Língua yudjá

A língua yudjá, também conhecida como língua juruna, é uma língua indígena brasileira da família linguística Juruna, do tronco tupi, falada pelos yudjá no Parque Indígena do Xingu, no estado do Mato Grosso. Possui 280 falantes[3], de acordo com um censo de 2006.

Yudjá

Yudjá

Outros nomes:Juruna, Iuruna, Jaruna, Yudya, Yurúna
Falado(a) em: Mato Grosso,
alto Rio Xingú[1]
Total de falantes: 280[2]
Família: Tronco tupi
 Juruna
  Yudjá
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: jur

O etnônimo Juruna (Yuruna, Jurúna, Juruûna, Juruhuna, Geruna) é de origem estrangeira e significa “boca preta” em Língua Geral, motivado por uma tatuagem que os yudjá usavam antigamente.[4] Sua autodenominação é yudjá, que significa "dono do rio"[5]. Juruna não é um termo pejorativo, pois surgiu da referida tatuagem; entretanto, é preferível utilizar o endônimo Yudjá.

Fonologia

Consoantes

Os fonemas consonantais do Yudjá são[6]

Bilabial Alveolar Palatal Velar Glotal
Obstruintes Plosiva p b t d k ʔ
Africada tʃ dʒ
Fricativa s z ʃ ʒ h
Sonorantes Nasal m n
Tepe ɾ
Fricativa lateral ɬ
Aproximante w j

A divisão das consoantes em obstruintes e sonorantes justifica-se na língua pelo comportamento semelhante com relação à nasalidade ocorrido com as sonorantes: todas podem ser nasalizadas diante de vogal nasal.[5]

Vogais

Os fonemas vocálicos breves do Yudjá:[5]

Anterior Central Posterior
Fechada i ɨ u
Média e
Aberta a

Há no yudjá a ocorrência de vogais longas. Elas são responsáveis muitas vezes pelo contraste entre palavras, mas a localização da sílaba tônica não depende unicamente delas.[5]

Tons

O yudjá é definido como uma língua tonal. No yudjá, cada sílaba apresenta apenas um tom significativo (há línguas com mais de um tom por sílaba), e esse tom pode ser pontual ou glide (em que ocorrem deslizes para baixo ou para cima como pequenos glissandos). Dessa forma, o sistema tonal do yudjá pode ser classificado como um sistema de registro, com ocorrência de glides como variantes de tons de registro.

Tons que ocorrem, foneticamente, no yudjá: [ ´ ] alto, [ ¯ ] médio, baixo (não marcado), [ \ ] descendente e [ / ] ascendente. Fonologicamente, porém, há somente tom [ ´ ] alto e tom baixo (não marcado).

Fonotática

O peso silábico das sílabas em yudjá são definidos de tal maneira:

(C)VC: pesada

(C)VV: pesada

(C)V: leve

A sílaba tônica em yudjá recai sobre a última sílaba, caso todos os tons sejam iguais. Caso contrário, o acento ocorre na primeira sílaba com tom alto da esquerda para a direita.

A nasalização no yudjá se propaga de maneira regressiva, mas não ocorre devido à presença de um consoante nasal na coda, pois a única presença de consoante na coda é a oclusiva glotal no fim da palavra.

Escrita

Como a maioria das línguas indígenas no Brasil, o yudjá é uma língua oral que recebeu posteriormente uma escrita baseada no alfabeto utilizado no português brasileiro. A proposta ortográfica atual para a língua yudjá utiliza o alfabeto do português brasileiro com as seguintes modificações:[5]

Grafema Fonema
' ʔ
x ʃ
j ʒ
tx
dj
r ɾ
l ɬ
y j
ï ɨ

Gramática

Existem dois tipos de classes de palavras no yudjá: As classes abertas, que são os nomes, verbos, adjetivos e advérbios, e as classes fechadas, que são os pronomes, clíticos, afixos, conjunções, interjeições e partículas.

Nomes

A classe dos nomes é constituída por elementos que podem ocorrer como núcleo de sintagma nominal em função de argumentos de verbos e de posposições:[5]

Frase Glosa Significado
alí pakua ixu menino banana comer O menino comeu banana
pitxa pïza hé au peixe canoa LOC estar O peixe está na canoa

Os nomes podem também ocorrer como predicado em orações não verbais, porém nessa função deve ser acrescido o sufixo predicativizador “-ha”.

