Eleições gerais no Brasil em 1990
Em 1990 foram realizadas eleições gerais no Brasil e pela primeira vez todas as vinte e sete unidades federativas do país elegeram seus governadores[1][2] numa refrega onde havia 83 milhões de pessoas aptas ao voto.[nota 1] O primeiro turno ocorreu em 3 de outubro (quarta-feira)[nota 2] e o segundo em 25 de novembro (domingo).[nota 3] Ao todo os aliados do governo fizeram quinze governadores contra doze da oposição, embora o desfecho das eleições em Alagoas fosse postergado para o ano seguinte.[nota 4] Foram renovadas 31 vagas no Senado Federal[nota 5] e 503 na Câmara dos Deputados, além das vagas nas Assembléias Legislativas e na Câmara Legislativa (DF). Foi a única eleição realizada durante o Governo Collor.
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| Eleições Gerais de 1990 503 Deputados Federais 1049 Deputados Estaduais 31 Senadores 23 Governadores | |||||||||||
| 3 de Outubro de 1990 | |||||||||||
| PMDB - Jarbas Vasconcelos (PE) | |||||||||||
| Representantes obtidos: | 108 | ||||||||||
| Senadores obtidos: | 8 | ||||||||||
| 19.3% | |||||||||||
| PFL - Guilherme Palmeira (AL) | |||||||||||
| Representantes obtidos: | 83 | ||||||||||
| Senadores obtidos: | 8 | ||||||||||
| 12.4% | |||||||||||
| PDT - Leonel Brizola (RJ) | |||||||||||
| Representantes obtidos: | 45 | ||||||||||
| Senadores obtidos: | 1 | ||||||||||
| 10% | |||||||||||
| PDS - Paulo Maluf (SP) | |||||||||||
| Representantes obtidos: | 42 | ||||||||||
| Senadores obtidos: | 2 | ||||||||||
| 8.9% | |||||||||||
| PRN - Daniel Tourinho (RJ) | |||||||||||
| Representantes obtidos: | 40 | ||||||||||
| Senadores obtidos: | 2 | ||||||||||
| 8.3% | |||||||||||
| PTB - Paiva Muniz (RJ) | |||||||||||
| Representantes obtidos: | 38 | ||||||||||
| Senadores obtidos: | 4 | ||||||||||
| 8% | |||||||||||
| Governadores eleitos por partido | |||||||||||
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| Câmara dos Deputados | |||||||||||
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| Senado Federal | |||||||||||
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| Tribunal Superior Eleitoral | |||||||||||
Governadores eleitos
O maior número de governadores eleitos ficou por conta do PFL com nove (seis dos quais no Nordeste) e do PMDB com sete (a começar por São Paulo), numa eleição marcada pelo retorno ao poder de seis governadores da safra de 1982[nota 6] além de outros seis que já haviam exercido o cargo por nomeação ou substituição do titular.[nota 7] No Rio de Janeiro Leonel Brizola reverteu a derrota de 1989 e viu seus aliados triunfarem em mais dois estados. Por outro lado o PRN não elegeu nenhum governador, apesar de ser o partido do presidente Fernando Collor. Ao final das apurações nove partidos haviam triunfado nas diferentes unidades federativas do Brasil.
Três fatos marcaram ainda as eleições: fraudes em série levaram a um novo segundo turno em Alagoas, no Distrito Federal a candidatura de Joaquim Roriz suscitou uma querela jurídica[nota 8] e em Rondônia o assassinato de Olavo Pires alterou o panorama político e o candidato originalmente terceiro colocado acabou sendo o vencedor.
Os governadores do Amapá, Distrito Federal e Roraima foram empossados em 1º de janeiro e os demais em 15 de março de 1991.
Senadores eleitos
Nesta eleição seriam renovadas cadeiras preenchidas em 1982 e cada estado escolheria um representante, exceto por Amapá e Roraima que teriam três vagas em disputa. Finda a refrega viu-se que dez partidos enviaram ao menos um representante ao Senado e a exemplo do que ocorrera nas eleições para governador, as maiores bancadas ficaram nas mãos de PFL e PMDB com oito senadores cada. O destaque ficou por conta do ex-presidente José Sarney eleito pelo Amapá. Dos senadores escolhidos em 1982 apenas quatro foram reeleitos[nota 19] sendo que a partir deste pleito desapareceu a figura da sublegenda. Comparativamente o PDS foi quem mais perdeu cadeiras em oito anos, caindo de quinze em 1982 para apenas duas em 1990 e o PT elegeu seu primeiro senador.
