Prata Palomares

Prata Palomares é um filme brasileiro de 1971, dirigido por André Faria.

Prata Palomares
Prata Palomares (BRA)
 Brasil
1971 
Género drama
Direção André Faria
Elenco Ítala Nandi, Renato Borghi, Carlos Gregório, Otávio Augusto
Idioma potuguês

Sinopse

Proibido pela censura, o filme retoma o tema da guerrilha, presente em outros filmes realizados entre o final dos anos de 1960 e o início da década seguinte, tais como Terra em Transe, de Glauber Rocha (1967), Blá, blá, blá, de Andrea Tonacci (1968), Dezesperato, de Sérgio Bernardes Filho (1968) e República da Traição, de Carlos Alberto Ebert (1970).

A trama gira em torno de dois guerrilheiros que, cercados pelas forças da ordem, escondem-se numa igreja da fictícia Porto Seguro, aguardando uma oportunidade para escapar em direção à área ocupada pelos seus companheiros. Um dos guerrilheiros (Renato Borghi), faz-se passar pelo padre que estava sendo aguardado pelos poderosos do lugarejo, enquanto o outro (Carlos Gregório) permanece escondido, construindo um barco para a fuga de ambos.

Chama a atenção no filme o imbricamento entre situações de cunho verossímil e oníricas. Após algum tempo escondidos, em meio a discussões e muita tensão, os guerrilheiros encontram a personagem de Ítala Nandi na igreja. Ela anuncia que quer ter um filho de ambos e faz amor com eles num clima fortemente simbólico. A mesma personagem aparecerá depois como seguidora de um líder popular local, assumindo um caráter verossímil. Torturada barbaramente pelos agentes do poder, ela ressurge no final do filme para reencontrar o guerrilheiro que construiu o barco. A própria relação entre os dois guerrilheiros sofre esse tipo de mudança radical, que se estende também à interpretação dos atores. Inesperadamente o falso padre começa a acreditar na nova identidade e procura se transformar em líder messiânico do lugar, envolvendo-se com os poderosos que torturam e matam um líder popular dentro da igreja. O falso padre, acreditando ter poderes miraculosos, entra em conflito com o colega guerrilheiro e morre.

Uma diferença marcante entre a película de André Faria Jr. e outras do mesmo período, com temática claramente politizada, é que, em Prata Palomares, há uma abordagem da religião através do guerrilheiro que trai a revolução, acreditando no fanatismo religioso como solução para os impasses sociais e políticos - dimensão esta inexistente ou presente apenas de forma tênue, nos demais filmes.

O ritmo temporal distendido e a sofisticada fotografia contribuem para a criação de uma atmosfera ao mesmo tempo mágica e sufocante, como a da missa na praia ou a da tortura do líder popular na igreja, realizada com o auxílio de objetos do templo religioso.

Em 1972, o Prata Palomares participou do Festival de Cannes na Semana da Crítica. O filme foi selecionado mas não pode ser projetado por exigência da censura do governo brasileiro.

Elenco

Referências

    • Vídeos - Guias Práticos Nova Cultural, 1988.
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