Pedro da Sérvia

Pedro da Sérvia (em grego medieval: Πέτρος; romaniz.:Pétros; em latim: Petrus; em sérvio: Петар; romaniz.:Petar), também conhecido como Pedro Filho de Ginico (em sérvio: Гојниковић; romaniz.:Gojniković),[1] foi um príncipe da Sérvia ente 892 e 917. Ele governou o expandiu a Sérvia e venceu todos os seus parentes que tentaram tomar-lhe a coroa. Ele foi o primeiro monarca sérvio com um nome cristão (não-eslavo). Pedro era filho de Ginico, o filho mais novo de Blastímero (r. 831–851) da primeira dinastia sérvia.

 Nota: Para o último rei da Sérvia, veja Pedro I da Sérvia.
Pedro da Sérvia
Príncipe da Sérvia
Reinado 892917
Antecessor(a) Pribéstlabo
Sucessor(a) Paulo
 
Nascimento c. 870/874
  Ras
Morte Após agosto de 917
Dinastia Blastímero
Pai Ginico
Religião Ortodoxia oriental

Nome

A primeira forma atestada deste nome é a grega Pétros (Πέτρος) latina Petrus e sérvia Petar. Por sua ascendência, e com base na cultura de atribuição de nomes na região e época, seu nome seria, portanto, Petar Gojniković Vlastimirović.[2]

Vida

Primeiros anos

Árvore genealógica da Casa de Blastímero
Batismo de Bóris I (r. 852–889). Os gregos empenharam-se para converter os povos vizinhos e a partir da segunda metade do século IX começaram a cristianização dos sérvios[3][4][5]

Pedro nasceu entre 870/874 e era filho do príncipe (knez, arconte para os gregos) Ginico (r. 850–860), o filho mais jovem do fundador da Casa de Blastímero, Blastímero (r. 830–851).[2] Seu nome cristão, de origem bizantina, é indicativo da cristianização sérvia.[6] À época de seu nascimento, a Sérvia era governada por uma oligarquia comporta por seu pai e os irmão dele, Mutímero (r. 850–891) e Estrímero,[7] embora Mutímero, o mais velho, fosse o monarca supremo.[8] Na década de 880, Mutímero tomou o trono, exilando seus irmãos mais novos e Clonímero, filho de Estrímero, à corte do Bóris I (r. 852–889),[7] talvez uma traição. O jovem Pedro foi mantido na corte sérvia de Mutímero por razões políticas,[8] mas logo fugiu à corte de Branimiro da Croácia (r. 879–892).[2][7]

Guerras civis e aliança búlgara

Mutímero morreu em 890/891, deixando o trono para seu filho mais velho Pribéstlabo (r. 891–892). Ele reinou por apenas um ano, pois Pedro retornou em 892, derrotou-o em combate e tomou-lhe o trono, obrigando Pribéstlabo a fugir ao Reino da Croácia com os irmãos Brano e Estêvão.[7] Brano retornou depois e liderou uma fracassada revolta contra Pedro em 894:[9] ele foi derrotado, preso e cegado.[10] Em 896, Clonímero retornou da Bulgária apoiado por Bóris e invadiu a Sérvia e tomou a importante fortaleza de Dostínico (atual Drsnik, em Klina[11][12]). Clonímero foi derrotado e morto.[2][13]

Após o fracasso dos diversos pretendentes ao trono, Simeão I (r. 893–927) reconheceu Pedro como monarca. Ele foi colocado sob a proteção de Simeão, o que resultou numa paz e numa aliança búlgaro-sérvia de vinte e um anos (897–917);[7] para Constantino VII (r. 913–959) em seu Sobre a Administração Imperial, ele reinou como vassalo do imperador Leão VI, o Sábio (r. 886–912), e em paz com a Bulgária por vinte anos.[14] Pedro possivelmente não estava contente com sua posição subordinada e talvez desejasse retomar sua independência.[2][7]

Guerra búlgaro-bizantina, expansão ao Ocidente e morte

Alexandre recebe os emissários búlgaros. Iluminura do Escilitzes de Madri

Em 11 de maio de 912, Leão VI morreu e seu irmão Alexandre (r. 912–913) o sucedeu.[15] Inexperiente, impopular e provavelmente alcoólatra, Alexandre reinou até sua morte em 6 de junho de 913. A situação era ideal para Simeão, que tinha tropas de prontidão na Trácia para atacar o Império Bizantino. Em agosto de 913, Simeão apareceu defronte às muralhas de Constantinopla querendo nada mais do que a coroa. Simeão, ao contrário de Bóris, foi educado em Constantinopla e queria governar um império greco-búlgaro. O patriarca de Constantinopla Nicolau I Místico reconheceu-o como imperador da Bulgária e casou a filha dele com Constantino VII. Em fevereiro de 914, Zoe Carbonopsina, a mãe do imperador, expulsou Nicolau da regência (embora ela o deixou como patriarca) e ela, como regente, anulou o título de Simeão e o acordo de casamento de Constantino. Simeão ficou furioso e partiu para conquistar a Trácia, deixando os bizantinos sem escolhas, exceto buscar aliados, enviando emissários aos magiares, pechenegues e sérvios.[16]

