Economia da Suíça
A economia da Suíça é uma próspera e estável economia de mercado, com um Produto Interno Bruto per capita maior do que o das grandes economias da Europa ocidental.
| Economia da Suíça | |
|---|---|
![]() Economia da Suíça | |
| Moeda | Franco suíço |
| Ano fiscal | Ano calendário |
| Blocos comerciais | OMC, OECD, EFTA |
| Estatísticas | |
| PIB | |
| Variação do PIB | |
| PIB per capita | |
| PIB por setor | agricultura 1,2%, indústria 27,5%, comércio e serviços 71,2% (2006) |
| Inflação (IPC) | 0,935% (2018)[1] |
| População abaixo da linha de pobreza |
|
| Coeficiente de Gini | |
| Força de trabalho total | |
| Força de trabalho por ocupação |
agricultura 3,4%, indústria 23,4%, comércio e serviços 73,2% (2010) |
| Desemprego | |
| Principais indústrias | máquinas, produtos químicos, relógios, têxteis, instrumentos de precisão |
| Exterior | |
| Exportações | |
| Produtos exportados | máquinas, produtos químicos, metais, relógios, produtos agrícolas |
| Principais parceiros de exportação |
|
| Importações | |
| Produtos importados | máquinas, produtos químicos, veículos, metais, produtos agrícolas, têxteis |
| Principais parceiros de importação |
|
| Dívida externa bruta | US$ 1,664 trilhões (2016) |
| Finanças públicas | |
| Dívida pública | 41,8% do PIB (2017) |
| Receitas | |
| Despesas | |
| Fonte principal: [[4] The World Factbook] Salvo indicação contrária, os valores estão em US$ | |
A economia suíça beneficia-se de um setor de serviços altamente desenvolvido, liderado pelos serviços financeiros e de uma indústria especializada de alta tecnologia.
A Suíça é membro da Associação Europeia de Livre Comércio mas não faz parte da União Europeia. Nos últimos anos, os suíços têm procurado ajustar as suas práticas económicas às da UE, embora o país não pretenda ser membro pleno da UE a curto prazo. Berna e Bruxelas assinaram acordos de liberalização comercial em 1999. Estão igualmente a ser discutidas outras áreas de cooperação.
O país é o primeiro no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.[5]
Serviços financeiros
No século XIX diversos cantões adotaram o free banking (sistema bancário inteiramente desregulamentado), onde a livre entrada, circulação e emissão de moeda privada eram permitidos mas, com a nova regulação bancária de 1881, tal sistema foi extinto.[6][7]
Atualmente, a Suíça é a principal praça financeira para a gestão de fortunas. Por manter apreciada, historicamente, a moeda local (franco suíço) e por conservar um elevado grau de sigilo bancário, o país é um porto seguro para investidores interessados em proteger informações sobre a origem dos seus capitais. Em 2009, foi classificada como paraíso fiscal, pela OCDE.
História do sigilo bancário suíço
Desde a década de 1930, diante da ascensão do nazismo na Alemanha, muitas pessoas passaram a procurar um lugar seguro para transferir seus capitais, diante do risco de guerra.
Os bancos suíços por pertencerem a um país neutro adotaram um sistema inviolável para proteger o patrimônio de seus clientes, o sistema não reconhece o indivíduo, não importa quem seja mas sim o portador da número da conta e a senha garantindo assim um sigilo total sobre as contas. Uma tentativa de quebra do segredo por via judicial levou o governo a criar, em 1934 uma emenda constitucional reconhecendo o segredo bancário.
Durante a Segunda Guerra Mundial, numerosos depositantes, muitos judeus, diante das dificuldades de comunicação entre parentes, não transferiram para os herdeiros os números e as senhas de suas respectivas contas, tornando-se impossível apresentar provas documentais, assim os valores depositados continuam incorporadas ao patrimônio dos bancos aguardando alguém que conheça o número da conta e a senha.
Posteriormente surgiu uma outra utilidade para o segredo bancário – abrigar os capitais enviados por ditadores e potentados de todo o mundo, proveniente da corrupção de governantes, do narcotráfico, da fraude financeira. As contas nos bancos suíços passaram a servir para a lavagem de dinheiro.[8] Quantias astronômicas eram ali depositadas e, se eventualmente descobertas, beneficiavam-se da lentidão dos processos judiciais.
