Língua carajá

A língua carajá (denominada, pelos carajás, como iny rybè [iˈnə̃ ɾɨˈbɛ], que significa "a fala dos iny"[1]) é uma língua indígena do Brasil falada até os dias de hoje pelos índios carajás.[2]. Ela pertence à família linguística carajá, a qual, por sua vez, pertence ao tronco linguístico macro-jê.

Carajá

Iny rybè

Pronúncia:[iˈnə̃ ɾɨˈbɛ][1]:1)
Falado(a) em: Brasil
Total de falantes:
Família: Macro-jê
 Carajá
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

Há quatro variedades: o karajá setentrional, o karajá meridional, o javaé e o xambioá.[3]

Reconstrução

Reconstrução do proto-karajá (Nikulin 2020):[3]

Abreviações
  • SG = singular
  • F = finito
  • NF = não finito
  • DAT = dativo
  • LOC = locativo
  • CRF = correferencial
  • NMLZ = nominalizador
  • INT = interno (caso morfológico interno)
Proto-KarajáGlosa
*∅-‘2INT (classe II)’
*ã-‘2INT’
*be‘água’
*bedo‘filhote’
*bid‘mel’
*bikû‘chuva, céu’
*bryby ~ *byrby‘cinza’
*bu/*bu-r‘chorar’
*bu‘chorar.F’
*bu-r‘chorar.NF’
*de‘carne’
*de- (formativo)‘mão’
*dea-‘nariz’
*deã-θə̃‘nariz’
*deã-ti‘osso do nariz’
*dede‘espinho’
*derã‘antebraço’
*do‘alimento duro’
*dorto‘língua’
*he‘lenha’
*he-də̂‘fumaça’
*he-koty‘fogo’
*ho/*[r]o‘lavar’
*kãi‘tu’
*ki‘LOC’
*ko‘árvore, chifre’
*ko‘rosto’
*kõ‘NEG’
*kob‘banzeiro’
*koho‘mosca ou carapanã’
*ku‘defecar’
*ky‘fibra de casca’
*ky/*[r]y‘comer (grãos)’
*kyθe‘arranhar, coçar’
*lãm‘ficar de pé.SG.NF’
*lə̂‘urina’
*lid (Karajá, Xambioá) ~ *lîd (Javaé)‘colocar deitado.F’
*lo-ti‘pescoço’
*l-oti‘garganta, pescoço’
*lû‘dente’
*lub‘sangue’
*mã‘fígado’
*mə̃‘LOC’
*nã-di‘mãe’
*nĩ‘nome’
*nĩnĩ‘chamar’
*nõ‘INDEF’
‘dar’
*o(-)bî ~ *ô(-)bî‘ver’
*õrõ‘dormir.F’
*-r‘NMLZ’
*rã‘cabeça’
*rã‘fruta’ (< ‘cabeça’)
*rã‘sobrinho’
*rã-de‘cabelo’
*rãm‘fome; querer’
*ri‘deixar, abandonar’
*ro‘morder’
*ro‘podre’
*ru‘coxa’
*ru/*ru-b‘morrer’
*ry‘caminho’
*ry‘gritar, chamar.NF’
*ry-be‘saliva’
*t-‘3INT (classe II)’
*ta- (classe I) / *t- (classe II)‘3CRF’
*t-amə̃‘DAT.3, ALL.3’
*tə̃m-rã‘novo’
*ti‘osso’
*to‘chupar’
*tu‘cauda de ave’
*t-u‘LOC.3’
*tû‘sol’
*ty‘tecer, costurar’
*ty‘semente’
*ty‘vagina’
*tyb‘velho’
*t-yb‘pai’ (3ª pessoa)
*tyk‘pele, casca, roupa’
*u(-)nə̃‘estar sentado.SG’
*u(-)θi‘dançar’
*-ud‘NOM.AG’ (‘dono’), ‘formativo de nomes de agente’
*we‘furar, dar facada’
*wy/*wy-d‘carregar’
*θi‘ovo’

Referências

  1. Terceira edição do Projeto Índio no Museu foi destaque na abertura da Semana do Índio. Disponível em http://www.museudoindio.org.br/template_01/default.asp?ID_S=51&ID_M=826 Arquivado em 4 de março de 2016, no Wayback Machine.. Acesso em 11 de agosto de 2012.
  2. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 1 de maio de 2008. Arquivado do original (PDF) em 20 de setembro de 2008
  3. Nikulin, Andrey. 2020. Proto-Macro-Jê: um estudo reconstrutivo. Tese de Doutorado em Linguística, Universidade de Brasília.

Bibliografia

  • KARAJÁ, H.; KARAJÁ, J.; KARAJÁ, L.; KARAJÁ, T.; KARAJÁ, W.; KARAJÁ, W.; OLIVEIRA, C.; WHAN, Ch. Dicionário enciclopédico Inyrybè/Karajá–português brasileiro. Rio de Janeiro: PRODOCLIN, 2013.
  • BORGES, M. V. As falas feminina e masculina no Karajá. 1997. 288 f. Dissertação (Mes-trado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Goiás. 1997.
  • BORGES, M. V. Diferenças entre as falas feminina e masculina no Karajá e em outras línguas brasileiras: aspectos tipológicos. LIAMES, Campinas, v. 12, p. 103–113; primavera 2012.
  • CAVALCANTE, M. P. Fonologia do Karajá. Revista do Museu Antropológico, Goiânia, v. 1, n. 1, p. 63–73, 1992.
  • FORTUNE, D. L. Gramática Karajá: um estudo preliminar em forma transformacional. BRIDGEMAN, L. I. (Ed.). Série Lingüística, no. 1. Brasília: Summer Institute of Linguistics, 1973. p. 101–161.
  • FORTUNE, D.; FORTUNE, G. Karajá grammar. Rio de Janeiro: Arquivo Lingüístico do Museu Nacional, manuscrito, 1964.
  • FORTUNE, D.; FORTUNE, G. Karajá men’s-women’s speech differences with social correlates. Arquivos de Anatomia e Antropologia, Rio de Janeiro, v. 1, p. 109–124, 1975.
  • PALHA, L. Ensaio de gramática e vocabulário da língua Karajá falada pelos índios re-meiros do rio ‘Araguaia’. Rio de Janeiro: s/ed, 1942. 42 f.
  • RIBEIRO, E. R. Empréstimos Tupí-Guaraní em Karajá. Revisa do Museu Antropológico, Goiânia, v. 5–6, n. 1, p. 75–100, jan./dez. 2001/2002.
  • RIBEIRO, E. R. Prefixos relacionais em Jê e Karajá: um estudo histórico-comparativo. LIAMES, Campinas, v. 4, p. 91–101, primavera 2004.
  • RIBEIRO, E. R. Subordinate clauses in Karajá. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 1, n. 1, p. 17–47, jan./abr. 2006.
  • RIBEIRO, E. R. A grammar of Karajá. 2012. 292 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Department of Linguistics, The University of Chicago. 2012.
  • VIANA, A. M. S. A expressão do atributo na língua Karajá. 1995. 89 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Departamento de Lingüística, Línguas Clássicas e Vernácula, Ins-tituto de Letras, Universidade de Brasília. 1995.

Ver também

Ligações externas

This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.