Walderez de Barros

Walderez Mathias Martins de Barros, mais conhecida apenas como Walderez de Barros (Ribeirão Preto, 31 de outubro de 1940), é uma atriz e produtora brasileira.

Walderez de Barros
Walderez de Barros
Barros em 2017.
Nome completo Walderez Mathias Martins de Barros
Nascimento 31 de outubro de 1940 (83 anos)
Ribeirão Preto, SP
Nacionalidade brasileira
Cônjuge Plínio Marcos (1963–1984)[1]
Filho(a)(s) Léo de Barros
Kiko de Barros
Ana de Barros
Ocupação atriz
produtora
Principais trabalhos Judite em O Rei do Gado
Ema em Laços de Família

Biografia

Vinda de uma família de ascendência italiana e espanhola, Walderez nasceu na cidade de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, em 31 de outubro de 1940. Iniciou formação acadêmica no curso de filosofia, na Universidade de São Paulo (USP) e, concomitantemente, começou a atuar no teatro estudantil. Iniciou integrando um grupo ligado ao Centro Popular de Cultura da UNE - CPC, com a peça "O Balanço", uma criação coletiva dirigida por Fauzi Arap, em 1961.[2]

Ao longo dos anos subsequentes, a atriz começou a frequentar o teatro estudantil do Teatro de Arena e, posteriormente, empeçou estudos de interpretação com Eugênio Kusnet, no Teatro Oficina. Foi em 1963 que Walderez fez sua estreia profissional no teatro no espetáculo Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro, sendo dirigida por Hermilo Borba Filho.

Em 1962 conheceu o dramaturgo Plínio Marcos, com quem se casou em 1963, e passou a fazer parte dos projetos do mesmo.[2] Em 1965 fez parte do elenco da peça Reportagem de Um Tempo Mau, colagem de textos e cenas de Plínio e de outros autores, proibido pela Censura Federal, que teve uma única apresentação no Teatro de Arena, a portas fechadas.[2]

Sua estreia na televisão foi em 1968, na novela Beto Rockfeller na Rede Tupi, emissora em que trabalhou até o ano de 1978. Durante esses 10 anos de Rede Tupi, Walderez fez várias novelas entre elas os sucessos Simplesmente Maria, O Machão e Papai Coração.

Em 1969, tentou montar o espetáculo Abajur Lilás, sob direção de Paulo Goulart, porém, novamente, sofreu com a censura da época. Uma nova tentativa dá-se em 1975, com direção de Antônio Abujamra, e uma nova proibição, agora às vésperas da estreia. Foi apenas em 1980 que o texto pode ir aos palcos, com direção de Fauzi Arap. Seu desempenho foi muito aclamado pela crítica, apresentando um comovente trabalho. Sua atuação lhe rendeu os troféus Moliére e Troféu Mambembe de melhor atriz.[3]

Deu vida, em 1970, o papel-título de Balbina de Iansã, numa encenação de Plínio realizada na quadra da Escola de Samba Camisa Verde e Branco. Volta aos palcos em 1977 para dividir o palco com Ewerton de Castro em O Poeta da Vila e Seus Amores, texto de Plínio Marcos dedicado a Noel Rosa que inaugura a sala do Teatro Popular do Sesi - TPS, na Av. Paulista, com direção de Osmar Rodrigues Cruz. Segue-se Mocinhos Bandidos, texto e direção de Fauzi Arap, em 1979. Sob a direção de Jorge Takla e ao lado de Cleyde Yáconis, interpreta O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchekhov, em grande estilo. Com o mesmo diretor participa de outras montagens bem-sucedidas nos anos seguintes: Agnes de Deus, de John Pielmeier, em 1982, e Electra, de Sófocles, em 1987, vivendo uma intensa Clitmnestra.

