Relações entre Espanha e Guiné Equatorial

As relações entre Espanha e Guiné Equatorial referem-se às relações internacionais entre a Guiné Equatorial e o Reino de Espanha. A Espanha possui uma embaixada em Malabo e um consulado em Bata. A Guiné Equatorial tem uma embaixada em Madri. Ambas as nações são membros da Organização dos Estados Ibero-Americanos.

Relações entre Guiné Equatorial e Espanha
Bandeira da Guiné Equatorial   Bandeira da Espanha
Mapa indicando localização da Guiné Equatorial e da Espanha.
Mapa indicando localização da Guiné Equatorial e da Espanha.

História

Colonização espanhola

Selo da Guiné Espanhola.

Os primeiros europeus a explorar a ilha de Fernando Po e Annobón foram os portugueses que chegaram em 1472. Em 1778, Portugal cedeu o território para a Espanha após a assinatura do Tratado de El Pardo. Essas cessões foram feitas para que a Espanha tivesse acesso a escravos para a América espanhola e, ao mesmo tempo, reconheceu os direitos do oeste português do meridiano 50 W no atual Brasil. [1] A Espanha controlou o seu novo território, chamado Guiné Espanhola, a partir do Vice-Reino do Rio da Prata, com sede em Buenos Aires. Em 1781, a Espanha retirou-se do território depois que muitos dos colonos e soldados espanhóis foram dizimados pela febre amarela. [1]

Em 1827, a Espanha arrendou a ilha de Fernando Po para a Marinha Real Britânica que requereu uma base para vigiar os escravos depois que aboliram o tráfico de escravos em 1807. Por 1844, a Espanha assumiu o controle de seu território e passou a usá-lo como assentamento penal para os cubanos. [1] Após a Guerra Hispano-Americana, o território da Guiné Espanhola foi o último território significativo da Espanha. Após a Guerra Civil Espanhola, em 1959, a Guiné Espanhola seria reorganizada em duas províncias de ultramar da Espanha, colocada sob governos civis e os residentes da Guiné espanhola receberam a cidadania espanhola completa. [1] Em 1963, a Guiné Espanhola recebeu autonomia econômica e administrativa.

Independência

Na década de 1960, há um movimento para a descolonização da África. Em 1967, os residentes da Guiné Espanhola começaram a exigir a independência. No começo de 1968, o governo espanhol suspendeu o controle político autônomo sobre o território e propôs um referendo nacional sobre uma nova constituição. [1] A constituição foi aprovada em 11 de agosto pelos residentes da Guiné e em 12 de outubro de 1968, a Guiné Espanhola declarou sua independência e alterou seu nome para Guiné Equatorial. A Espanha imediatamente reconheceu a nova nação e estabeleceu relações diplomáticas. [2] No mesmo ano, Francisco Macías Nguema tornou-se o primeiro presidente da nova nação independente. Em 1969, todas as tropas espanholas e a maioria da comunidade espanhola deixaria o país para a Espanha. [3]

Pós-independência

Em outubro de 1978, as relações entre as duas nações tornaram-se tensas quando o presidente Nguema, que assumiu o poder absoluto no país em 1973; passou a enviar famílias e aldeias inteiras para execução ou para campos de imigrantes. Em março de 1977, a Espanha suspendeu as relações diplomáticas com a Guiné Equatorial devido à repressão do presidente Nguema e seus ataques verbais contra o governo espanhol. [4] Em 1978, a Espanha estava preparada para enviar tropas ao país para intervir e evacuar seus cidadãos caso fossem particularmente alvos do presidente Nguema. [5] Em agosto de 1979, um golpe de Estado foi liderado pelo tenente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, o sobrinho do presidente Nguema. Naquele mesmo mês, o tenente Obiang anteriormente havia solicitado ao governo espanhol assistência militar que, no entanto, seria recusada. [6] No mesmo mês, o presidente Nguema foi capturado pelas forças da oposição e executado. [1] O tenente Obiang tornou-se o segundo presidente da Guiné Equatorial.

