Nabeul

Nabeul (em árabe: نابل; romaniz.:Nābil, Nabl no dialeto local) é uma cidade da costa nordeste da Tunísia, situada a sul da península de cabo Bon, cerca de 70 km a sudeste de Tunes e 12 km a nordeste de Hammamet. É a capital da província homónima. Na Antiguidade foi chamada Neápolis, um nome partilhado com várias cidades do Mediterrâneo.

Tunísia Nabeul

نابل

 
  Município  
Imagens de Nabeul; de cima para baixo e da esquerda para direita: 1) monumento às laranjas de Nabeul; 2) Sede do município; 3) praia; 4) porta da cidade; 5) soco; 6) "Casa das Ninfas", no sítio arqueológico de Neápolis; 7) porta da Grande Mesquita; 8) prato de cuscuz tradicional do Ano Novo muçulmano.
Imagens de Nabeul; de cima para baixo e da esquerda para direita: 1) monumento às laranjas de Nabeul; 2) Sede do município; 3) praia; 4) porta da cidade; 5) soco; 6) "Casa das Ninfas", no sítio arqueológico de Neápolis; 7) porta da Grande Mesquita; 8) prato de cuscuz tradicional do Ano Novo muçulmano.
Imagens de Nabeul; de cima para baixo e da esquerda para direita: 1) monumento às laranjas de Nabeul; 2) Sede do município; 3) praia; 4) porta da cidade; 5) soco; 6) "Casa das Ninfas", no sítio arqueológico de Neápolis; 7) porta da Grande Mesquita; 8) prato de cuscuz tradicional do Ano Novo muçulmano.
Localização
Nabeul está localizado em: Tunísia
Nabeul
Localização de Nabeul na Tunísia
Coordenadas 36° 27' N 10° 44' E
País Tunísia
Província Nabeul
Prefeito Mohamed Daknou[1]
Características geográficas
População total (2004) [2] 56 387 hab.
Nota: A área urbana constituída por Nabeul, Hammamet e outras localidades vizinhas tem cerca de 185 000 habitantes.
Altitude mínima 0 m
Código postal 8000
Outras informações
Soco semanal sexta-feira

Em 2004 o município tinha 56 387 habitantes.[2] A zona urbana contínua formada com as localidades vizinhas de Dar Chaâbane, Béni Khiar e El Maâmoura tem cerca de 120 000 habitantes e se juntando-lhe Hammamet, que também é contígua, a conurbação de Nabeul-Hammamet tem 185 000 habitantes.[carece de fontes?]

É a estância turística de praia mais importante do norte da Tunísia a seguir a Hammamet. A sua extensa praia de areia fina e o clima mediterrânico atraem milhares de turistas europeus. Além do turismo, a principal atividade económica da região é a agricultura e o artesanato de cerâmica. Abundam as hortas e pomares, nomeadamente de citrinos. As laranjas de Nabeul são afamadas e a cidade é uma dos polos de olaria mais importantes, senão o mais importante, de toda a Tunísia.[carece de fontes?]

História

Da Antiguidade até ao século XIX

Na Antiguidade a cidade chamou-se Neápolis ("nova cidade" em grego), um nome também usado pelos romanos.[3] A fundação da cidade remonta a pelo menos ao século V a.C.. O historiador grego desse século Tucídides menciona-a como um entreposto cartaginês e como a cidade mais antiga do Norte de África a seguir a Cartago.[4] Em 413 a.C., durante a Guerra do Peloponeso, que opôs Esparta a Atenas, houve tropas espartanas cujos navios em que seguiam encalharam nas costas da Cirenaica. Os cidadãos de Cirene decidem ajudá-los e dão-lhes navios e pilotos. Estes fazem escala numa cidade com o nome grego de Neápolis.[carece de fontes?]

