Macrohaplogrupo L (ADNmt)

Em genética humana, o macro-haplogrupo L (mtADN) é o haplogrupo mais próximo de Eva (ADNmt) do qual descendem todos os haplogrupos.

Haplogrupo L

Tempo de origem 151,600–233,600 anos[1]
Lugar de origem África Oriental[2]
Ancestral Eva (ADNmt)
Descendentes L0, L1-6
Mutações definidas

O sistema de classificação dos haplogrupos mitocondriais (ADNmt) por letras de A a Z seguidos de números não reflete a ordem de mutações mas a ordem pela qual foram descobertas e classificadas as amostras disponíveis.

O haplogrupo L1, atualmente presente em África Ocidental e Central, foi originado à 150.000 anos, em África a partir do extinto haplogrupo L0. Cerca de um terço dos africanos tem o haplogrupo L2 que surgiu à 70.000 anos. Devido à prevalência do haplogrupo L2 na população com origem em áfrica, este é o mais comum entre os afro-americanos. O haplogrupo L3 é o ancestral comum dos haplogrupos M e N dos quais descendem todos os não africanos.[3]

Distribuição na Europa

As linhagens L são escassas na europa (<1%). De acordo com um estudo em 2012, por Cerezo et al., provavelmente cerca de 65% das linhagens do haplogrupo L existentes na população Europeia são provenientes de África em periodos históricos correspondentes à romanização, invasão arabe e comércio de escravos, os restantes 35% são provenientes de áfrica em èpocas pré-históricas, há mais de 11.000 anos.[4] Na Peninsula Ibérica, detetou-se principalmente uma linhagem pré-histórica (um subclado específico europeu), que terá vindo do período Epipaleolítico.

O aumento da freqüência verifica-se na parte ocidental da Península. Partindo da Galiza (3,26%) e Norte de Portugal (3,21%), para o centro (5,02%) e sul do país (11,38%).[5] Também foram relatadas freqüências de 7,40 % e 8,30%, respectivamente, no sul da Península Ibérica (Espanha e Portugal) e na população atual de Priego de Córdoba por Casas et al. 2006. [23][6] Também foram encontradas frequências baixas nas regiões autónomas de Portugal, com haplogrupos L que constituem cerca de 13% das linhagens na Madeira (se incluirmos descendentes de estrangeiros presentes na Ilha) e 3,4% nos Açores. No arquipélago espanhol das Ilhas Canárias, as frequências foram relatadas em 6,6%.[7] As frequências mais elevadas de linhagens Subsaarianas encontrados até agora na Europa foram observados por Alvarez et al. 2010, na comarca de Sayago (18,2%), o que está de acordo com os autores, "comparável à descrita para o Sul de Portugal"[8][9] e por Pereira et al. 2010, em Alcácer do Sal (22%).[10] Mas a população estudada de Alcácer do Sal incluía nitidamente imigrantes africanos, portanto não deve ser considerada como representativa da população nativa portuguesa.


Em Itália, as linhagens do haplogrupo L estão presentes nalgumas regiões com freqüências entre 2 e 3%, no Lácio (2,90%), Toscana,[11] Basilicata e na Sicília.[12]

Frequências (> 1%)

Region Population or Country Number tested Reference %
África OrientalSomalis26Watson et al. (1997)50.00%
África OrientalSudan112Afonso et al. (2008)72.50%
África OrientalEthiopia270Kivisild et al. (2004)52.20%
Norte de ÁfricaLibya (Jews)83Behar et al. (2008)3.60%
Norte de ÁfricaTunisia (Jews)37Behar et al. (2008)2.20%
Norte de ÁfricaMorocco (Jews)149Behar et al. (2008)1.34%
Norte de ÁfricaTunisia64Turchi et al. (2009)48.40%
Norte de ÁfricaTunisia (Takrouna)33Frigi et al. (2006)3.03%
Norte de ÁfricaTunisia (Zriba)50Turchi et al. (2009)8.00%
Norte de ÁfricaMorocco56Turchi et al. (2009)25.00%
Norte de ÁfricaMorocco (Berbers)64Turchi et al. (2009)3.20%
Norte de ÁfricaAlgeria (Mozabites)85Turchi et al. (2009)12.90%
Norte de ÁfricaAlgeria47Turchi et al. (2009)20.70%
EuropaItaly (Latium)138Achilli et al. (2007)2.90%
EuropaItaly (Volterra)114Achilli et al. (2007)2.60%
EuropaItaly (Basilicata)92Ottoni et al. (2009)2.20%
EuropaItaly (Sicily)154Ottoni et al. (2009)2.00%
EuropaSpain312Alvarez et al. (2007)2.90%
EuropaSpain (Galicia)92Pereira et al. (2005)3.30%
EuropaSpain (North East)118Pereira et al. (2005)2.54%
EuropaSpain (Priego de Cordoba)108Casas et al. (2006)8.30%
EuropaSpain (Zamora)214Alvarez et al. (2010)4.70%
EuropaSpain (Sayago)33Alvarez et al. (2010)18.18%
EuropaSpain (Catalonia)101Alvarez-Iglesias et al. (2009)2.97%
EuropaSouth Iberia310Casas et al. (2006)7.40%
EuropaSpain (Canaries)300Brehm et al. (2003)6.60%
EuropaSpain (Balearic Islands)231Picornell et al. (2005)2.20%
EuropaPortugal594Achilli et al. (2007)6.90%
EuropaPortugal (North)188Achilli et al. (2007)3.19%
EuropaPortugal (Central)203Achilli et al. (2007)6.40%
EuropaPortugal (South)203Achilli et al. (2007)10.84%
EuropaPortugal549Pereira et al. (2005)5.83%
EuropaPortugal (North)187Pereira et al. (2005)3.21%
EuropaPortugal (Central)239Pereira et al. (2005)5.02%
EuropaPortugal (South)123Pereira et al. (2005)11.38%
EuropaPortugal (Madeira)155Brehm et al. (2003)12.90%
EuropaPortugal (Açores)179Brehm et al. (2003)3.40%
EuropaPortugal (Alcacer do Sal)50Pereira et al. (2010)22.00%
EuropaPortugal (Coruche)160Pereira et al. (2010)8.70%
EuropaPortugal (Pias)75Pereira et al. (2010)3.90%
Oeste da ÁsiaYemen115Kivisild et al. (2004)45.70%
Oeste da ÁsiaYemen (Jews)119Behar et al. (2008)16.81%
Oeste da ÁsiaBedouins (Israel)58Behar et al. (2008)15.50%
Oeste da ÁsiaPalestinians (Israel)117Achilli et al. (2007)13.68%
Oeste da ÁsiaJordania494Achilli et al. (2007)12.50%
Oeste da ÁsiaIraq116Achilli et al. (2007)9.48%
Oeste da ÁsiaSyria328Achilli et al. (2007)9.15%
Oeste da ÁsiaSaudi Arabia120Abu-Amero et al. (2007)6.66%
Oeste da ÁsiaLebanon176Achilli et al. (2007)2.84%
Oeste da ÁsiaDruzes (Israel)77Behar et al. (2008)2.60%
Oeste da ÁsiaKurds82Achilli et al. (2007)2.44%
Oeste da ÁsiaTurkey340Achilli et al. (2007)1.76%
América do SulColombia (Antioquia)113Bedoya et al. (2006)8.00%
América do NorteMexico (North-Central)223Green et al. (2000)4.50%
América do SulArgentina246Corach et al. (2009)2.03%