Entre 1979 e 1983, a Espanha enviou a Guiné Equatorial 15 milhões de pesetas espanholas para o desenvolvimento da nação. [7] As relações entre os dois países quase são cortadas devido à renegociação da dívida em 1983 e o fato de que a Guiné Equatorial devia à Espanha mais de 6 milhões de pesetas espanholas. [8] Acordos seriam feitos antes de serem tomadas medidas mais drásticas. Durante a tentativa de golpe de Estado de 2004, o presidente Obiang acusou a Espanha de ter conhecimento sobre a tentativa de golpe e de enviar dois navios de guerra espanhóis para a região; contudo, o presidente espanhol José María Aznar negou as alegações de que os navios estavam lá para auxiliar o golpe. [9]

Relações diplomáticas

A Espanha mantém relações diplomáticas com a Guiné Equatorial desde a sua independência em 1968, embora tenham sido interrompidas no último período do governo de Macías Nguema. Em 1971 foi firmado o Acordo Consular entre a Espanha e a República da Guiné Equatorial.[10] A partir de 1979, a Espanha fez um esforço considerável na cooperação para o desenvolvimento, no que constituíram as primícias da posterior política de cooperação. Em 1980, foi assinado o Tratado de Amizade e Cooperação, no âmbito do qual seriam celebradas doze comissões conjuntas que cobrem todo o espectro das relações bilaterais entre os dois países, com atenção especial para a cooperação ao desenvolvimento.[11]

Os laços históricos, culturais e humanos entre os dois países marcam suas relações. Entre outros campos de colaboração, a Espanha e a Guiné Equatorial promovem ativamente e conjuntamente o uso da língua espanhola na União Africana.[11]

Relações comerciais

As relações comerciais entre a Guiné Equatorial e a Espanha sofreram um forte crescimento nos últimos anos. O grande desenvolvimento econômico do país, impulsionado pelo setor de hidrocarbonetos, juntamente com os fortes laços históricos e culturais entre a Guiné Equatorial e a Espanha e a existência de uma estrutura logística consolidada, são fatores determinantes do impulso comercial entre os dois países.

A Guiné Equatorial é, apesar de sua pequena população, o primeiro país da África Central destino das exportações provenientes da Espanha (18,4%), o quarto da África Subsaariana e o oitavo da África, segundo dados de 2012. A nível mundial é o 65.º país cliente da Espanha.[11]

Em 2016, o comércio entre a Guiné Equatorial e a Espanha totalizou € 748 milhões de euros.[12] 90% das exportações da Guiné Equatorial para a Espanha estão no petróleo. As principais exportações da Espanha para a Guiné Equatorial incluem: bebidas, móveis e lâmpadas, equipamentos mecânicos, automóveis e caminhões e material eletrônico. [12] A Espanha possui 3 milhões de euros de investimento na Guiné Equatorial, principalmente no setor de construção. Ao mesmo tempo, o investimento da Guiné Equatorial na Espanha totaliza € 4 milhões de euros. [12] A Guiné Equatorial é o nono maior parceiro comercial da Espanha da África (78.º maior globalmente). A Espanha é o terceiro maior parceiro comercial da Guiné Equatorial globalmente (depois da China e dos Estados Unidos). [12]


Referências

  1. British Britannica: History of Equatorial Guinea (em inglês)
  2. Relaciones Bilaterales entre España y Guinea Ecuatorial (em castelhano)
  3. Cuatrocientos sesenta españoles llegan a Tenerife - DIARIO ABC (em castelhano)
  4. España suspende las relaciones diplomáticas con Guinea Ecuatorial - El País, 23 de março de 1977 (em castelhano)
  5. España, preparada para intervenir en Guinea Ecuatorial en defensa de los súbditos españoles - El País, 28 de outubro de 1978 (em castelhano)
  6. El sobrino de Francisco MACÍAS, el autoproclamado teniente coronel Teodoro Obiang Nguema da un golpe de estado, mandando juzgar y fusilar a su tío (em castelhano)
  7. España y la Transición Política en Guinea Ecuatorial, Joan Roig (em castelhano)
  8. Las relaciones entre España y Guinea Ecuatorial se encuentran paralizadas y al borde de la ruptura total - El País, 26 de julho de 1983 (em castelhano)
  9. Spain 'backed E Guinea coup plot' - BBC, 29 de novembro de 2004 (em inglês)
  10. Convênio Consular entre Espanha e República da Guiné Equatorial firmado em Santa Isabel de Fernando Poo em 24 de julho de 1971.
  11. Ficha de Guinea Ecuatorial Oficina de Información Diplomática del Ministerio de Asuntos Exteriores y Cooperación de España, Relaciones Diplomáticas
  12. Relaciones económicas y comerciales de España con el conjunto de la región: Guinea Ecuatorial (em castelhano)
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.