Mais recentemente, os europeus mais abastados passaram a usar os depósitos na Suíça como estratégia de evasão fiscal - sobretudo para escapar ao pagamento do imposto de renda e do imposto sobre grandes fortunas, nos seus países de origem. Os bancos suíços foram assim incrementando seus depósitos a ponto de abrigarem, antes da atual crise financeira, 3 bilhões de euros. Essa soma astronômica foi, entretanto, reduzida para 2100 milhões de euros, após a atual crise, quando também aumentou a pressão internacional para a quebra do sigilo bancário[9]
O governo suíço comprometeu-se a aumentar o fornecimento de informações a outros países - considerando "caso a caso" e mediante "pedidos concretos e justificados".[10][11] Mas, em 2 de abril de 2009, após a reunião do G20, em Londres, a Suíça foi incluída, pela OCDE, na 'lista cinza' de 38 países considerados paraísos fiscais. O presidente da Confederação Suíça (também ministro das Finanças) Hans-Rudolf Merz criticou os critérios usados para estabelecer a lista.[12]
Dados econômicos
O quadro a seguir mostra a evolução do Produto Interno Bruto da Suíça, a preços de mercado, estimado pelo Fundo Monetário Internacional, com valores em milhões de francos suíços, e o valor médio anual da moeda local, frente ao dólar americano.[13]
| Ano | Produto Interno Bruto | Taxa de câmbio (CHF/(USD) |
|---|---|---|
| 1980 | 184 081 | 1,67 Francos |
| 1985 | 244 421 | 2,43 Francos |
| 1990 | 330 925 | 1,38 Francos |
| 1995 | 373 599 | 1,18 Francos |
| 2000 | 422 063 | 1,68 Francos |
| 2005 | 463 139 | 1,24 Francos |
| 2006 | 487 041 | 1,25 Francos |
| 2007 | 512 142 | 1,20 Francos |
Os quadros a seguir mostram a evolução do PIB, da inflação, dos gastos públicos e do comércio exterior, nos últimos anos.
| Desenvolvimento do Produto interno bruto (PIB), real | ||||||||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| em % comparado com o ano anterior | ||||||||||
| Ano | 1998 | 1999 | 2000 | 2001 | 2002 | 2003 | 2004 | 2005 | 2006 | 2007 |
| flutuação em % comparado com ano anterior. |
2,8 | 1,3 | 3,6 | 1,0 | 0,3 | − 0,2 | 2,3 | 1,9 | ≈ 2,7 | ≈ 1,7 |
| Fonte: Departamento Federal de Finanças da Suíça (Bfai) [14] | ≈ = estimado | |||||||||
| Desenvolvimento do PIB (nominal) | |||||||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| absoluto (em bilhões de US$) | por habitante (em mil. US$) | ||||||||
| Ano | 2003 | 2004 | 2005 | Ano | 2003 | 2004 | 2005 | ||
| PIB em bilhões de US$ | 323 | 359 | 367 | PIB por habitante (em mil. US$) |
44,0 | 48,5 | 49,5 | ||
| Fonte: Bfai[14] | |||||||||
| Desenvolvimento da inflação | Desenvolvimento dos gastos públicos | ||||||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| em % comparado com o ano anterior | in % des BIP ("menos" = déficit orçamentário) | ||||||||
| Ano | 2003 | 2004 | 2005 | 2006 | Ano | 2002 | 2003 | 2004 | 2005 |
| Inflação | 0,6 | 0,8 | 1,2 | 1,2 | Gastos públicos |
2,4 | − 1,3 | − 1,1 | ≈ 3,2 |
| Fonte: Bfai[14] | ≈ = estimado | ||||||||
| Principais parceiros econômicos (2005) | |||
|---|---|---|---|
| Exportações (em %) para | Importações (em %) da | ||
| Alemanha | 19,5 | Alemanha | 31,6 |
| EUA | 10,7 | Itália | 10,5 |
| Itália | 9,1 | França | 10,0 |
| França | 8,7 | EUA | 5,3 |
| Grã-Bretanha | 5,4 | Holanda | 4,8 |