Frase Glosa Significado
Wetákḯ peru-ha anu Wetag kĩsêdjê-PRED. ASP Wetag é kĩsêdjê

Podem ser modificados por possessivos, demonstrativos, numerais e estativos:

Frase Glosa Significado
u-mé hulá 1S-POSS porco Meu porco (caçado no mato)
anï alí aquele menino Aquele menino
una txabḯú waraxí wã 1S três melancia comprar Eu comprei três melancias
alí kariá wï menina alegre chegar A menina alegre chegou

Os nomes apresentam a categoria de número, caso refiram-se a “humano”. Apresentam a categoria de posse, com a distinção entre nomes possuíveis (alienáveis e inalienáveis) e não possuíveis. Os inalienáveis sempre ocorrem com os clíticos marcadores de pessoa, os alienáveis não precisam necessariamente ocorrer com os clíticos. Os inalienáveis compreendem a) partes do corpo e b) termos de parentesco.

Os nomes ainda se distinguem em simples e derivados. Estes últimos são obtidos por afixação (reduplicação) e por composição (endocêntrica e exocêntrica).

Reduplicação

O processo de reduplicação por sufixação, embora comum em verbos (que também apresentam infixação), ocorre também nos nomes:[5]

Original Significado Reduplicada Significado
aku'ú rato/coruja (genérico) aku'ú-ku'ú gavião (pequeno)
pitxí traíra grande pitxítxi pirarucu
asu assoprar nasusu borboleta

Há muitos nomes de animais em que ocorre a reduplicação, mas, ao contrário dos exemplos acima, dificilmente se encontram as formas não reduplicadas uma vez que as reduplicadas são onomatopeicas.

Reduplicada Significado
txákĩ-txákĩ quero-quero (pássaro)
xã́xã́ socozinho (pássaro)

Composição

São considerados compostos os elementos como os exemplificados a seguir por não apresentarem a possibilidade de intercalação de outro elemento (um modificador, por exemplo) e por apresentarem um significado que não ctalidade do composto. Assim, axí se’á (“olho do fogo”) refere-se a lâmpada e não a alguma parte do fogo. Além disso, *axí kï̃ se'á , com o modificador kï̃ ("só") , é agramatical. A seguir, exemplos de compostos:[5]

Composição endocêntrica

Nome + Nome

Palavra Glosa Significado
se-padetá 'a'ahã́ 1P-peso imagem/foto balança (imagem do nosso peso)
maruní 'ú'ã tatu(tipo) unha enxó (unha de tatu grande)
axí me kamémá fogo POSS colar lâmpada (colar do fogo)
Composição exocêntrica

Nome + Verbo

Palavra Glosa Significado
iyá xipá rio reto (ESTATIVO) Rio Xingu (rio reto)
pïza ipa'ípá'ía canoa voar avião (canoa que voa)
axí saasaka fogo iluminar-tudo lanterna (fogo que ilumina tudo)
pïza ipidepídéa canoa andar no chão carro (canoa que anda no chão)

Verbo + Sufixo

Palavra Glosa Significado
kabutxú [kararaka-há] lixo tirar-NOM pá (que tira lixo)
papérá [itika-há] papel apagar-NOM borracha (que apaga papel)
papérá [waxĩ-yãhã] papel escrever-NOM lápis (que escreve papel)

Nome + Verbo + Nome + Verbo

Palavra Glosa Significado
axí saasaka tapḯsá a-rahḯhï fogo ilumina-tudo cara redonda-grande lanterna grande (fogo que ilumina tudo e que tem cara grande e redonda)

Pronomes

Em yudjá, a função de sujeito de verbos de um só argumento (intransitivos) é marcada por pronomes independentes. Estes ocupam a primeira posição na oração, podendo, contudo, aparecer pospostos ao verbo. Neste caso, apresentam algumas reduções na forma, o que leva a vê-los como uma segunda classe de pronomes. Com algumas exceções somente, para verbos de um só argumento, tais pronomes são o único expediente para marcar a função de sujeito, quando não há um sintagma nominal. Quando este ocorre, não há marcação pronominal alguma do sujeito (nem mesmo no verbo).[5]