Em 148 a.C. Neápolis paga cara a sua fidelidade a Cartago nas Guerras Púnicas: a cidade foi destruída pelo general romano Lúcio Calpúrnio Pisão. Durante a ocupação romana a cidade declinou, não havendo menções a ela durante perto de cem anos. Após a conquista árabe, no século VII, Neápolis foi destruída pelos bizantinos.[carece de fontes?]

O exército muçulmano comandado por Abu al-Mouhajer e proveniente da Arábia conquistou a região do cabo Bon em 674. Os árabes construíram Ksar Nabeul no século IX, a que se seguiu a Grande Mesquita. No século XII os normandos intensificam os seus ataques às costas tunisinas e Rogério II da Sicília ocupa o forte de Nabeul em 1148, que usa como posto militar para atacar Hammamet.[5]

A estrutura atual da almedina (o centro histórico) foi alcançada durante os séculos XVIII e XI. Os socos ( bairros comerciais) constituem o coração da cidade e são um lugar de reunião e de trocas comerciais; o seu desenvolvimento teve uma grande importância na economia local. Grande parte deles datam daquela época, nomeadamente o souk El Haddada (dos ferreiros), o souk El Balgha, o souk El Ihoud (soco dos judeus), ou ainda o Ezzit (do azeite). Acede-se à almedina por várias portas, como a Bab Bled, a principal entrada da cidade, Bab El Khoukha e Bab El Zaouia. Graças à fertilidade e clima da região, às suas atividades agrícolas e comerciais, a cidade atraiu imigrantes provenientes de Djerba e Cairuão. O afluxo de mouriscos andaluzes expulsos de Espanha nos séculos XV e XVI contribuiu decisivamente para uma grande renovação e desenvolvimento da agricultura.[6]

Na mesma época chegaram também muitos judeus a Nabeul. Estima-se que em 1859–1860 a comunidade judia da cidade tivesse cerca de 500 pessoas, ou seja, cerca de 10% da população. É notável que, ao contrário do que era hábito noutras cidades, não existisse um bairro só para judeus.[6] A cidade tinha então sete sinagogas, duas delas permanentes,[carece de fontes?] uma delas no centro da cidade, perto da Grande Mesquita;[6] A cidade tem um santo judeu, Rabbi Yaakov Slama, cujo túmulo é objeto de uma romaria realizada anualmente no mês de maio, à qual ta,bém acorrem muçulmanos.[carece de fontes?]

Protetorado francês e independência

Com a instauração do protetorado francês em 1881, Nabeul torna-se a capital do caïdat regional (província). Em 1885 foi estabelecida uma administração civil e a organização municipal contribui para o melhoramento das condições de vida, criando infraestruturas de abastecimento de água potável e iluminação pública, além de melhorar os transportes. Os trabalhos empreendidos, nomeadamente a construção da linha ferroviária ligando Nabeul a Tunes iniciada no final do século XIX, são determinantes para o tecido urbano, sobretudo da nova periferia "europeia". A abertura para o exterior faz com que a cidade se torne uma estância balnear e a chegada de viajantes contribui para relançar o vida económica.[7] Em 1946 estavam recenseados em Nabeul 2 058 judeus, um número que declinou progressivamente a partir de então.[8]

O movimento nacionalista, apoiado por intelectuais locais, tanto muçulmanos como judeus, tem a sua célula de Nabeul do Néo-Destour constituída em 1936. A 19 de janeiro de 1952, ocorrem manifestações na cidade no contexto do levantamento da Tunísia pela sua independência; a reação das forças da ordem fez três mortos entre os manifestantes.[9]

Após a independência, o ensino corânico tradicional dá lugar ao ensino bilingue, ao mesmo tempo que Nabeul se torna simultaneamente um polo de turismo, de indústrias modernas artesanais. Para responder à evolução crescente da população, são criadas escolas, liceus, centros desportivos, uma escola politécnica, uma faculdade de ciências económicas e um instituto superior de belas artes.[7]

Economia e turismo

Uma avenida de Nabeul em 1987
Rua da parte antiga

A economia da região depende sobretudo do turismo, da agricultura e do artesanato. A grande maioria dos muitos hotéis situam-se à beira-mar. Entre as atrações turísticas culturais destacam-se as ruínas romanas de Neápolis situadas a dois quilómetros do centro, o museu arqueológico, onde estão expostos objetos em cerâmica, estátuas púnicas do sécul VII a.C. e uma importante coleção de mosaicos romanos de vários sítios da região de cabo Bon. O soco (mercado) semanal de sexta-feira atrai numerosos turistas e locais.[carece de fontes?]