Em 1985, estreia um papel escrito sob medida para ela - Madame Blavatski - original que lhe vale premiações e marca uma guinada na vida de Plínio Marcos, orientando-o para o misticismo. No ano seguinte, vive um clown em Balada de Um Palhaço, outra criação de Plínio dirigida por Odavlas Petti.

Com o Grupo TAPA faz Solness, O Construtor, de Henrik Ibsen, em 1988, ao lado de Paulo Autran e direção de Eduardo Tolentino de Araújo. Além de participar de Nossa Cidade, montagem do grupo destinada a percorrer cidades do interior. Após dez anos afastada da teledramaturgia, regressou em 1988 para fazer parte do elenco da minissérie Sampa, marcando, assim, a estreia de Walderez na Rede Globo.

Em 1990, faz a novela Brasileiras e Brasileiros no SBT. Em 1992, volta, com o mesmo grupo, a co-escrever e interpretar o recital de poemas de canções de Jacques Prévert As Portas da Noite, em delicado e atrativo desempenho. Em Max, um monólogo alemão de Manfred Kage dirigido por Val Folly, representa uma figura masculina, em 1991. Mais uma vez com texto de Plínio Marcos surge em 1993, na direção de Eduardo Tolentino de Araújo, Querô, uma Reportagem Maldita, onde encarna uma prostituta favelada; papel diametralmente oposto ao de Arkádina, a rica e inconseqüente atriz de A Gaivota, de Anton Tchekhov, em montagem conduzida por Francisco Medeiros nos porões do Centro Cultural São Paulo - CCSP no mesmo ano.

Sua primeira novela na Rede Globo, foi Cara & Coroa em 1995, onde deu vida a uma guarda penitenciária, chamada Souza.[4] No ano seguinte, encarna um de seus papéis mais marcantes na televisão, a geniosa Judite em O Rei do Gado. A novela fez um grande sucesso na crítica e na audiência, e sua personagem também, ao lado do consagrado ator Raul Cortez, sendo ganhadora do Troféu APCA de melhor atriz coadjuvante.

Após participações em minisséries e seriados na emissora, Rede Globo, voltou a chamar atenção em 2000, em outro grande sucesso da teledramaturgia brasileiro, Laços de Família. Na trama ela deu vida à costureira Ema, mãe da personagem interpretada por Giovanna Antonelli, Capitu, que escondia dos pais seu trabalho na prostituição[5]. Em 2001, emenda outro grande sucesso, O Clone, dando vida à muçulmana Sálua Rachid, mãe da protagonista Jade, repetindo parceria com Giovanna Antonelli.[6]

Em 2002, interpretou a vilã Judite em Desejos de Mulher, uma mulher machista, neurótica e controladora.[7] Em 2003, interpretara a governanta Alzira em Mulheres Apaixonadas[8]. Em 2005, deu vida a doce e bondosa Adelaide, em Alma Gêmea. Na trama, sua personagem era mãe das personagens interpretadas por Ana Lúcia Torre e Elizabeth Savalla, apesar da pouca diferença de idade entre as atrizes, 4 e 14 anos, respectivamente.

Em 2006 esteve na novela Páginas da Vida, interpretando Constância. Após alguns anos, participando de telenovelas e seriados, voltou a se destacar em 2010, em Escrito nas Estrelas, onde deu vida à mal-humorada Zenilda, realizando uma incrível parceria com a atriz Jandira Martini, a qual interpretava irmã de sua personagem.[9] Em 2011, interpretou a mãe do protagonista de Morde e Assopra, Hortência. A convite de Glória Perez, integrou o elenco de Salve Jorge em 2012 para interpretar a turca Cyla.

