Movimento gospel

Movimento gospel foi um período compreendido entre 1990 a 1999 na história da música cristã contemporânea brasileira na qual houve enormes mudanças desde a composição, instrumentação, gravação, produção musical e lançamentos de obras do nicho protestante. Outros de seus aspectos é o termo "gospel" em substituição de "música evangélica", tal qual era utilizado antes deste período.[1][2]

O termo gospel, a partir deste movimento passou a ser utilizado pela gravadora Gospel Records, pertencente a Estevam Hernandes. Em questões líricas, a linguagem se tornou mais horizontal, além da abrangência de outros gêneros musicais. Bandas de rock tiveram participação fundamental no movimento. Princípio (1990), da banda Rebanhão é considerado o primeiro álbum lançado após o início do movimento gospel.[3]

Durante os anos de auge, o movimento gospel deu origem a várias novas gravadoras, como a MK Music, Line Records e AB Records, outras que já existiam tiveram participação importante no movimento, como a Bompastor, e inclusive gravadoras não-religiosas, ainda que timidamente, começaram a perceber o potencial do gênero, especialmente a partir do final da década de 80, caso da PolyGram (futura Universal Music) a primeira a ter evangélicos em seu cast; outras que foram pioneiras em integrar o gospel nacional à música popular foram a Continental (hoje Warner Music Brasil), CBS (Sony Music, a partir de 1991) e até mesmo a RGE(selo da Som Livre a partir dos anos 80, mais conhecida por lançar artistas mais experimentais e/ou samba e MPB). A realização de eventos para grandes públicos também tornou-se uma dessas características. Após o boom, o movimento continuou, mas desde 1995 entrou em crise. Quatro anos depois é denominado seu fim, com o surgimento de novos artistas a partir de 2000 com outras propostas, principalmente o controverso "louvor e adoração" e o novo movimento.[3][4]

Após o seu fim, vários aspectos trazidos do movimento gospel se tornaram objeto de crítica por músicos e lideranças religiosas após os anos 2000. Uma delas é a falta de qualidade e criatividade na instrumentação e letras, idolatria a artistas e bandas e apologia ao neopentecostalismo.[4][5][6]

O movimento gospel já foi alvo de vários estudos acadêmicos e obras literárias.[1][5][7]

Citações

Infelizmente (ou felizmente, não sei), não tenho grandes projetos com relação à música gospel. Acho que o movimento perdeu o fio da meada e se envolveu numa profusão de bandas, reuniões sem propósito, gente oportunista e falta de visão do Reino de Deus. A centralidade dos cultos e eventos gospel está nas bandas, nos artistas, nos pastores que tem que se desdobrar para se manterem atrativos nesse mercado popular pós-moderno. É preciso tirar Jesus do rótulo e trazê-lo de volta para o centro.
Paulo Marotta, integrante do Rebanhão em entrevista para a MPC em 2000.[8]
Não faço mais parte, definitivamente, nem em número, nem em gênero e nem em grau, do importado movimento "GOSPEL"!. Por favor, quando alguém se referir a mim ou ao meu trabalho, não utilize esta forma de me definir e nem me inclua dentro desse "idiotizado" mercado, pelo bem da verdadeira Música Cristã Brasileira e de seus honrados e dedicados compositores, artistas e poetas que, assim como eu, sobrevivem, a duras penas, de seus talentos e trabalhos, nadando na contramão da escravidão imposta pela grande mídia! Simplesmente me chamem de João Alexandre, músico (e olha lá!) O termo "Gospel" tem uma conotação mercadológica baseada na fama, na grana e na idolatria de artistas, bandas, gravadoras, formatos musicais, mensagens positivistas, entre outras distorções que variam conforme a conveniência dos tempos e dos "bolsos" dos brasileiros, cristãos ou não! Só quero, assim como qualquer músico que busca a excelência, fazer o melhor que posso com aquilo que tenho, de forma honesta e verdadeira, dormir com a consciência tranquila de que cumpro a missão que Deus me deu (de cantar sempre a Verdade!) e agradecer todos os dias a Ele por aqueles que me deixam fazer parte de seus ouvidos e de suas existências!
Quando a gente começou, não existia o nome ‘gospel’. Existia música evangélica, caretaça mesmo, um negócio que eu nem sabia que havia. O gospel nasceu, começou a crescer e parou porque voltou a ser música da igreja. O gospel mesmo, no Brasil, não existe.
Paulinho Makuko, vocalista do Katsbarnea em entrevista à Rolling Stone em 2008.[4]

Referências

  1. Do Nascimento Cunha, Magali (2007). A Explosão Gospel: um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico. Mauad. Rio de Janeiro: Google Books. ISBN 978-85-7478-228-7. Consultado em 4 de maio de 2014
  2. «Como nasceu a música gospel». Gospel Sete. Consultado em 18 de agosto de 2012. Arquivado do original em 18 de agosto de 2012
  3. Salvador de Souza. «O Movimento Gospel». Arquivo Gospel. Consultado em 4 de maio de 2013. Arquivado do original em 4 de maio de 2014
  4. «Revista Rolling Stone publica matéria sobre o rock gospel». Gospel+. Consultado em 4 de maio de 2013
  5. Mariano, Ricardo (1999). Neopentecostais: Sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. [S.l.]: Edições Loyola. ISBN 978-85-1501-910-6. Consultado em 18 de agosto de 2012
  6. «Ícone evangélico rompe com movimento gospel». O Povo. Consultado em 4 de maio de 2013
  7. «Movimento gospel, estratégias de proselitismo e as dinâmicas identitárias da juventude evangélica em Campina Grande». Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Consultado em 4 de maio de 2013
  8. 2000. Menos perfumaria e mais conteúdo. Revista MPC
  9. «João Alexandre anuncia rompimento com a música gospel e afirma que o meio é baseado na "fama, grana e idolatria"». Gospel+. Consultado em 4 de maio de 2013

Ver também

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