Linha do Côa

A Linha do Côa foi um caminho de ferro planeado mas nunca construído, que deveria ter ligado a Linha do Douro à Linha da Beira Alta, em Portugal.

Mapa do plano de 1900, mostrando o projecto de V. F. Naves ao Pocinho.
Linha do Côa
Info/Ferrovia
Informações principais
Área de operação Portugal Portugal
Especificações da ferrovia
Extensão 183 Km
Linha do Côa (proj. 1930)
Legenda
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L. SaborDuas Igrejas - Miranda (enc.)
Unknown route-map component "CONTgq"
Unknown route-map component "STR+r" + Unknown route-map component "exnSTR"
L. DouroErmesinde
Straight track + Unknown route-map component "eKBHFxe" + Unknown route-map component "exnSTR"
Pocinho
Unknown route-map component "exSTRl" + Unknown route-map component "exnSTR"
Unknown route-map component "exCONTfq"
L. DouroBarca de Alva (enc.)
Unknown route-map component "exlCONTg@Fq" Unknown route-map component "exnABZg+r"
L. LamegoRégua (proj. abd.)
Unknown route-map component "exnSTR" + Unknown route-map component "exlBHF"
Pinhel
Unknown route-map component "CONTr+f"
Unknown route-map component "exnSTR" + Unknown route-map component "exnSTR"
L. B. AltaPampilhosa
Unknown route-map component "XBHF-L"
Unknown route-map component "exnSTR" + Unknown route-map component "XPLTeq" + Unknown route-map component "exlBHF"
Guarda
Unknown route-map component "xABZgl"
Transverse track + Unknown route-map component "exnSTR"
Unknown route-map component "CONTfq"
L. B. AltaVilar Formoso
Unknown route-map component "exCONTf" Unknown route-map component "exnSTR"
L. B. BaixaEntroncamento (em obras)
Unknown route-map component "exnSTR" + Unknown route-map component "exlBHF"
Sabugal
Unknown route-map component "exnSTR" + Unknown route-map component "exlBHF"
Penamacor
Unknown route-map component "exnSTR" + Unknown route-map component "exlBHF"
Idanha-a-Nova
Unknown route-map component "exlCONTg@Fq" Unknown route-map component "exnSTRr"
L. SertãNazaré (proj. abd.)

História

Primeira fase

A Gazeta dos Caminhos de Ferro de 16 de Julho de 1897 reportou que o Ministro da Fazenda tinha apresentado um projecto de lei às câmaras, relativo ao arrendamento das linhas férreas que pertenciam ao estado, e à construção de novos caminhos de ferro, incluindo a ligação entre as linhas da Beira Alta e do Douro, seguindo os rios Távora ou Coa.[1] O preço quilométrico para a construção deste ramal deveria ser determinado por um orçamento a aprovar pelo governo, não podendo ser superior a 35:000$000.[1] No entanto, quando foi criada uma comissão técnica para estudar os projectos para o futuro plano da rede ferroviária, esta linha não fazia parte das recomendações da comissão, que defendeu em vez disso a construção das linhas de Régua a Vila Franca das Naves e de Viseu a Foz Tua.[2] Ainda assim, a Linha do Pocinho a Vila Franca das Naves foi inserida no Plano da Rede Complementar ao Norte do Mondego, decretado em 15 de Fevereiro de 1900, utilizando via métrica.[3] No entanto, era considerada de menor importância, uma vez que se previa que teria uma procura muito reduzida, servindo principalmente para continuar a futura Linha do Sabor até à Linha da Beira Alta e à projectada linha até à Régua.[3]

Mapa do plano de 1930, com o projecto da Linha do Côa.