Como Pedro estava seguro em sua fronteira oriental, virou-se ao oeste, onde buscava reforçar seu domínio sobre os principados locais. Derrotou Tisémero da Bósnia, anexando o vale do Bosna.[16] e se expandiu ao longo do Neretva, anexando os narentinos da Pagânia, onde é provável que enfrentou o príncipe de Zaclúmia Miguel (além de Travúnia e da maior parte da Dóclea), um importante aliado dos búlgaros.[17] Pedro encontrou-se com o estratego de Dirráquio, Leão Rabduco, em Neretva,[18] onde ouviu propostas de mais dinheiro e mais independência[19][16] em troca de liderar um exército (também continha "Turcos", magiares[1][2]) contra Simeão.[20][21] Talvez ele tenha concordado em se juntar aos bizantinos, mas a situação ainda é por demais obscura.[16] Miguel soube da possível aliança entre sérvios e bizantinos e alertou Simeão.[17]

Em 917, um exército bizantino sob por Leão Focas invadiu a Bulgária, mas foi derrotado na Batalha de Anquíalo em 20 de agosto.[17] Após Anquíalo,[9] Simeão enviou um exército liderado por Paulo (filho de Brano), para tomar o trono sérvio, mas sem sucesso.[18] Ele então enviou Marmais e Teodoro Sigritzes,[22] que persuadiram Pedro, por juramento, a encontrá-los.[18][19] Quando apareceu, foi preso, enviado à Bulgária e morreu menos de um ano depois confinado.[9] Seus restos estão na Igreja dos Apóstolos Pedro e Paulo em Antiga Ras, a capital.[23] Simeão então colocou Paulo no trono sérvio.[9]

Ver também

Precedido por
Pribéstlabo
Príncipe da Sérvia
892917
Sucedido por
Paulo

Referências

  1. Stephenson 2000, p. 26.
  2. Lilie 2013.
  3. Nicol 1992, p. 31.
  4. Wortley 2010, p. 143.
  5. Browning 1992, p. 96.
  6. Vlasto 1970, p. 209.
  7. Fine 1991, p. 141.
  8. Đekić 2009.
  9. Fine 1991, p. 150.
  10. Longworth 1997, p. 321.
  11. Korac 2010.
  12. Novakovic 1981, p. 61-63.
  13. Fine 1991, p. 154.
  14. Constantino VII 1993, p. 156 (cáp. 32).
  15. Fine 1991, p. 142.
  16. Fine 1991, p. 148.
  17. Fine 1991, p. 149.
  18. Ćorović 2010.
  19. Stephenson 2000, p. 26–27.
  20. Angelov 1981, p. 286.
  21. Andreev 1996, p. 99.
  22. Obolensky 1971, p. 111.
  23. Crônica do Padre de Dóclea

Bibliografia

  • Andreev, Jordan; Lalkov, Milcho (1996). Българските ханове и царе (The Bulgarian Khans and Tsars). Veliko Tarnovo: Abagar. ISBN 954-427-216-X
  • Angelov, Dimitar; Bozhilov, Ivan; Vaklinov, Stancho; Gyuzelev, Vasil; Kuev, Kuyu; Petrov, Petar; Primov, Borislav ; Tapkova, Vasilka; Tsankova, Genoveva (1981). История на България. Том II. Първа българска държава [History of Bulgaria. Volume II. First Bulgarian State]. Sófia: Bulgarian Academy of Sciences Press
  • Browning, Robert (1992). The Byzantine Empire. Washington: The Catholic University of America Press. ISBN 0-8132-0754-1
  • Fine, John Van Antwerp (1991). The Early Medieval Balkans: A Critical Survey from the Sixth to the Late Twelfth Century (em inglês). Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press. ISBN 0472081497
  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). «#5907 #26408 Petar Gojniković». Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt
  • Longworth, Philip (1997). The making of Eastern Europe: from prehistory to postcommunism. Londres: Palgrave Macmillan. ISBN 0-312-17445-4
  • Nicol, Donald M. (1992). Byzantium and Venice: A Study in Diplomatic and Cultural Relations. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-42894-1
  • Novakovic, Relja (1981). Gde se nalazila Srbija od VII do X veka (Where Serbia was situated from the 7th to 10th centuries). Belgrado: Narodna knjiga
  • Obolensky, Dmitri (1971). The Byzantine Commonwealth. Eastern Europe 500–1453 (em inglês). Nova Iorque: Praeger Publishers
  • Stephenson, Paul (2000). Byzantium's Balkan Frontier: A Political Study of the Northern Balkans, 900–1204. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. ISBN 0-521-77017-3
  • Vlasto, A. P. (1970). The Entry of the Slavs Into Christendom: An Introduction to the Medieval History of the Slavs. Cambridge: Cambridge University Press
  • Wortley, John, ed. (2010). John Skylitzes: A Synopsis of Byzantine History, 811-1057. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-76705-7
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.