Guerra Civil do Iêmen de 1994

A Guerra Civil do Iêmen de 1994 foi um conflito ocorrido em maio-julho de 1994 entre partidários e membros das forças armadas dos antigos estados do Iêmen do Norte e do Iêmen do Sul, resultando na derrota destes últimos e no exílio de vários dos líderes do Partido Socialista Iemenita e outros separatistas do sul,[5] marcando a posterior reunificação do país.

Guerra Civil do Iêmen (1994)
Unificação do Iêmen
Map of Yemen
Mapa do Iêmen
Data 4 de Maio – 7 de Julho de 1994
Local Iêmen
Desfecho Vitória do Norte
Beligerantes
borde Iêmen do Norte borde Iêmen do Sul
Comandantes
Ali Abdullah Saleh Ali Salim al-Bayd
Ali Mohammed Assadi
Forças
66.500 soldados
50.000 policiais
20.000 milicianos tribais[1]
27.500 tropas[2]
Baixas
931 mortos e 5.000 feridos no Norte[3]
7-10.000 mortos no total[4]
6.000 soldados e 513 civis mortos[3]

Antecedentes

A República do Iêmen foi declarada em 22 de maio de 1990, com Ali Abdullah Saleh como presidente e Ali Salim al-Beidh como vice-presidente. O Grande Iêmen tinha sido politicamente unido pela primeira vez em séculos. A unificação dos sistemas políticos e econômicos dos dois países ocorreria ao longo de 30 meses. Nesse tempo, um parlamento unificado foi formado e uma constituição única foi elaborada.[5]

As eleições foram realizadas em abril de 1993, e diante do resultado desfavorável, o vice-presidente Ali Salim Al-Beidh retirou-se para Aden em agosto de 1993 e afirmou que não retornaria ao governo até que suas reivindicações fossem ouvidas. Estas incluíam o fim da violência dos nortistas contra o seu Partido Socialista do Iêmen, assim como o fim da marginalização econômica do sul.[6] As negociações para acabar com o impasse político se arrastaram até 1994, o que fez o governo do primeiro-ministro Haydar Abu Bakr Al-Attas, ex-primeiro-ministro do Iêmen do Sul, tornar-se ineficaz devido as disputas políticas internas.[5]

Um acordo entre os líderes do norte e do sul, foi assinado em Amã, na Jordânia, em 20 de fevereiro de 1994, mas isso não pode deter a guerra civil.[5] Durante essas tensões, tanto o exército do norte como o do sul, seguiam formando instituições distintas e estavam guarnecendo as antigas fronteiras.[7]

Eventos

Em 27 de abril, uma grande batalha de tanques irrompeu em 'Amran, perto de Sanaa; ambos os lados acusam o outro de iniciá-la. Em 4 de maio, a força aérea sulista bombardeou Sanaa e em outras áreas no norte do país, a força aérea nortista respondeu bombardeando Aden. O presidente Saleh declarou estado de emergência de 30 dias e os cidadãos estrangeiros começaram a se retirar do país.[8] O vice-presidente al-Beidh foi oficialmente demitido. O Iêmen do Sul também disparou mísseis Scud em Sanaa, matando dezenas de civis.[9] O primeiro-ministro Haidar Abu Bakr al-Attas foi demitido em 10 de maio depois de apelar por ajuda externa para acabar com a guerra.[8]

Os líderes sulistas se separaram e declararam a República Democrática do Iêmen em 21 de maio de 1994,[6] que não obteve nenhum reconhecimento internacional. Em meados de maio, as forças do norte começaram a marchar em direção a Aden; a importante cidade de Ataq, que permitia o acesso aos campos de petróleo do país, foi tomada em 24 de maio.[10] O Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 924 pedindo por um fim aos combates e um cessar-fogo. Um cessar-fogo foi obtido em 6 de junho, porém durou apenas seis horas; negociações simultâneas para acabar com o conflito no Cairo também fracassaram[8] e as tropas nortistas entraram em Aden em 4 de julho. Os partidários de Ali Nasir Muhammad prestaram uma grande assistência às operações militares contra os separatistas e Aden foi capturada em 7 de julho de 1994.[5] A resistência rapidamente desmoronou e a maioria dos seus líderes militares e políticos fugiram para o exílio.[5]

Quase todos os combates da guerra civil de 1994 ocorreram na parte sul do país, apesar de ataques aéreos e de mísseis contra as principais cidades e instalações do norte. Os sulistas buscaram apoio de estados vizinhos e receberam bilhões de dólares em equipamentos e assistência financeira, principalmente da Arábia Saudita, que sentira-se ameaçada por um Iêmen unificado. Os Estados Unidos repetidamente pediam um cessar-fogo e um retorno à mesa de negociações. As várias tentativas, incluindo por um enviado especial das Nações Unidas e da Rússia, foram infrutíferas para efetuar um cessar-fogo.

Consequências

O presidente Saleh impôs seu controle absoluto sobre todo o país. Uma anistia geral foi declarada, com exceção de 16 figuras do sul; porém somente contra quatro foram abertos processos judiciais - Ali Salim al-Beidh, Haydar Abu Bakr Al-Attas, Abd Al-Rahman Ali Al-Jifri e Salih Munassar Al-Siyali - por desvio de fundos oficiais.[5]

Os líderes do Partido Socialista do Iêmen reorganizado após a guerra civil elegem um novo Politburo em julho de 1994. No entanto, muito de sua influência havia sido destruída durante a guerra.[5] O presidente Ali Abdullah Saleh foi eleito pelo parlamento em 1 de outubro de 1994 para um mandato de cinco anos. No entanto, permaneceu no cargo até 2012.

A partir de 2007, surge um grupo chamado Movimento do Iêmen do Sul exigindo à secessão sulista e o restabelecimento de um Estado independente no sul, o qual possui uma grande popularidade nesta parte do país, o que tem levado a um aumento das tensões e muitas vezes a violentos confrontos.[11]

Referências

  1. Armed forces - Yemen
  2. Uppsala conflict data expansion. Non-state actor information. Codebook Arquivado em 21 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. pp. 349
  3. "Yemen Civil War Caused Almost 6,000 Northern Casualties." Associated Press, 12 de julio de 1994.
  4. "Saleh down plays Yemeni war death toll." AFP, 12 de julio de 1994.
  5. «Yemen», Asia, History of Nations, consultado em 1 de Outubro de 2011, cópia arquivada em 13 de Novembro de 2011
  6. «Civil war». Consultado em 30 de Dezembro de 2012. Arquivado do original em 16 de Junho de 2013
  7. Yemen timeline
  8. The Middle East and North Africa, 2004, p. 1221
  9. «Five Scuds fired at Yemeni capital as war worsens - The Guardian, 7 April 1994». Consultado em 9 de março de 2009. Arquivado do original em 12 de Maio de 2009
  10. «North Yemeni Troops Seize Oil Field Center; Region Controls Country's Chief Resource | Article from The Washington Post | HighBeam Research». Consultado em 9 de março de 2009. Arquivado do original em 12 de Maio de 2009
  11. «Policemen killed in south Yemen in clash with rebels». News. UK: BBC. 1 de março de 2010
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.