Platacanthomyidae

Platacanthomyidae é uma família de roedores incluída na superfamília Muroidea. Sua relação de parentesco com as outras famílias ainda é incerta. São encontrados na Índia, China e Vietnã. Pouco se conhece dos hábitos reprodutivos, alimentares e comportamentais dos membros da família. Acredita-se que sejam arbóreos e noturnos.

Platacanthomyidae
Ocorrência: Mioceno Inferior - Recente
Platacanthomys lasiurus
Platacanthomys lasiurus
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Rodentia
Superfamília: Muroidea i.s.
Família: Platacanthomyidae
Alston, 1876
Gêneros
Neocometes

Platacanthomys
Typhlomys

Sinónimos

Platacanthomyinae Alston, 1876
Platacanthomyidae Miller e Gidley, 1918
Platacanthomyini Ognev, 1947
Typhlomyinae Ognev, 1947

Distribuição geográfica e habitat

A família tem uma distribuição geográfica descontinua. Eles são encontrados em várias regiões da Ásia: sul da Índia, sul da China e norte do Vietnã. Estes roedores vivem em florestas tropicais e subtropicais úmidas e com afloramentos rochosos, em elevações de 600 a 2.100 metros. Habitam buracos, cavidades de árvores e fendas entre rochas, frequentemente perto de riachos.

Características

Os membros da família tem uma aparência semelhantes aos ratos, medindo entre 70 e 212 centímetros de comprimento, e com uma cauda de 75 a 138 centímetros. Pêlos grossos e longos formam um tufo na ponta da cauda. Os pés são finos e pequenos com dígitos de tamanho médio. Quatro dos dígitos dos membros dianteiros tem garras, o quinto é rudimentar. Longas vibrissas protraem do focinho relativamente curto. As orelhas são proeminentes e esparsamente cobertas. Dimorfismo sexual não foi descrito para este grupo.

A fórmula dentária é . Os molares da maxila possuem três raízes cada; na mandíbula apenas duas. Os primeiros dois molares têm o mesmo tamanho, e o terceiro 2/3 do tamanho dos outros. O esmalte nos dentes incisivos é alaranjado. A mandíbula possui um processo coronóide angular que na maioria das espécies está posicionado um pouco mais acima que o processo condilóide. A região interorbital e interparietal são largas, o occipício é profundo, e os foramens infraorbitais são grandes e estreitos. A superfície lateral do canal alisfenóide é formada pelo osso alisfenóide. A fossa pterigóide, que pode ou não ser perfurada por pequenos orifícios, é larga, achatada e uniforme com as laterais da caixa craniana. A bula auditiva é relativamente pequena e não possui o septo transbular.

Sinapomorfias

A família Platacanthomyidae possui algumas sinapomorfias:[1]

  • superfície oclusal dos molares formada por cristas oblíquas paralelas de esmalte;
  • incisivos superiores entalhados;
  • superfície mastigatória do molar é plana;
  • dois foramens alargados no palatino entre os primeiros molares superiores;
  • forame maxilar posterior largo;
  • foramens palatino dorsal e esfenopalatino fundidos;
  • processo coronóide pequeno no dentário;
  • ausência do forame oval acessório;
  • tufo terminal na cauda.

Comportamento

Poucas informações são disponíveis sobre o comportamento desses roedores [1]. Sabe-se que o Platacanthomys é arbóreo, e que um espécime em cativeiro mostrava sinais de letargia durante o dia, sugerindo hábitos noturnos. Assume-se que o Typhlomys apresente os mesmos hábitos.

Dieta

A dieta desses roedores incluem frutos, sementes, vagens, brotos e raízes [1].

Reprodução

Não existem informações a respeito dos aspectos reprodutivos da família Platacanthomyidae.[1]

