Eleitorado de Colônia

O 'Eleitorado de Colónia (português europeu) ou Colônia (português brasileiro) ' (em alemão: Kurfürstentum Köln) foi um principado eclesiástico do Sacro Império Romano que existiu entre a primeira metade do século X e o início do século XIX. Consistia de um Hochstift - as possessões temporais - do arcebispo de Colônia e era governado por ele na qualidade de príncipe-eleitor. O eleitorado não deve ser confundido com a Arquidiocese Católica Romana de Colônia, que era maior e sobre a qual o arcebispo-eleitor apenas autoridade espiritual. Havia apenas dois outros príncipes-eleitores eclesiásticos no império: os do Eleitorado de Mainz e do Eleitorado de Tréveris. O arcebispo-eleitor de Colônia também era arquichanceler da Itália (um dos três reinos titulares componentes do Sacro Império Romano, os outros dois eram a Germânia e a Borgonha) e, como tal, era o segundo entre todos os príncipes eclesiásticos e seculares do Império, depois do arcebispo-eleitor de Mainz, e antes do de Tréveris.



Erzstift und Kurfürstentum Köln
Kurerzstift Köln
Kurköln

Eleitorado de Colônia

Estado do Sacro Império Romano


953  1803
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Colônia
Localização de Colônia
Continente Europa
Região Alemanha
País Alemanha
Capital Colônia (953–1288)
Bonn (1597–1794)
Governo Principado Eclesiástico
História
  Império RomanoEstabelecido como Bispado
  953Elevado a arcebispado e Bruno I é nomeado arcebispo
  1031Arcebispos de Colônia tornam-se Arquichanceleres da Itália
  1288Colônia torna-se Cidade Imperial Livre
  1512Ingressa no Círculo Eleitoral do Reno
  1803Mediatização Alemã
Precedido por
Sucedido por
Ducado da Lorena
Condado de Hesse-Darmstadt
Ducado de Nassau
Condado de Wied-Runkel
Rhin-et-Moselle (departamento)
Roer (departamento)
Eleitorado de Colônia (em vermelho) e Estados vizinhos na primeira metade do século XVIII.

A capital do eleitorado era Colônia, mas conflitos com os cidadãos coloneses fizeram com que o eleitor se mudasse para Bonn. A Cidade Imperial Livre de Colônia foi reconhecida após 1475, retirando-a da autoridade secular nominal do eleitor. Colônia e Bonn foram ocupadas pela França em 1794. Os territórios da margem direita do eleitorado foram secularizados em 1803 durante a mediatização alemã.

O território do Eleitorado de Colônia era menor do que o da Arquidiocese de Colônia, que incluía bispados sufragâneos como Liège e Münster.

História

Colônia era a antiga cidade romana de Colônia Agrippina na província de Germânia Inferior e possuía um bispado desde essa época. Em 953, os arcebispos de Colônia receberam pela primeira vez um notável poder secular, quando Bruno, o Grande foi nomeado duque por seu irmão, o imperador Oto I. Para enfraquecer a nobreza secular, que ameaçava seu poder, Oto dotou Bruno e seus sucessores com as prerrogativas dos príncipes seculares. Este foi o início do estado eleitoral de Colônia, formado pelas possessões temporais do arcebispado com a inclusão de um território ao longo da margem esquerda do Reno, a leste de Jülich, e o ducado da Vestfália (na margem direita do Reno), além de Berg e Mark.

Até o final do século XII, o arcebispo de Colônia era um dos sete eleitores do Sacro Imperador Romano. Além de príncipe-eleitor, também era arquichanceler da Itália também - tecnicamente desde de 1238 e permanentemente de 1263 até 1803. Na Batalha de Worringen (1288), o arcebispo foi capturado e forçado a conceder a autonomia quase total à cidade. Finalmente, ele mudou-se para Bonn para escapar de conflitos de jurisdição com o governo da cidade. Em 1475, Colônia tornou-se uma Cidade Imperial Livre, independente do arcebispo.[1] O primeiro pogrom contra os judeus ocorreu em 1349, quando foram responsabilizados pela Peste negra e queimados em autos-da-fé.[2][3] Tensões políticas surgiram a partir de questões sobre tributação, gastos públicos, regulação e supervisão do comércio, bem como sobre os limites da autonomia coletiva.[4]

