Sistemática das aranhas

A aracnologia actualmente divide as aranhas em três subordens, com cerca de 38 superfamílias, e 108 famílias. Cinco destas famílias são consideradas em incertae sedis, o que significa que a sua clasificação dentro das superfamílias propostas não recebe a concordância generalizada dos sistematas.

Devido ao progresso na investigação científica no campo da aracnologia, com novas espécies a serem descobertas e outras a serem reconhecidas, o número de espécies integradas em cada famílias não reflecte exactamente a situação presente, sendo apenas um número inducativo.

Embora existam diversas formas de agrupar as famílias de aranhas, a tabela abaixo segue a seguinte estrutura taxonómica:

• Subordem Mesothelae — agrupa as aranhas de aspecto primitivo, com estrutura corporal semelhante aos Solifugae, caracterizadas pela presença de placas segmentadas (escleritos) sobre o abdómen, criando a ilusão de segmentação abdominal. Esta subordem inclui poucas espécies extantes, e mesmo estas com distribuição natural limitada a poucas regiões geográficas, sendo que duas das três famílias incluídas estão extintas:
  • Arthrolycosidae — família de aranhas primitivas, considerada extinta, com máxima biodiversidade no Carbonífero;
  • Arthromygalidae — família de aranhas primitivas, com algumas semelhanças somáticas com as tarântulas, considerada extinta;
  • Liphistiidae — família asiática de aranhas escavadoras, considerada filogeneticamente basal.
• Subordem Opisthothelae — agrupa as aranhas sem escleritos (placas segmentares), contendo a esmagadora maioria da espécies de aranhas extantes. Alguns autores consideram este táxon como um clado de ordem superior, elevando as infraordens Mygalomorphae e Araneomorphae ao nível de subordem. A subordem inclui as seguintes infraordens:
  • Infraordem Mygalomorphae — aranhas caracterizadas pela presença de quelíceras orientadas verticalmente em relação ao prossoma e pela presença de quatro pulmões foliáceos com aberturas independentes;
  • Infraordem Araneomorphae — agrupa a generalidade das espécies de aranhas mais comuns, sendo um dos grupos com maior biodiversidade entre os artrópodes. Caracteriza-se pela presença de quelíceras cujas pontas se aproximam quando o animal morde e por terem em geral apenas um par pulmões foliáceos (filotraqueias).

A infraordem Mygalomorphae tem vindo a ser progressivamente organizada num conjunto de clades baseadas na filogenia das superfamílias e famílias que vão resultando dos resultados obtidos com as técnicas da biologia molecular. Embora sem alcançar unanimidade, com base na informação do projecto Tree of Life, esta poderá ser uma das possíveis formas de sistematizar o grupo:[1]

Estudos mais recentes agrupam as Araneomorphae num conjunto de clades que reflectem as relações filogenéticas entre as superfamílias tradicionalmente consideradas:[2][3]

Sublinhadas a azul estão os agrupamentos desenvolvidos abaixo. As famílias foram organizadas de acordo com Norman I. Platnick, 2006. The World Spider Catalog, Version 7.0. American Museum of Natural History.

Por sua vez, o grupo Haplogynae, em geral considerado ao nível da infraordem, agrega as espécies caracterizadas pela comparativa simplicidade dos seus órgãos genitais femininos, nos quais está ausenta o epígino e existe apenas uma entrada para a vulva. São as seguintes as relações filogenéticas entre as superfamílias da infraordem Haplogynae:[2][3]

As famílias foram organizadas de acordo com Norman I. Platnick, 2006. The World Spider Catalog, Version 7.0. American Museum of Natural History.

O grupo Entelegynae, em geral também considerado ao nível da infraordem, agrega as espécies caracterizadas pela comparativa complexidade dos seus órgãos genitais femininos, nos quais está presente o epígino. São as seguintes as relações filogenéticas entre as superfamílias da infraordem Haplogynae:[2][3]

As famílias foram organizadas de acordo com Norman I. Platnick, 2006. The World Spider Catalog, Version 7.0. American Museum of Natural History.

As famílias em negrito contêm uma ou mais espécies que são venenosas para os humanos. Em português, as famílias de aranhas não têm, em geral, nome vernáculo. Na na maioria dos casos, na coluna "nome comum" é apenas indicado o nome aportuguesado da família.

• The World Spider Catalog, Version 12.5 (famílias, espécies)
• Synopsis of the described Araneae of the World (subordens)