Fortaleza da Graciosa

A chamada Fortaleza da Graciosa foi projetada para a vila de mesmo nome, localizada ao norte de Arzila, a cerca de 15 quilómetros acima da foz do rio Lucos, no litoral do Marrocos.

Fortaleza da Graciosa
Apresentação
Tipo
Estatuto patrimonial
Localização
Localização
Coordenadas

Segundo David Lopes, estava situada perto da confluência do rio de Larache (rio Lucos) e do rio Mkhâzen (Uádi Mocazim):

"Nós cremos que a Graciosa era (...) não muito longe do campo de batalha onde D. Sebastião depois foi morto. Esta deu-se nas margens dos rio da Ponte - como lhe chama Bernardo Rodrigues -, ou rio Mkhâzen - i. é, dos cavaleiros - (...).
Demais, segundo Pina,[1] os mouros fizeram no rio uma estacada que cortou aos nossos a comunicação com o mar; isso quer dizer que o rio ahi é estreito (...)".[2]

História

Antecedentes

Em 1471, Afonso V de Portugal e o Mulei Xeque, senhor de Arzila, assentaram pazes. Pelos seus termos, que deveriam vigorar por duas décadas, o último reconhecia ao primeiro a posse das quatro praças portuguesas do norte de Marrocos, e a partir de então, Afonso V acrescentou ao seu título o de "rei do Algarve dalém mar em África".

A fortaleza da Graciosa

Foi projetada desde 1486, sob o reinado de João II de Portugal (1481-1495) para a foz do rio Lucos, que banha Larache, e assim dominar o acesso a Alcácer-Quibir (al-Qas al-kabir) e a Fez, consolidando a presença e o comércio portugueses na região do Marrocos. Complementarmente, pretendia-se coibir a pirataria na costa marroquina que assolava as embarcações portuguesas em trânsito de e para a costa da Guiné, e as costas e populações das ilhas atlânticas e do litoral do Algarve.

Entretanto, a expedição enviada para erguê-la só partiu em Fevereiro de 1489, em uma armada capitaneada por Gaspar Jusarte. As forças portuguesas foram confrontadas por forças marroquinas, sendo cercadas. Do Algarve chegaram a partir reforços, no total de cerca de 20 unidades, entre caravelas e outros navios comandados por Aires da Silva "capitam moor da frota", não chegando contudo o confronto a definir-se a favor de nenhum dos lados. As perdas portuguesas entretanto, foram expressivas, dada a insalubridade do local.

Mulei Xeque tomou a iniciativa de propor uma paz aos portugueses, que foram aceites por D.João II em 27 de Agosto desse mesmo ano. Diz Bernardo Rodrigues : "Mulei Xeque (...) era rei agradecido, foi sempre amigo e obrigado a el-rei Dom Afonso, e por esta razão e el-rei Dom João o segundo, seu filho ; e pareceo ser asi no feito da Graciosa ou vila que o dito rei Dom João mandou fazer três legoas acima polo rio de Larache e outras tres d'Alcacer Quebir, disse que, polo beneficio d'el-rei Dom Afonso, os leixava que se viessem a Arzila e lhe leixassem a terra, e asi se fez[2]".

Com a retirada portuguesa da região, os muçulmanos erguem Larache (al-Araish), para defesa daquele estuário. Será na tentativa de conquista de Larache que o rei D. Sebastião (1557-1578) perderá a flor do Exército português e a própria vida, na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.

Bernardo Rodrigues na Graciosa

Alguns 30 anos mais tarde, Bernardo Rodrigues encontra as ruínas do que foi a Graciosa, e referiu:

"Mas eu, como ei visto este lugar ou edeficio e ei monteado nele e morto alguns porcos e vi a cousa e o erro dos nossos pais, me recolho e não digo neste caso nada, pois vemos agora outros mores erros feitos cada dia (...).".[2]

Referências

  1. Rui de Pina. Cronica del Rei Dom Joham II. cap. 38.
  2. Bernardo Rodrigues. Anais de Arzila, crónica inédita do século XVI, publicada por ordem da Academia das Ciências de Lisboa, e sob a direcção de David Lopes, sócio efectivo da mesma academia. Coimbra — Imprensa da Universidade — 1919. p. 495-496

Ver também

Ligações externas

This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.