Câmara dos Deputados em 1990
| UF | PMDB | PFL | PDT | PDS | PRN | PSDB | PTB | PT | PDC | PL | PSB | PSC | PCdoB | PRS | PCB | PTR | PST | PSD | PMN | Soma |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| AC | 05 | 03 | 08 | |||||||||||||||||
| AL | 01 | 01 | 02 | 01 | 04 | 09 | ||||||||||||||
| AP | 04 | 01 | 01 | 01 | 01 | 08 | ||||||||||||||
| AM | 02 | 02 | 01 | 01 | 02 | 08 | ||||||||||||||
| BA | 08 | 11 | 04 | 01 | 03 | 02 | 02 | 02 | 03 | 01 | 01 | 01 | 39 | |||||||
| CE | 04 | 04 | 02 | 02 | 07 | 01 | 02 | 22 | ||||||||||||
| DF | 02 | 01 | 01 | 02 | 01 | 01 | 08 | |||||||||||||
| ES | 06 | 03 | 01 | 10 | ||||||||||||||||
| GO | 10 | 01 | 01 | 04 | 01 | 17 | ||||||||||||||
| MA | 01 | 07 | 01 | 01 | 02 | 01 | 03 | 01 | 01 | 18 | ||||||||||
| MT | 03 | 01 | 02 | 02 | 08 | |||||||||||||||
| MS | 01 | 01 | 01 | 03 | 02 | 08 | ||||||||||||||
| MG | 14 | 06 | 02 | 06 | 06 | 03 | 06 | 01 | 04 | 01 | 04 | 53 | ||||||||
| PA | 06 | 01 | 01 | 02 | 04 | 02 | 01 | 17 | ||||||||||||
| PB | 04 | 03 | 03 | 02 | 12 | |||||||||||||||
| PR | 07 | 04 | 02 | 08 | 04 | 02 | 03 | 30 | ||||||||||||
| PE | 04 | 11 | 03 | 05 | 01 | 01 | 25 | |||||||||||||
| PI | 02 | 05 | 02 | 01 | 10 | |||||||||||||||
| RJ | 02 | 05 | 18 | 02 | 02 | 01 | 04 | 03 | 02 | 03 | 01 | 01 | 01 | 01 | 46 | |||||
| RN | 03 | 03 | 01 | 01 | 08 | |||||||||||||||
| RS | 09 | 01 | 07 | 09 | 01 | 04 | 31 | |||||||||||||
| RO | 01 | 07 | 08 | |||||||||||||||||
| RR | 01 | 01 | 02 | 03 | 01 | 08 | ||||||||||||||
| SC | 05 | 03 | 01 | 05 | 01 | 01 | 16 | |||||||||||||
| SP | 12 | 01 | 02 | 07 | 06 | 09 | 06 | 10 | 01 | 05 | 01 | 60 | ||||||||
| SE | 04 | 02 | 01 | 01 | 08 | |||||||||||||||
| TO | 02 | 01 | 01 | 04 | 08 | |||||||||||||||
| Total | 108 | 83 | 45 | 42 | 40 | 38 | 38 | 35 | 22 | 17 | 11 | 06 | 05 | 04 | 03 | 02 | 02 | 01 | 01 | 503 |
| Percentual | 21,47% | 16,50% | 8,95% | 8,35% | 7,95% | 7,55% | 7,55% | 6,96% | 4,37% | 3,38% | 2,19% | 1,19% | 0,99% | 0,80% | 0,60% | 0,40% | 0,40% | 0,20% | 0,20% | 100% |
Eleitorado por unidade federativa
As informações a seguir foram extraídas do Anuário Estatístico do Brasil, edição de 1992, disponível na Biblioteca do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.[3]
| Unidade Federativa | Eleitorado | Percentual | Variação |
|---|---|---|---|
| 18.727.014 | 22,35% | ||
| 9.470.353 | 11,30% | ||
| 8.277.296 | 9,88% | ||
| 6.019.317 | 7,18% | ||
| 5.747.083 | 6,86% | ||
| 5.112.793 | 6,10% | ||
| 3.885.434 | 4,64% | ||
| 3.491.994 | 4,17% | ||
| 2.769.517 | 3,30% | ||
| 2.309.791 | 2,76% | ||
| 2.256.792 | 2,69% | ||
| 2.244.631 | 2,68% | ||
| 1.810.996 | 2,16% | ||
| 1.423.211 | 1,70% | ||
| 1.410.051 | 1,68% | ||
| 1.331.039 | 1,59% | ||
| 1.304.271 | 1,56% | ||
| 1.089.650 | 1,30% | ||
| 1.024.928 | 1,22% | ||
| 893.659 | 1,07% | ||
| 885.002 | 1,06% | ||
| 803.041 | 0,96% | ||
| 588.691 | 0,70% | ||
| 498.963 | 0,60% | ||
| 197.709 | 0,24% | ||
| 135.939 | 0,16% | ||
| 86.226 | 0,10% | ||
| Total | 83.795.391 | 100% | |
Referências
- «Banco de dados da UERJ». Consultado em 12 de março de 2011. Arquivado do original em 15 de maio de 2011
- «Cronologia das eleições no Brasil». Consultado em 21 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 13 de novembro de 2011
- «Biblioteca do IBGE: Anuário Estatístico do Brasil». Consultado em 10 de outubro de 2013. Arquivado do original em 20 de agosto de 2013
Notas
- Veja, 3 de outubro de 1990.
