Real Audiência de Quito

A Real Audiência de Quito (Espanhol: Real Audiencia de Quito, às vezes sendo referida como la Presidencia de Quito ou el Reino de Quito) foi uma unidade administrativa do Império Espanhol o qual possuía jurisdição política, militar e religiosa sobre territórios que hoje incluem o Equador, partes do norte do Peru, sul da Colômbia e norte do Brasil. Ele foi criado através de um Decreto Real em 29 de Agosto de 1563 por Filipe II da Espanha na cidade de Guadalajara (Lei X do Título XV do Livro II da Reconpilación de Leyes de Indias).[1] Sua existência foi encerrada em 1822 com a incorporação de sua área pela Grã-Colômbia, que foi criada em 1819.



Real Audiencia de Quito
Real Audiencia de Quito

Colónia espanhola


1563  1822
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Real Audiencia de Quito
Localização de Real Audiencia de Quito
Continente América
Capital Quito
0° 15' S 78° 35' O
Religião Catolicismo
Governo Audiencia
Período histórico Império Espanhol
  29 de Agosto de 1563Fundação
  24 de Maio de 1822Dissolução

Estrutura

Real Audiência de Quito em 1563

O decreto de 1563 estabelecia essa estrutura e o distrito:

Na cidade de San Francisco de Quito, no Peru, deve residir outra Real Audiência e Chancelaria nossa, com um presidente; quatro juízes de casos civis ''oidores'', que também serão juízes de casos criminalísticos [alcaldes del crimen]; um advogado da coroa [fiscal]; um meirinho [aguacil mayor]; um tenente do Gran Chanceler; e outros ministros e oficiais necessários; e que terá para os distritos da Província de Quito, e ao longo da costa em direção à Ciudad de los Reyes [Lima] para o Porto de Paita, exclusivas; e no interior para Piura, Cajamarca, Chachapoyas, Moyobamba e Motilones, exclusivas, incluindo para a parte citada as cidades de Jaén, Valladolid, Loja, Zamora, Cuenca, La Zarza e Guaiaquil, com os restos das cidades que estão em seus distritos ou será fundada [neles] e para as cidades de La Canela e Quijos, deve ser incluído as cidades citadas e o resto devem ser descobertas; e ao longo da costa em direção ao Panamá, até o porto de Buenaventura, inclusive, e para o interior para Pasto, Popayán, Cáli e Buga, Chapanchinca e Guarchicona; porque o resto dos locais do Governo (Gobernación) de Popayan são da Audiência do Vice-Reino de Nova Granada, com o qual, e com o de Tierra Firme [Panamá], deve partilhar uma fronteira no norte, e com a de Los Reyes, no sul; tendo por fronteira ocidental o Mar do Sul [Oceano Pacífico] e leste das províncias que ainda não foram pacificada, nem descobertas.

A Audiência era efetivamente autônoma porque o governo do Vice-Reino (o qual a Audiência era tecnicamente subordinada nas questões políticas) era muito distante do território para o administrar efetivamente. Assim, o poder foi transferido para a Audiência pelo Vice-Rei e o território que o compreendia foi administrado diretamente pelo Presidente da Audiência e as autoridades políticas, militares e religiosas abaixo de seu cargo. Inicialmente a Audiência de Quito formava parte do Vice-Reino do Peru (entre 1563-1717 e 1723-1739). Posteriormente, a Audiência fez parte do novo Vice-Reino de Nova Granada (1717-1723). Esse Vice-Reino foi temporariamente suspenso pelo Rei da Espanha em 1723 e a Audiência de Quito retornou para o Vice-Reino do Peru. Em 1739, o Vice-Reino de Nova Granada foi re-estabelecido e a Audiência de Quito pode retornar para esse Vice-Reino até a sua declaração de independência da Espanha em 1822. Equador juntou seus territórios no que hoje é a Venezuela, Colômbia e Panamá para forma a Grã-Colômbia.[2]

Independência

Como parte da Grã-Colômbia, os territórios de Quito foram divididos em distritos, departamentos e províncias em 25 de junho de 1824 pela La Ley de División Territorial de la República de Colombia. A Audiência de Quito foi dividida em 4 departamentos: Equador, Guayaquil, Azuay e Cauca. Os departamentos de Equador, Guayaquil e Azuay uniram-se para formar o Distrito del Sur. Em 13 de maio de 1830, esses três departamentos se separaram da Grã-Colômbia para formar o Equador com Juan José Flores como seu primeiro presidente, o qual tentou incorporar o Departamento de Cauca, mas sem sucesso.

Presidentes da Real Audiência de Quito

Grã-Colômbia com as divisões em departamentos
  • Hernando de Santillán (1563-1571)
  • Lope Díez de Armendáriz (1571-1574)
  • Pedro Gracía de Valverde (1574-1578)
  • Diego de Narváez (1578-1581)
  • Manuel Barros de San Millán (1587-1593)
  • Esteban Marañón (1593-1599)
  • Miguel de Ibarra (1600-1608)
  • Juan Fernández de Recalde (1609-1612)
  • Antonio de Morga (1615-1624 – 1627-1636)
  • Alonso Pérez de Salazar (1637-1642)
  • Juan de Lizaraza (1642-1645)
  • Martín de Arriola (1645-1652)
  • Pedro Vásquez de Velasco (1655-1661)
  • Antonio Fernández de Heredia (1662-1665)
  • Diego del Corro Carrascal (1670-1673)
  • Lope Antonio de Munive (1678-1689)
  • Mateo de la Mata Ponce de León (1691-1703)
  • Francisco López Dicastillo (1703-1705)
  • Juan de Sosaya (1707-1714)
  • Santiago Larraín (1715-1718)
  • Abolição da Corte real 1718-1721
  • Dionisio de Alceda (1728-1736)
  • José de Araujo (1736-1745)
  • Fernando Sánchez de Orellana (1745-1753)
  • Juan Pío de Montúfar (1753-1761)
  • José Diguja (1767-1778)
  • José García de León (1778-1784)
  • José de Villalengua (1784-1790)
  • Antonio Mon y Velarde (1790-1791)
  • Luis Muñoz de Guzmán (1791-1798)
  • Luis Héctor de Carondelet (1799-1807)
  • Manuel Urriez, conde Ruiz de Castilla (1807-1809)
  • Supremo Conselho (1809, presidente: Juan Pío Montúfar)
  • Manuel Urriez, conde Ruiz de Castilla (1809-1811)
  • Conselho Soberano (1811-1812, presidente: José Cuero y Caicedo)
  • Toribio Montes (1812-1817)
  • Juan Ramírez de Orosco (1817-1819)
  • Melchor Aymerich (1819-1821)
  • Juan de la Cruz Mourgeón (1821-1822)
  • Melchor Aymerich (1822)

Referências

  1. Spain (1680). Recopilación de las Leyes de Indias. Titulo Quince. De las Audiencias y Chancillerias Reales de las Indias. Madrid. [S.l.: s.n.]
  2. Phelan, John Leddy. The Kingdom of Quito in the Seventeenth Century: Bureaucratic Politics in the Spanish Empire. Madison, University of Wisconsin Press, 1967.
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.