Frase Glosa Significado
una bïdḯtu 1S cair Eu caí
bïdḯtu na cair 1S
una 'e'á 1S chorar Eu chorei
'e'á na chorar 1S
Taperída kuaha txade bïdḯtu Taperida pedra POSP. cair Taperida caiu em cima da pedra

Não há uma forma única para a terceira pessoa singular. Para marcá-la é utilizado um dos dois demonstrativos: amï "aquele" e anï "este". Com verbos de dois argumentos (transitivos) ele raramente ocorre.[5]

A marcação de terceira pessoa singular é de caráter enfático nas orações com verbos de dois argumentos. Tal caráter de ênfase também é conferido quando se usa o pronome, em função de sujeito, antes do verbo (quer seja ele de um ou de dois argumentos). Nessas situações, observa-se que o foco da oração recai sobre o sujeito, e não sobre a ação em si, e tampouco sobre o objeto.[5]

Frase Glosa Significado
wï na chegar 1S Cheguei
una wï 1S chegar Eu cheguei
pitxa ixú na peixe comer 1S Comi peixe
una pitxa ixú 1S peixe comer Eu comi peixe

Tal implicação semântica não parece ocorrer quando substitui-se o pronome por um sintagma nominal (em oração afirmativa). A ordem básica então é a não-marcada, não implicando, ao que parece, a presença de ênfase.

Frase Glosa Significado
Taperída pitxa ixú Taperida peixe comer Taperida comeu peixe
Taperída wï Taperida chegar Taperida chegou

Para a primeira pessoa plural há duas formas distintas: ulu'udí (ou udí) e , exclusiva e inclusiva, respectivamente.

Para a terceira pessoa plural não há forma única. Há duas formas que, na verdade, são compostas:

Pronome Elementos Glosa Significado
abïdai abï- da- i COLETIVO pessoal/grupo PLURAL eles (= muitos grupos)
anïdai anï- da- i 3S/este pessoal/grupo PLURAL eles (= estes grupos)

Por fim, todas as formas estão indicadas na tabela abaixo:[5]

Antes do verbo Depois do verbo
1s una na
2s ena
3s amï
anï
1p (ex.) ulu'udí udí
1p (in.)
2p esí
3p anïdai
abïdai

Verbos

A classe dos verbos é constituída por elementos que podem ser núcleo de sintagma verbal (SV) em função de predicado da oração. Podem manifestar a categoria de aspecto expressa por partículas por meio de reduplicação. A reduplicação pode também marcar a categoria de número. Os verbos podem ser modificados por advérbios. Os verbos podem se subdividir claramente em transitivos (simples e bitransitivos) e intransitivos (ativos e estativos).[5] O sintagma verbal, além do verbo, apresenta morfema de modo e partículas de aspecto, e o verbo pode apresentar dois tipos de reduplicação.

Tempo

Em yudjá, não há marcação, no verbo, do tempo passado e do tempo presente. O futuro, contudo, é indicado pelo verbo no modo irrealis. Poderia ser dito, portanto, que a língua apresenta a distinção futuro vs. não-futuro.

Modo

O realis refere-se a situações que estão ocorrendo ou que já ocorreram e o irrealis refere-se às demais situações, como hábitos gerais, as que ainda não ocorreram, incluindo previsões para o futuro.[5]

Frase Glosa Significado
Barúzi kã́íbi wï Baruzi ontem chegar Baruzi chegou ontem
Barúzi wï Baruzi chegar Baruzi chega
Barúzi wï anu Baruzi chegar ASP Baruzi está chegando
Kahukáde wï-a amanhã chegar-IRR. Chegará amanhã
alí pakua ixú menino banana comer O menino comeu banana
l-ixá na e-bé a hi te 2S-comer 1S 2S-DAT falar REP 3S Eu vou comer você - disse para ele

No primeiro exemplo observa-se o verbo no modo realis, indicando uma ação já ocorrida, confirmada pelo advérbio káĩ́bi "ontem" . Caso o advérbio não estivesse presente, como no exemplo seguinte, a sentença poderia ter o sentido de "Baruzi chega". Com a marca de aspecto anu, como terceiro exemplo, a sentença exprime uma ação no passado ( cf "Aspecto", a seguir). No quarto exemplo, o verbo aparece no irrealis, com o morfema -a . Em verbos que têm realis em -u , este é substituído por -a no irrealis. [5]

No quarto exemplo, com o verbo no irrealis, a presença do advérbio kahukáde "amanhã" implica uma ação futura. No exemplo seguinte o único sentido possível é o passado. Já no último exemplo, não há dúvidas de que a situação a que se refere o verbo é futura.