Filmografia

Televisão

Ano Título Personagem Notas
1968Beto RockfellerMercedes
1969João Juca Jr.MariaEpisódio: "15 de dezembro"
1970Simplesmente MariaTeresa
1974O MachãoSerafina
1976Papai CoraçãoIrmã Matilde
Canção para IsabelRuthEpisódio: "61"
1978Salário MínimoAugusta
1989SampaSara
1990Brasileiras e BrasileirosCândida
1995Cara & CoroaSouza
1996O Rei do GadoJudite Berdinazzi
1998Dona Flor e Seus Dois MaridosDona Rosilda
Hilda FuracãoEmerenciana Drummond (Ciana)
1999Luna CalienteCarmem
Você DecideIsauraEpisódio: "Bruxaria"
Episódio: "Numa e a Ninfa"
2000Laços de FamíliaEma Gomes
2001O CloneSalua RachidEpisódio: "1 de outubro"
2002Desejos de MulherJudite Moreno
2003Mulheres ApaixonadasAlzira Vicenza Macedo
2005A História de Rosa
Alma GêmeaAdelaide Ávilla
Carga PesadaLeontinaEpisódio: "Penúltimo Desejo"
2006Páginas da VidaConstância Ribeiro
2008AliceGlícia Zanetti
Ciranda de PedraRamira Lemos
Xuxa e as NoviçasSumériaTelefilme
2009ParaísoDona Ida
2010Alice: um Especial em Duas PartesGlícia ZanettiEpisódio: "O Primeiro Dia do Resto da Minha Vida"
Escrito nas EstrelasZenilda Salmon
2011Morde & AssopraHortência Martins de Medeiros
2012Salve JorgeCyla
2015Sete VidasIara Martins Vieira
2016Tempero SecretoMarocaTemporada 1
2019Éramos SeisDona Marlene de Lemos[10][11]
2020HebeEsther Camargo
2022IndependênciasMaria I de Portugal[12]
2023Betinho - No Fio da NavalhaDona Maria[13]

Cinema

Ano Título Personagem Notas
1970 Juliana do Amor Perdido
1993 Opressão Mãe Curta-metragem
1994 Amor Materno
1998 Os Três Zuretas Vó Joana
1999 Outras Estórias Efigênia
2001 Tônica Dominante Senhora Distinta[14]
Copacabana Salete
2010 Quincas Berro d'Água Tia Marisa
2013 Dores de Amores Tarológa
2017 Cora Coralina - Todas as Vidas Cora Coralina [15]
2019 Hebe: A Estrela do Brasil Esther Magalhães Camargo
2022 Pureza Ruth Vilela[16]

Teatro[17]

  • 1961 - O Balanço (Teatro amador)
  • 1962 - A Árvore que Andava (Teatro amador)
  • 1962 - Enquanto os Navios Atracam (Teatro amador)
  • 1963 - Onde Canta o Sabiá (Estreia profissional)
  • 1965 - Reportagem de um Tempo Mau (censurada)
  • 1965 - Jornada de um Imbecil até o Entendimento (censurada)
  • 1968 - Homens de Papel
  • 1969 - O Cinto Acusador
  • 1970 - Balbina de Iansã
  • 1971/1972 - Quando as Máquinas Param
  • 1975 - Bye, Bye, Pororoca
  • 1977 - O Poeta da Vila e Seus Amores
  • 1979 - Mocinhos e Bandidos
  • 1980 - O Abajur Lilás
  • 1980 - Madame Blavatsky
  • 1981 - O Jardim das Cerejeiras
  • 1982 - Agnes de Deus
  • 1984 - Quase 84
  • 1984 - Um Tiro no Coração
  • 1986 - A Balada de um Palhaço
  • 1987 - Electra...Clitemnestra
  • 1988 - Lago 21
  • 1988 - Tudo no Escuro
  • 1989 - Solness, o Construtor
  • 1990 - Max
  • 1992 - Querô, uma Reportagem Maldita
  • 1994/1996 - A Gaivota
  • 1994 - As Traças da Paixão
  • 1995 - Bang-Bang, Quando os Revólveres não Matam
  • 1997 - Medéia
  • 1999 - A Rainha da Beleza de Leenane
  • 1999 - Tu e Eu
  • 2001 - As Cidades Invisíveis
  • 2004/2005 -Fausto Zero
  • 2013 - A Casa de Bernarda Alba
  • 2020 - As Portas da Noite[18]
  • 2022 - A Semente de Romã
  • 2022 - As Três Irmãs

