril do ano seguinte, encerrando-se com o clássico com o Peñarol na rodada final. O empate em 1-1 favoreceu o Nacional, apesar dos tricolores, novamente, precisarem jogar com dois jogadores a menos, dessa vez na meia hora final, devido às expulsões de Aníbal Ciocca e de Héctor Castro. Andriolo, assim foi um dos convocados à seleção uruguaia para a Copa América de 1935. Foi campeão,[9] mas sem entrar em campo,[2] o que não impediu que se transferisse ao futebol italiano em seguida. Ao todo, incluindo-se amistosos, foram quarenta partidas e apenas três derrotas pelo Nacional, e sete gols marcados.[1]

Itália

O Bologna vencedor do campeonato italiano de 1936-37. Andreolo é o terceiro jogador da esquerda para a direita.

Foi contratado pelo Bologna, a primeira equipe italiana a apostar largamente em uruguaios. Andreolo formou uma "colônia" com os compatriotas Federico Fedullo, Rafael Sansone e Héctor Puricelli, duas vezes artilheiro do campeonato italiano.[5] Andreolo foi campeão em suas duas primeiras temporadas, em 1935-36 e 1936-37,[6] estreando pela Seleção Italiana já em maio de 1936, em empate em 2-2 com a Áustria em Roma,[carece de fontes?] no qual jogou ao lado de outro uruguaio, Ricardo Faccio.[6]

Na Itália, seu nome passou de Miguel Ángel Andriolo para Michele Andreolo.[4] Se tornaria o uruguaio com mais partidas pela Azzurra e Faccio, o segundo de nove nomes.[carece de fontes?] El Chivo foi titular na Copa do Mundo FIFA de 1938, ganha pela Itália,[4] que na época tornou-se a seleção mais vezes campeã e a primeira bicampeã seguida. No time titular que jogou a final, Andreolo e Amadeo Biavati eram os representantes do Bologna na seleção campeã, mesmo número de jogadores da Juventus (Alfredo Foni e Pietro Rava).[4] Somente a Internazionale, campeã italiana da temporada anterior ao torneio,[carece de fontes?]> estava mais representada, com um a mais (Ugo Locatelli, Giuseppe Meazza e Giovanni Ferrari).[4]

Na competição, Andreolo curiosamente enfrentou outro uruguaio, Héctor Cazenave, da seleção francesa.[10] Foi na ocasião em que a Itália, em função da anfitriã França também usar a cor azul, vestiu-se totalmente de preto, o que gerou polêmica devido à associação da cor alternativa ao fascismo.[11] O Uruguai natal de Andreolo e Cazenave havia se negado a disputar o torneio, oficialmente ainda em retaliação à larga ausência europeia na Copa do Mundo FIFA de 1930, apesar do empenho pessoal de Jules Rimet em trazer a Celeste por conta da ótima impressão que ela havia deixado localmente nas Olimpíadas de 1924; também interpretou-se que a ausência devia-se exatamente ao receio de perder este prestígio, após o mediano quarto lugar do país na Copa América de 1937.[12]

O desempenho de Andreolo na competição foi descrito como impecável, aparecendo especialmente para a assistência a Gino Colaussi no lance do primeiro gol italiano na semifinal contra o Brasil e por interceptar um escanteio da Hungria e iniciar o contra-ataque a resultar no primeiro gol da final, ainda aos 6 minutos de jogo.[10] O uruguaio, posteriormente, foi campeão com o Bologna também nas temporadas 1938-39 e 1940-41.[6] Na época, a equipe rossoblù tinha mais títulos que o Milan, Internazionale e Torino e somente um a menos que a Juventus; tinha seis conquistas[carece de fontes?] e o início da década de 1940 encerrou o período mais áureo do clube, que perdurava desde meados da década de 1920. O Bologna ganhou apenas mais um campeonato posteriormente, e com o tempo passou a ser mais associado a lutas contra o rebaixamento, embora ainda seja a quinta equipe com mais títulos italianos, à frente dos três da Roma e dos dois cada de Fiorentina, Napoli e Lazio.[13]

Andreolo, considerado entre os quinze maiores jogadores uruguaios do futebol italiano,[5] defendeu a seleção até abril de 1942, em vitória por 4-0 sobre a Espanha em Milão.[carece de fontes?] Prosseguiu uma bem sucedida carreira em outros clubes do país e nela ganhou muito dinheiro, mas faleceria esquecido e na miséria em 1981, aos 69 anos, na cidade italiana de Potenza.[4] Uma última homenagem em vida ocorrera no ano anterior: o uruguaio foi escalado para a "seleção italiana dos sonhos" no ano anterior, em votação promovida pelo jornal La Gazzetta dello Sport. A escalação completa foi Aldo Olivieri, Virginio Rosetta e Giacinto Facchetti, Pietro Serantoni, Armando Picchi, Andreolo e Gianni Rivera, Amadeo Biavati, Giuseppe Meazza, Silvio Piola e Luigi Riva.[7]

Títulos

Competições Nacionais

Nacional
Bologna

Competições Internacionais

Seleção Uruguaia
Seleção Italiana

Torneios Internacionais

Bologna
  • Torneio Internacional de Paris: 1937

Referências

  1. «ANDRIOLO, MIGUEL ÁNGEL». Atilio Software. Consultado em 8 de junho de 2023
  2. «Miguel Ángel Andriolo». Asociación Uruguaya de Fútbol. Consultado em 8 de junho de 2023
  3. Página da FIFA com estatísticas sobre o jogador(em inglês)
  4. GEHRINGER, Max (novembro de 2005). Os campeões. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 3 - 1938 França. Editora Abril, p.p 42-43
  5. MOURA, Anderson (outubro de 2014). «Os 10 maiores uruguaios do futebol italiano». Calciopédia. Consultado em 10 de setembro de 2017
  6. BASSORELLI, Gerardo (2012). El Chivo Andreolo. Héroes de Nacional. Montevidéu: Editorial Fin de Siglo, p. 81
  7. Placar Mundial (22 fev. 1980). Placar n. 512. São Paulo: Editora Abril, p. 82
  8. MELOS PRIETO, Juan José (2012). 1933 - El Año de la Máquina. El Campeonato más largo de la historia. El Padre de la Gloria. Montevidéu: Ediciones El Galeón, pp. 68-73
  9. MELOS PRIETO, Juan José (2012). 1934. El Padre de la Gloria. Montevidéu: Ediciones El Galeón, pp. 74-77
  10. CASTRO, Robert (2014). Capítulo IV - Francia 1938. Historia de los Mundiales. Montevidéu: Editorial Fín de Siglo, pp. 56-78
  11. GEHRINGER, Max (nov. 2005). Fascistas. Placar Especial "A Saga da Jules Rimet fascículo 3 - 1938 França". São Paulo: Editora Abril, p. 36
  12. GEHRINGER, Max. Dívida de honra (nov. 2005). Placar Especial "A Saga da Jules Rimet fascículo 3 - 1938 França". São Paulo: Editora Abril, pp. 6-8
  13. ANTONELLI, Rodrigo (setembro de 2015). «Os 10 maiores jogadores da história do Bologna». Calciopédia. Consultado em 15 de setembro de 2017

Ligações externas

This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.