Pela semelhança de formas, contudo, entre o verbo querer, á , e a marca de irrealis pode-se pensar em uma análise diacrônica: o irrealis pode ter sua origem justamente no verbo "querer", semelhante ao que ocorre com o inglês will.

Aspecto

O aspecto do verbo pode ser separado em perfectivo ou imperfectivo. Esse último se subdivide em habitual e contínuo, e o aspecto contínuo se subdivide em não-progressivo e progressivo.[5]

O Perfectivo indica uma situação como um todo, sem ser dividida nas partes que a compõem. Ele é visto como indicando ação completa, com começo - meio - fim, sem ênfase, contudo, no final. Já o Imperfectivo marca essencialmente a estrutura interna da situação.

O Habitual descreve uma situação que é característica de um período de tempo extenso, tão extenso que a situação referida é vista não como uma propriedade incidental de um momento, mas, precisamente, como um traço característico de todo um período.

O Progressivo descreve a situação em progressão, não é sinônimo de Imperfectivo, uma vez que a distinção entre Progressivo e Habitual é clara. O Não-progressivo indica uma situação com continuidade mas em que não há a noção de progressão.

Em yudjá, o Perfectivo não é marcado, e o lmperfectivo recebe três marcas diferentes, que correspondem a formas independentes:

  • anaana - Habitual
  • hae - Progressivo
  • anu - Não-progressivo

A distinção entre Progressivo e Não-progressivo, em yudjá, corresponde a uma distinção entre significados "atélico" e "télico": o primeiro não implica uma situação que tenha um fim e o segundo implica justamente uma situação que tenha fim, embora ambos impliquem duração.[5]

Em yudjá, em todos os paradigmas coletados, anu tem sua contraparte alu para 1ª pessoa singular e 1ª pessoa plural. Isto faz pensar que provavelmente anu/alu tenha sido anteriormente uma flexão de tempo passado, devido, inclusive, à sua característica de télico - ação que implica em um final.

Derivação a partir de nome

Nomes derivam verbos com a mudança da terninação para -u para formar intransitivos e, além disso, a partir do acréscimo do prefixo a- para formar verbos transitivos.

  • piná "pente" => apinú "pentear" => apinú na mãbïa bé (pentear 1s filha dat) "Eu penteei minha filha"
  • ka'á báxia (árvore flor) "flor da árvore"
  • ka'áha anu i-batxíú (árvore asp 3s-florescer) "a árvore floresceu"

Advérbios

A classe dos advérbios é constituída por palavras que podem modificar nomes e verbos. Sintaticamente, funcionam como adjunto, ou seja, são ligados a uma estrutura, de que dependem, mas podem ser desligados da sentença sem causar a ela qualquer alteração sintática.[5]

Tipo Advérbio Significado Exemplo Glossa Significado
de lugar 'a'i aqui au manakúrá adḯṹ ter açaí longe Tem açaí longe
pḯĩ:há hé lá longe
kahu
adḯṹ longe
kapaũ perto
de tempo káĩ́bi ontem káĩ́bi amáná ala ontem chuva chover Ontem choveu
maxi agora, hoje
kahukáde amanhã
payú antigamente
ukáhaũ sempre
quantificadores kïnanaínaku pouco apá pitxa á-áne?


abï pitxa á na

qual peixe querer-2S


qualquer um peixe querer 1s

Qual peixe você quer?