Ver também

Hipótese da origem única

Haplogrupos de ADN mitocondrial humano

  Eva mitocondrial (L)    
L0 L1-6
L1 L2 L3   L4 L5 L6
  M N  
CZ D E G Q   A S   R   I W X Y
C Z B F R0   JT P  U
HV J T K
H V

Referências

  1. Soares P, Ermini L, Thomson N,; et al. (junho de 2009). «Correcting for purifying selection: an improved human mitochondrial molecular clock». Am. J. Hum. Genet. 84 (6): 740–59. PMC 2694979Acessível livremente. PMID 19500773. doi:10.1016/j.ajhg.2009.05.001
  2. Gonder MK, Mortensen HM, Reed FA, de Sousa A, Tishkoff SA (março de 2007). «Whole-mtDNA genome sequence analysis of ancient African lineages». Mol. Biol. Evol. 24 (3): 757–68. PMID 17194802. doi:10.1093/molbev/msl209
  3. Mitochondrial DNA Haplogroups. Quick Reference, Roberta’s Publications, pág. web visitada em 29 de setembro de 2013
  4. Cerezo M, Achilli A, Olivieri A,; et al. (maio de 2012). «Reconstructing ancient mitochondrial DNA links between Africa and Europa». Genome Res. 22 (5): 821–6. PMC 3337428Acessível livremente. PMID 22454235. doi:10.1101/gr.134452.111
  5. Pereira L, Cunha C, Alves C, Amorim A (abril de 2005). «African female heritage in Iberia: a reassessment of mtDNA lineage distribution in present times». Human Biology. 77 (2): 213–29. PMID 16201138. doi:10.1353/hub.2005.0041
  6. Casas MJ, Hagelberg E, Fregel R, Larruga JM, González AM (dezembro de 2006). «Human mitochondrial DNA diversity in an archaeological site in al-Andalus: genetic impact of migrations from Norte de África in medieval Spain». Am. J. Phys. Anthropol. 131 (4): 539–51. PMID 16685727. doi:10.1002/ajpa.20463
  7. Brehm A, Pereira L, Kivisild T, Amorim A (dezembro de 2003). «Mitochondrial portraits of the Madeira and Açores archipelagos witness different genetic pools of its settlers». Human Genetics. 114 (1): 77–86. PMID 14513360. doi:10.1007/s00439-003-1024-3
  8. Alvarez; et al. (2010). «Mitochondrial DNA Patterns in the Iberian Northern Plateau: Population Dynamics and Substructure of the Zamora Province». PMID 20127843
  9. As regards sub-Saharan Hgs (L1b, L2b, and L3b), the high frequency found in the southern regions of Zamora, 18.2% in Sayago and 8.1% in Bajo Duero, is comparable to that described for the South of Portugal, Alvarez et al. (2010)
  10. Pereira, Vânia; Verónica (1 de setembro de 2010). «Genetic characterization of uniparental lineages in populations from Southwest Iberia with past malaria endemicity». American Journal of Human Biology (em inglês). 22 (5): 588-595. ISSN 1520-6300. doi:10.1002/ajhb.21049
  11. Achilli A, Olivieri A, Pala M,; et al. (abril de 2007). «Mitochondrial DNA variation of modern Tuscans supports the near eastern origin of Etruscans». American Journal of Human Genetics. 80 (4): 759–68. PMC 1852723Acessível livremente. PMID 17357081. doi:10.1086/512822
  12. Ottoni C, Martinez-Labarga C, Vitelli L,; et al. (2009). «Human mitochondrial DNA variation in Southern Italy». Annals of Human Biology. 36 (6): 785–811. PMID 19852679. doi:10.3109/03014460903198509
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.