Prêmios e indicações

Ano Premiação Categoria Nomeação Resultado
1980Prêmio MolièreMelhor Atriz
O Abajur Lilás
Venceu
Troféu MambembeMelhor AtrizVenceu
1985Prêmio MolièreMelhor Atriz
Madame Blavatsky
Venceu
Troféu MambembeMelhor AtrizVenceu
1990Prêmio MolièreMelhor Atriz
Max
Venceu
Troféu MambembeMelhor AtrizVenceu
1997Troféu APCAMelhor atriz coadjuvanteVenceu
1999Prêmio de Teatro Cultura Inglesa[3]Melhor Atriz
Rainha da Beleza de Leenane
Venceu
2010Prêmio Quem de Televisão[19]Melhor atriz coadjuvanteIndicado
2013Prêmio ShellMelhor atriz
Hécuba
Indicado

Referências

  1. Folha Ilustrada
  2. WALDEREZ de Barros. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa207610/walderez-de-barros>. Acesso em: 28 de Jul. 2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN 978-85-7979-060-7
  3. MENEZES, Rogério. Walderez de Barros : voz e silêncios – São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Cultura – Fundação Padre Anchieta, 2004.
  4. Memória Globo. «Galeria de Personagens». Cara & Coroa. Consultado em 27 de julho de 2019
  5. «Laços de Família - Ficha técnica». Memória Globo. Consultado em 3 de agosto de 2015
  6. Memória Globo. «O Clone - Ficha Técnica». Consultado em 14 de junho de 2002
  7. «Desejos de Mulher - Galeria de Personagens». Memória Globo. Consultado em 22 de outubro de 2016. Arquivado do original em 22 de janeiro de 2016
  8. Redação Memória Globo (2010). «Memória Globo - Mulheres Apaixonadas». Rede Globo. Globo.com
  9. Mota, Arcângela (12 de abril de 2010). «Escrito nas Estrelas' estreia nesta segunda; conheça os personagens». Portal Terra. Terra Diversão. Consultado em 1 de julho de 2010
  10. «Elenco de "Éramos Seis" é definido na Globo». tvefamosos.uol.com.br. Consultado em 9 de abril de 2019
  11. Redação (8 de abril de 2019). «Camila Amado, Denise Weinberg e Walderez de Barros farão a novela "Éramos Seis"». Notícias de TV. Consultado em 10 de abril de 2019
  12. Ribeiro, Clara. «Minissérie da TV Cultura com Antonio Fagundes será exibida em diversos países». observatoriodatv.uol.com.br/. Consultado em 10 de agosto de 2022
  13. «Betinho: No Fio da Navalha traz figuras famosas do meio artístico e político; compare com o elenco!». gshow.globo.com. Consultado em 4 de dezembro de 2023
  14. «Tônica Dominante». Cinemateca Brasileira. Consultado em 7 de dezembro de 2017
  15. «Cora Coralina - Todas as Vidas». AdoroCinema. Consultado em 7 de julho de 2018
  16. Apolinário, Sônia (20 de abril de 2022). «Baseado em história real, filme 'Pureza' denuncia o trabalho escravo contemporâneo no Brasil». ComuniC. Consultado em 26 de novembro de 2023
  17. «WALDEREZ de Barros. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras». enciclopedia.itaucultural.org.br. Consultado em 22 de agosto de 2022
  18. «As portas da noite: Walderez de Barros encerra mostra de repertório». favodomellone.com.br. Consultado em 4 de dezembro de 2023
  19. 4° Prêmio QUEM 2010: Conheça os grandes vencedores

Ligações externas

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