Nabeul é célebre na Tunísia e no estrangeiro pela qualidade artística da sua olaria, em particular os pratos pintados e faianças. Esta produção juntou-se à de artigos tradicionais utilitários de fabrico menos elaborado. A indústria de olaria tradicional foi relançada na primeira metade do século XX graças às investigações dos franceses Tessier e Deverclos, e do tunisino Chemla. A profissão de oleiro continua a transmitir-se de pai para filho. Alguns museus começam a revelar interesse pela produção com determinadas assinaturas, nomeadamente as dos três renovadores.[carece de fontes?]

Outra produção artesanal importante é a de produção de esteiras feitas à base de junco. Esta matéria prima é colhida no início do verão e apresenta várias cores, que vão do amarelo ao verde passando pelo bordeaux e o azul violeta. O fabrico das esteiras começa com uma grelha de esparto em bruto, isto é, sem qualquer tratamento, na qual se tece o junco. A mesma técnica é também usada para fabricar alcofas.[carece de fontes?]

Nos mercados encontram-se uma grande variedade de produtos tradicionais da região e de outras partes da Tunísia, como produtos em couro, cobre, vestuário, chéchias (gorros tradicionais), bordados ou alcofas. Nabeul é o único local da Tunísia onde se fabricam figuras em açúcar. Trata-se de uma especialidade típica do Ano Novo muçulmano, que se oferece às crianças e às noivas e que também são usados para decorar o cimo de pratos tradicionais de cuscuz. Feitas a partir de moldes e decorados ou pintadas com corantes naturais, as figuras são depois postas de pé num prato, o mithred, no meio de bombons, drageias e frutos secos.[carece de fontes?]

Na campo da agricultura, Nabeul é famosa pelosseus citrinos, quer laranjas, quer limões da variedade Beldis e também laranjas-azedas. Outra atividade importante é a destilação de flores, nomeadamente de gerânio Bourbon, flor de laranjeira-azeda e rosas de Damasco.[carece de fontes?]

Notas e referências

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Nabeul», especificamente desta versão.
  1. «Tunisie : maintien de la délégation spéciale de Nabeul» (em francês). www.investir-en-tunisie.net. 14 de agosto de 2012. Consultado em 18 de março de 2014
  2. «Population, ménages et logements par unité administrative : Gouvernorat : Nabeul». www.ins.nat.tn (em francês). Instituto Nacional de Estatística da Tunísia. 2004. Consultado em 17 de março de 2014
  3. Hornblower, Simon (2008), A Commentary on Thucydides. Volume III. Books 5.25-8.109 (em inglês), Oxford University Press, p. 641
  4. Mongne, Pascal (2005), Archéologies : vingt ans de recherches françaises dans le monde, ISBN 9782706818868 (em francês), Paris: Maisonneuve et Larose, p. 263
  5. «L'époque médiévale» (em francês). www.nabeul.net. Consultado em 18 de março de 2014
  6. «L'époque moderne» (em francês). www.nabeul.net. Consultado em 18 de março de 2014
  7. «Les temps contemporains» (em francês). www.nabeul.net. Consultado em 18 de março de 2014
  8. Attal, Robert; Sitbon, Claude (2000), Regards sur les Juifs de Tunisie, ISBN 2-226-00789-X (em francês), Paris: Albin Michel
  9. Elgey, Georgette (1968), «La République des contradictions. 1951-1954», Histoire de la Quatrième République (em francês), II, Paris: Fayard
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