Apaloide

O cargueiro Apalóide foi um navio mercante brasileiro afundado em 22 de novembro de 1942, pelo submarino alemão U-163, no Atlântico Norte, a leste das Pequenas Antilhas.

Apalóide
 Brasil
Proprietário Cia. de Navegação Lloyd Brasileiro
Operador a mesma
Construção 1917, por Helsingors Jernskibs Og Maskinbyggeri A/S, Helsingor, Dinamarca
Lançamento julho de 1917
Porto de registro Rio de Janeiro
Estado Afundado em 22 de novembro de 1942, pelo U-163
(Kurt Edward Engelmann)
Características gerais
Classe cargueiro
Tonelagem 3.766 ton[1]
Largura 15,3 m
Maquinário motor de tripla expansão
Comprimento 110,3 m
Calado 7,22 m
Propulsão vapor
Velocidade 10 nós
Carga 56 pessoas
(por ocasião do afundamento)

Foi o vigésimo-sexto navio brasileiro atacado na Segunda Guerra, o quinto, desde a declaração de guerra ao Eixo, em agosto, e o último a ser afundado naquele ano. Foram mortos cinco tripulantes.

O navio e sua história

Fora construído em 1917, nos estaleiros da Helsingors Jernskibs Og Maskinbyggeri A/S, na cidade de Helsingor, na Dinamarca. Completado em julho daquele ano, foi entregue à Det Forenede Dampskibs Selskab (DFDS), de Copenhague, sob o nome Nevada.

Possuía 110,3 metros de comprimento, 15,3 metros de largura e 7,22 metros decalado. Feito com casco de aço, possuía 3.766 toneladas de arqueação bruta, propelidas por um motor de tripla expansão, com uma potência nominal de 237 HP, a vapor, acoplado a uma hélice, fazendo-o alcançar entre 8 e 10 nós.[2]

Por ocasião da invasão da Dinamarca, em 1940, pelas forças da Alemanha, estabeleceu-se no país um governo fantoche alinhado com o Eixo, tal qual acontecera na França. Assim, todos os navios dinamarqueses que se encontravam no Brasil e em países aliados, foram aprisionados, ou mantidos sob custódia.

Com o afundamento sistemático dos navios mercantes brasileiros, o Nevada, que se encontrava retido no porto de Santos havia quase dois anos, uma vez que não poderia voltar a seu país de origem, dado o bloqueio navio britânico, foi formalmente confiscado pelo governo brasileiro em 26 de fevereiro de 1942, e rebatizado de Apalóide, passando sua propriedade para o Lloyd Brasileiro.

Rearmado e com tripulação brasileira, o navio logo foi colocado nas rotas vitais de abastecimento entre o Brasil e os Estados Unidos.

O afundamento

O navio, comandado pelo Capitão-de-Longo-Curso José dos Santos Silva e com 56 tripulantes a bordo, partira do porto de Recife, rumo a Nova York, com escalas em Belém e na ilha de Trinidad e Tobago, carregando 3.500 toneladas de café, óleo de mamona e produtos diversos[1]

Acompanhava o comboio BRN-3, do qual se dispersou em águas a leste das Pequenas Antilhas, em direção ao seu destino final, numa região infestada de submarinos hostis.

Assim, na tarde do dia 22 de novembro (22:17 pelo Horário da Europa Central), o U-163, comandado pelo Capitão-de-Corveta Kurt Edward Engelmann, tido como um dos mais eficientes comandantes da marinha alemã,[3] atacou o Apalóide sem aviso, disparando dois torpedos, dos quais um atingiu o navio a meia-nau, por bombordo, que rapidamente adernou e afundou[4]

O carvoeiro Jaime de Castro, que falava vários idiomas, foi chamado a bordo do u-boot para ser interrogado. Dos dois escaleres arriados, um foi recolhido pelo navio inglês Leeds City, às 23h do dia 28, e o outro por um mercante, também inglês. Para aumentar o pânico dos náufragos o capitão do submarino, consentiu que seus homens abrissem fogo com metralhadoras para intimidar a tripulação já nas baleeiras, após o interrogatório.[3]

Da tripulação de 57 homens, cinco morreram: quatro no torpedeamento e um, vítima de queimaduras num hospital em Barbados.[3]

Faziam parte da tripulação José Coutinho Filho, com posto de imediato e Raymundo Nonato Cordeiro de Oliveira, no posto de primeiro piloto. Ambos foram recolhidos pelo navio inglês. Estavam numa das baleeiras e sua condição foi escondida até verificarem que estavam sendo salvos por aliados. Parte desta história está contida no livro A Clandestina, de Daisy Lucas.

Referências

  1. Uboat.net. «Apaloide (Brazilian Steam Merchant)». Consultado em 22 de março de 2011
  2. Wrecksite. «SS Apaloide». Consultado em 22 de março de 2011
  3. SANDER. Roberto. op.cit.,p.232-233.
  4. Erik Azevedo (18 de junho de 2010). «Navios Mercantes atacados durante a 2ª Guerra Mundial — O Apaloide». Blogmercante. Navegar é preciso. Consultado em 23 de março de 2011

Ver também

Bibliografia

  • SANDER. Roberto. O Brasil na mira de Hitler: a história do afundamento de navios brasileiros pelos nazistas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
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