- Nesse dia foram eleitos os governadores do Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Sergipe.
- Nesse dia foram eleitos os governadores do Acre, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins.
- Fraudes generalizadas levaram a Justiça Eleitoral a marcar um novo segundo turno para 20 de janeiro de 1991.
- Um terço do colegiado e mais três vagas no Amapá e em Roraima.
- Gilberto Mestrinho, Íris Rezende, Jader Barbalho, João Alves Filho, José Agripino Maia e Leonel Brizola.
- Amapá, Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Roraima.
- Governador nomeado (1988-1990) pelo presidente José Sarney, deixou o cargo para ser Ministro da Agricultura do governo Collor por duas semanas até deixar o cargo e disputar a eleição. Seus adversários tentaram impugná-lo alegando que Roriz pleiteava a reeleição, mas o caráter de "nomeação" presente na sua primeira gestão fez com que o Tribunal Superior Eleitoral validasse sua candidatura.
- Assassinado em São Paulo em 17 de maio de 1992.
- Faleceu vítima de infarto em Maceió em 6 de abril de 1992.
- Renunciou ao mandato de deputado federal em dezembro de 1990 e depois assumiu o governo.
- Renunciou ao cargo em abril de 1994 e foi eleito senador em outubro.
- Renunciou juntamente com o titular para disputar o pleito de 1994 sendo eleito governador.
- Renunciou em setembro de 1994 e a seguir foi empossado Ministro da Fazenda no governo Itamar Franco. Assumiu o presidente do Tribunal de Justiça e a seguir o presidente da Assembléia Legislativa
- Após duas semanas deixou o Ministério da Agricultura do Governo Collor e foi candidato a governador, o que levantou acirrado debate político. Eleito, renunciou ao mandato de vice-governador de Goiás e foi empossado em 1º de janeiro de 1991.
- Eleito deputado federal em 1994.
- Eleito senador em outubro de 1994.
- Renunciou em abril de 1994 e foi candidato a presidente da República.
- Albano Franco, Guilherme Palmeira, Marco Maciel e Odacir Soares.
- Eleito para um mandato de quatro anos a ser renovado em 1994.
- Eleito prefeito de Manaus em 1992, renunciou ao mandato.
- Ministro do Planejamento do governo Itamar Franco entre 3 de março de 1994 e 1º de janeiro de 1995.
- Nomeado ministro do Tribunal de Contas da União em 13 de novembro de 1997 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
- Ministro da Defesa do governo Fernando Henrique Cardoso entre 1º de janeiro de 1999 e 23 de janeiro de 2000.
- Faleceu em Brasília em 14 de janeiro de 1998 vítima de embolia pulmonar.
- Ministro do Meio Ambiente do governo Itamar Franco entre 19 de outubro de 1992 e 16 de setembro de 1993. Posteriormente renunciou ao mandato para assumir uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Pará.
- Eleito governador de seu estado em outubro de 1994, renunciou ao mandato em dezembro.
- Ministro da Indústria e Comércio do governo Itamar Franco (19 de outubro de 1992 e 23 de dezembro de 1993) e Ministro da Agricultura dos governos Itamar Franco (1º de setembro a 13 de outubro de 1993) e Fernando Henrique Cardoso (1º de janeiro de 1995 a 2 de maio de 1996).
- Eleito vice-presidente da República em 1994 e reeleito em 1998.
- Faleceu em Brasília em 17 de fevereiro de 1997.
- Faleceu em Brasília em 25 de abril de 1991.
- Eleito governador de Santa Catarina em outubro de 1998, renunciou ao mandato em dezembro.
- Faleceu durante o exercício do mandato pelo titular e teve como substituta Sandra Guidi.
Ligações externas
- Acervo digital de Veja Acesso em 20 de janeiro de 2010.
- Banco de dados da Fundação Getúlio Vargas Acesso em 29 de setembro de 2010.