O comércio de longa distância no Báltico cresceu à medida que as grandes cidades comerciais se reuniam na Liga Hanseática, sob a liderança de Lübeck. Essa aliança mercantil, que chegou a reunir cerca de 100 cidades, estabeleceu e manteve um monopólio comercial sobre quase todo o norte da Europa e Báltico, florescendo entre 1200 e 1500 e perdendo gradativamente importância depois disso.[5] As principais cidades eram Colônia no rio Reno, Hamburgo e Bremen no Mar do Norte e Lübeck no Báltico.[6] As estruturas econômicas da Colônia medieval e pré-moderna estavam baseadas no maior porto da cidade, sua localização como pólo de transporte e seus comerciantes que criaram laços com seus pares em outras cidades hanseáticas.

Durante o século XVI, dois arcebispos de Colônia converteram-se ao protestantismo. O primeiro, Hermann von Wied, renunciou ao arcebispado no momento de sua conversão, mas Gebardo, Senescal de Waldburg, que se converteu ao calvinismo em 1582, tentou secularizar o arcebispado. Seu casamento, em fevereiro seguinte, e sua recusa em abandonar o território resultaram na eleição de um arcebispo e príncipe-eleitor concorrente, Ernesto da Baviera, irmão do duque Guilherme V da Baviera. Na guerra que se seguiu, o papa Gregório XIII financiou mercenários italianos e espanhóis e os católicos bávaros também enviaram um exército para apoiar Ernesto, enquanto a Holanda protestante apoiou von Waldburg. A guerra arruinou a maior parte da economia do eleitorado e muitas aldeias e cidades foram sitiadas e destruídas. O Cerco de Godesberg, entre novembro e dezembro de 1583, terminou com a destruição do Castelo de Godesberg e a morte da maioria de seus habitantes. Após muitos outros cercos, von Waldburg desistiu de suas reivindicações sobre o arcebispado e retirou-se com sua esposa para Estrasburgo. Ernesto tornou-se arcebispo - o primeiro grande sucesso da Contrarreforma na Alemanha. Sob a direção de Ernesto, os jesuítas supervisionaram a reintrodução do catolicismo no eleitorado. De 1583 a 1761, o arcebispado era efetivamente uma secundogenitura do ramo bávaro da Casa de Wittelsbach. Como o arcebispo neste período geralmente também detinha o Bispado de Münster (e muitas vezes o Bispado de Liège), ele foi um dos príncipes mais importantes do noroeste da Alemanha.

De 1597 até 1794, Bonn foi a residência do arcebispo-eleitor e, consequentemente, a capital do eleitorado.

Depois de 1795, os territórios do eleitorado na margem esquerda do Reno foram ocupados pela França e formalmente anexados em 1801. Colônia passou a integrar o departamento de Roer e Bonn passou a integrar o departamento de Rhin-et-Moselle. O Reichsdeputationshauptschluss de 1803 secularizou o restante do arcebispado, entregando o Ducado da Vestfália ao Landgraviato de Hesse-Darmstadt e Vest Recklinghausen ao Duque de Arenberg. Colônia foi, no entanto, restabelecida como sede de um arcebispado católico em 1824, e é uma arquidiocese até os dias atuais.

Referências

  1. «Cologne». Catholic Encyclopedia (em inglês). New Advent. Consultado em 4 de Janeiro de 2017
  2. «The Pogrom of 1349 and the Final Persecution of the Jews in 1424». Archäologische Zone (em inglês). Jüdisches Museum. Consultado em 4 de Janeiro de 2017
  3. «Cologne, Germany». Virtual Jewish World (em inglês). Jewish Virtual Library. Consultado em 4 de Janeiro de 2017
  4. Nicholas 2014, p. 235.
  5. Crainer 2002, p. 202.
  6. Thompson 1931, p. 146-179.

Bibliografia

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