| Japão | 3,6 | Áustria | 4,6 |
| outros países | 43,0 | outros países | 33,2 |
| todos países da UE juntos | 61,8 | todos países da UE juntos | 80,4 |
| Fonte: Bfai[14] | |||
| Desenvolvimento do comércio exterior | ||||||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| em bilhões de francos suíços e flutuação comparado em % com o ano anterior | ||||||||
| 2003 | 2004 | 2005 | 2006 | |||||
| bilhões. SFr. | % gg. Vj. | bilhões. SFr. | % gg. Vj. | bilhões. SFr. | % gg. Vj. | bilhões. SFr. (1. Hj.) |
% gg. Vj. | |
| Importações | 135 | − 0,4 | 144 | 6,7 | 158 | 9,4 | 85 | 16,0 |
| Exportações | 141 | − 0,8 | 153 | 8,2 | 163 | 6,7 | 90 | 16,8 |
| Saldo | 6,2 | 8,8 | 5,5 | 4,7 | ||||
| Fonte: Bfai[14] | ||||||||
As sete grandes regiões
O "Escritório Federal da Estatística" (OFS) para poder estudar o desenvolvimento do país e seguindo as pegadas do que se faz no Europa - nomeadamente com o "Escritório das estatísticas das Comunidades Europeias" (Eurostat) - decidiu criar territórios macro-econónicos que permitam efectuar comparações entre eles. O estudo que demorou vários anos consiste numa partilha do país em sete regiões importantes para a política e a economia.[15]
- As sete grandes regiões assim criadas são :
| Região | Cantões constituintes | População (*) | Superfície (**) |
|---|---|---|---|
| Região Lemánica | VD, VS, GE | 1282 | 8718 |
| Espaço das Terras Centrais | BE, FR, SO, NE, JU | 1 653 | 10 062 |
| Suíça da Noroeste | BS, BL, AG | 980 | 1959 |
| Zürich | ZH | 1 194 | 1 729 |
| Suíça do Leste | GL, SH, AR, AI, SG, GR, TG | 1 037 | 11 521 |
| Suíça Central | LU, UR, SZ, OW, NW, ZG | 659 | 4 485 |
| Tissino | TI | 301 | 2 812 |
| Suíça | 26 Cantões | 7 105 | 41 285 |
(*) valores de 1996, em milhares
(**) em km ²
Referências
- «World Economic Outlook Database, October 2019». IMF.org. Washington, DC, U.S.: International Monetary Fund. Consultado em 20 de outubro de 2019
- «Labor force, total - Switzerland». data.worldbank.org. World Bank. Consultado em 5 de novembro de 2019
- «CIA World Factbook». CIA.gov. Central Intelligence Agency. Consultado em 16 de janeiro de 2019
- CIA. «The World Factbook» Consultado em 8 de abril de 2013
- The Global Competitiveness Index 2011-2012 rankings
- Econ Journal Watch - Do Economists Reach a Conclusion on the performance of free banking in history?. Ignacio Briones & Hugh Rockoff, Volume 2, Edição 2, Agosto de 2005, (em inglês) Acessado em 18/08/2017.
- The Central Bank and the Financial System. Autor: Charles Albert Eric Goodhart. MIT Press, 1995, pág. 211, (em inglês) ISBN 9780262071673 Adicionado em 18/08/2017.
- ZIEGLER, Jean A Suíça Lava Mais Branco. Lisboa, Inquérito, 1990.
- Segredo bancário suíço por um fio
- Agência Estado, 13 de março de 2009.Pressionada, Suíça relaxará regras de sigilo bancário
- Swissinfo.ch 6 de Março de 2009. Suíça quer discutir mas não renunciar ao sigilo bancário
- AFP, 3 de Abril de 2009.Suíça critica inclusão em lista cinza de paraísos fiscais. Arquivado em 8 de abril de 2009, no Wayback Machine.
- International Monetary Fund
- Desenvolvimento do PIB da Suíça [http://www.bfs.admin.ch/bfs/portal/en/index/themen/04/02/01.html Portal do Bfai (em inglês)
- Les sept grandes régions de la Suisse (OFS) Visitado: Outubro 2010