Classificação

História taxonômica

Os gêneros Typhlomys e Platacanthomys foram inicialmente agrupados na Platacanthomyinae, uma subfamília da Gliridae (Ellerman 1940, 1961; Ognev 1947). Simpson (1945) elevou o grupo a família, mas ainda relatada a Gliridae, a posicionou na superfamília Gliroidea. Devido a características dentárias, como a ausência de pré-molares, e pela bula auditiva pequena e sem septo, a família foi posteriormente posicionada entre os Muroidea, achados paleontológicos posteriores confirmaram esse posicionamento [2]. Alguns pesquisadores a classificaram como relatada a Cricetidae (G. M. Allen 1940; Qiu 1989; Pavlinov et al. 1995), ou então consideravam-na como subfamília ou tribo da Cricetidae (Chaline et al. 1977; Reig 1980). Outros a posicionaram como subfamília da Muridae (Alston 1876; Carleton e Musser 1984; Musser e Carleton 1993; Nowak 1999). Atualmente, Carleton e Musser (2005) a consideram uma família distinta, entretanto, a relação entre ela e os demais membros da superfamília continua incerta.[1] A posição filogenética da família ainda não foi investigada com análise molecular [3]. Steppan e colaboradores posicionaram a família como incertae sedis dentro da Muroidea [4]. Ela pode ser distinguida da família Spalacidae e dos Eumuroidea pelo distinto formato do canal infraorbital e pela presença de múltiplas aberturas no palato.

Sistemática

A família possui três gêneros e cerca de dez espécies descritas [2][5].

  • Família Platacanthomyidae Alston, 1876
    • Gênero †Neocometes Schaub & Zapfe, 1953
      • Neocometes brunonis Schaub & Zapfe, 1953
      • Neocometes orientalis Mein, Ginsburg & Ratanasthien, 1990
      • Neocometes similis Fahlbusch, 1966
    • Gênero Platacanthomys Blyth, 1859
    • Gênero Typhlomys Milne-Edwards, 1877
      • Typhlomys cinereus Milne-Edwards, 1877
      • Typhlomys chapensis (Osgood, 1932) [nota 1]
      • Typhlomys hipparionium Qiu, 1989
      • Typhlomys intermedius Zheng, 1993
      • Typhlomys macrourus Zheng, 1993
      • Typhlomys primitivus Qiu, 1989

Conservação

Das duas espécies listas pela IUCN 2008, apenas a Platacanthomys lasiurus encontra-se vulnerável [6]. A espécie, Typhlomys cinereus, apesar de ser considerada fora de perigo, necessita de revisão taxonômica. Entre 2004-2007, a IUCN reconheceu o Typhlomys chapensis como uma espécie distinta e classificando-a em perigo crítico. Este táxon é conhecido de uma única localidade no norte do Vietnã, sendo atualmente considerado como subespécie do T. cinereus.

Notas

  1. Baseado no estudo de espécimes conservados em museus, Musser e Carleton (1993) consideraram o chapensis como uma espécie distinta devido ao seu grande tamanho, membros posteriores escuros, e ventre castanho escuro (branco-acinzentado no cinereus), que juntos distinguiam-no do típico cinereus de Fujian. Em 1996, Wang et al., com o aumento dos espécimes para estudo e pela expansão geográfica, interpretaram o táxon do Vietnã, dentro das variações que definem uma única espécie, com todos os cinco espécie-grupos mantidos como subespécies. Musser e Carleton (2005) seguiram os trabalhos de Wang e colaboradores, e reconheceram apenas uma espécie recente para o gênero Typhlomys.

Referências

  1. POOR, A. 2005. "Platacanthomyidae". Animal Diversity Web. Acessado em 25 de janeiro de 2009.
  2. MUSSER, G. G., CARLETON, M. D. (2005). Superfamily Muroidea in Wilson, D. E., Reeder, D. M. (eds). Mammal Species of the World a Taxonomic and Geographic Reference. 3ª edição. Johns Hopkins University Press, Baltimore. vol. 2, pp. 894-1531.
  3. LAZZARI, V.; CHARLES, C.; TAFFOREAU, P.; VIANEY-LIAUD, M.; AGUILAR, J.-P.; JAEGER, J.-J.; MICHAUX, J.; VIRIOT, L. (2008). Mosaic Convergence of Rodent Dentitions. PLoS ONE 3 (10): e3607.
  4. STEPPAN, S.; ADKINS, R.; ANDERSON, J. (2004). Phylogeny and Divergence-Date Estimates of Rapid Radiations in Muroid Rodents Based on Multiple Nuclear Genes. Systematic Biology 53 (4): 533-553.
  5. McKENNA, M. C.; BELL, S. K. Classification of Mammals: Above the Species Level. New York: Columbia University Press, 1997. p. 631.
  6. IUCN 2008. Platacanthomyidae.2008 IUCN Red List of Threatened Species. Acessado em 26 de janeiro de 2009.
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