Segunda fase

Em 1927, foi formada uma comissão técnica para elaborar os estudos preparatórios para a revisão do plano ferroviário nacional, e propor novas linhas e alterações aos projectos já existentes[2]; uma das linhas sugeridas era a do Pocinho a Vila Franca das Naves por Foz Coa, tendo as autoridades militares aconselhado o uso de via métrica, enquanto que o Conselho Superior de Caminhos de Ferro aceitava esta bitola apenas se os interesses estratégicos fossem superiores aos económicos.[4] Com efeito, devido ao traçado quase paralelo com a fronteira, esta linha causava receios do ponto de vista da defesa nacional.[2] Por outro lado, se a linha fosse de via estreita, poderia ser considerada como um prolongamento da Linha do Sabor, e ligar-se depois por outra linha até à Nazaré, formando uma grande rede transversal.[4] Esperava-se que as obras se iniciassem após a conclusão da Linha do Sabor, que nessa altura estava prevista acabar no Vimioso.[4] No Plano Geral da Rede Ferroviária, publicado pelo Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930, a Linha do Côa ficou classificada como sendo de via estreita, ligando o Pocinho a Idanha-a-Nova, passando por Pinhel, Guarda, Sabugal e Penamacor.[4] Na Idanha ligava-se à Linha da Sertã, que deveria terminar na Nazaré.[4] Caso tivesse sido construída, a Linha do Coa teria uma extensão aproximada de 183 Km, desde o Pocinho até à Idanha.[5]

Num artigo publicado na Gazeta dos Caminhos de Ferro de 1 de Janeiro de 1954, o escritor José da Guerra Maio defendeu a construção da linha, embora tenha apontado que a via férrea não deveria seguir sempre as margens do rio Coa, que era muito pedregosa e por isso dificultaria as obras, nem as do Rio Massueime, como já tinha sido sugerido.[6] A linha, de bitola larga, deveria sair da estação do Côa e ir até Vila Franca das Naves, ou então abandonar o rio cerca de 10 a 15 km antes da foz, e seguir pelo planalto do Ribacoa até Vilar Formoso.[6] Esta zona seria de fácil construção, sendo apenas necessário um curto túnel para atravessar a Serra da Marofa.[6] Seguindo esta última opção, não só ficariam unidas as linhas do Douro e da Beira Alta, mas também seria criada uma ligação entre o Porto e Salamanca alternativa à de Barca de Alva, que estava condenada a desaparecer devido aos grandes custos de substituição das pontes metálicas.[6] Esta linha daria um grande impulso à procura turística do Douro, já que podiam ser criados comboios directos até ao Porto, com ligação ao Sud Express em Vilar Formoso.[6] Embora o percurso ficasse mais longo do que por Barca de Alva, a diferença no tempo seria compensada pelas obras que estavam a ser feitas na linha de Vilar Formoso a Medina del Campo.[6] Em 1956, os horários dos comboios internacionais em Barca de Alva deixaram de estar concertados com os da Linha do Douro, obrigando os passageiros a ficarem naquela estação durante um dia, ou então a utilizarem o transporte rodoviário até à estação de Vilar Formoso, situação que revelou a falta que fazia uma linha que ligasse directamente a Linha do Douro à da Beira Alta.[7]

Terceira fase

Em 16 de Dezembro de 1968, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que o Gabinete de Estudos e Planeamento de Transportes Terrestres já tinha concluído um estudo sobre uma linha do Pocinho a Vila Franca das Naves, projecto que surgiu numa altura em que o governo estava a investir fortemente nas infraestruturas básicas, como estradas e abastecimento de água, no Distrito da Guarda.[8]

Ver também

Referências

  1. «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 49 (1190). 16 de Julho de 1937. p. 367-368. Consultado em 17 de Outubro de 2017
  2. SOUSA, José Fernando de; Esteves, Raul (1 de Março de 1935). «O Problema da Defesa Nacional» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1133). p. 101-103. Consultado em 17 de Outubro de 2017
  3. SOUSA, José Fernando de (16 de Junho de 1903). «A Rêde Complementar ao Norte do Mondego» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (372). p. 204-205. Consultado em 10 de Outubro de 2012
  4. PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Publicado na Série I do Diário do Governo n.º 83, de 10 de Abril de 1930.
  5. SOUSA, José Fernando de (1 de Junho de 1935). «A Crise Actual de Viação e os nossos Caminhos de Ferro de Via Estreita» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1139). p. 235-237. Consultado em 17 de Outubro de 2017
  6. MAIO, José da Guerra (1 de Janeiro de 1954). «Caminhos de Ferro nos cimos de Mogadouro e em Riba-Côa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 66 (1585). p. 413-415. Consultado em 17 de Outubro de 2017
  7. MAIO, Guerra (1 de Março de 1956). «Anomalias Ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 68 (1637). p. 122-123. Consultado em 29 de Agosto de 2017
  8. «Jornal do mês» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 81 (1932). 16 de Dezembro de 1968. p. 161-162. Consultado em 17 de Outubro de 2017



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