Quero qualquer peixe

itxïbḯ muito
bitéhu tudo
anásẽ: todos
tïháṹ nenhum
tïhamáhidjí
abï qualquer um
káitá vários
qualificadores pïdáku devagar alí pe'árú pudúkú menino rápido andar O menino andou rápido
pe'árú rápido
memé sozinho

Sentença

Ordem da Frase

A ordem geral das sentenças em yudjá é SVO. Sujeito e objeto podem ser expressos por elementos pronominais ou não. No último caso, os argumentos não recebem marcas especiais, distinguindo-se pela ordem.[5]

Frase Glosa Significado
pitxa ixú alí anu peixe comer menino ASP O menino está comendo peixe
Ananã pitxa wïyũ Ananã peixe cozinhar Ananã cozinhou peixe

Na situação em que o objeto direto não pronominal vem após o verbo, ele recebe a marca be.

Frase Glosa Significado
apḯ atxu huta be cachorro morder cobra DAT O cachorro mordeu a cobra

Caso o objeto não seja um SN, ele ocorrerá no verbo como marcação de pessoa - clítico, que ocorrerá também no dativo be.

Frase Glosa Significado
apḯ u-atxú u-bé cachorro 1S-morder 1S-DAT O cachorro me mordeu

Nas orações com verbos bitransitivos, ou seja, verbos que além do objeto direto admitem um objeto indireto, este vem no dativo, marcado pela posposição be, e o direto não recebe marcação, caso os objetos sejam não SNs, A ordem observada sempre é o objeto direto antecedendo o verbo, e o objeto indireto podendo ocupar variadas posições (caso o objeto direto fosse alocado após o verbo, haveria agramaticalidade pois ocorreriam dois argumentos marcados com a posposição be)[5]

Frase Glosa Significado
Tamamã Taperída be apárú kua Tamamã Taperída DAT beiju dar Tamamã deu beiju para Taperída
Tamamã be Taperída apárú kua Tamamã DAT Taperída beiju dar Taperída deu beiju para Tamamã
Taperída bába be aku'ú abïahá awḯyá abḯ Taperída papai DAT rato história antiga contar Taperída contou história antiga do rato para o papai

Verbos intransitivos

Os verbos intransitivos em yudjá podem ser ativos, caso refiram-se a uma ação, e estativos, caso refiram-se a estado.

Verbos intransitivos ativos

Estes verbos têm como argumento único o sujeito que, como no caso dos transitivos, pode ser pronominal ou não.[5]

Frase Glosa Significado
kurakurá iyakúhá ferver mingau O mingau ferveu
etxúkú alí comer menino O menino comeu
bïdḯu na cair 1S Eu caí

Verbos intransitivos estativos

Os itens que exprimem conceitos correspondentes àqueles expressos por adjetivos no português funcionam em yudjá como verbos estativos, como será demonstrado. O que comprovaria a análise deles como verbos, entre outros fatos, é a possibilidade de reduplicação desses itens com mudança de modo realis para irrealis. Assim, tais itens assumiriam uma característica do verbo, uma vez que na língua há os referidos modos no verbo. Em tais itens a reduplicação é uma sufixação e tem a função de marcar a intensidade: Sem a reduplicação, no modo realis, indica algo que está relativamente longe e com reduplicação, indica algo que está relativamente perto, que pode ser observado com mais detalhes.[5]

Frase Glosa Significado
ka'á úpá alḯlú mato folha verde A folha verde (que está longe)
A folha é verde (que está longe)
ka'á úpá akïlá-kïla mato folha verde-REDUPL A folha verde (que está perto)
A folha é verde (que está perto)

Como pôde ser observado, a ordem de uma construção com os verbos estativos é Nome-Verbo estativo e em uma construção genitiva é Genitivo-Nome.

Frase Glosa Significado
alí ikiahá criança bonita A criança bonita
A criança é bonita
aká urahu casa grande A casa grande
A casa é grande
awïla 'e'é mel gostoso O mel gostoso
O mel é gostoso
iyá imaxã́ rio sinuoso O rio sinuoso
O rio é sinuoso

Note-se, pelas traduções, que em todos os exemplos acima o verbo estativo pode ser um atributo ("O rio sinuoso"), sendo um modificador do nome, e como tal aparece em orações como no exemplo abaixo:

Frase Glosa Significado
alí kariá wï menina alegre chegar A menina alegre chegou
ãibátá ipakúhá itá na rede nova comprar 1S Eu comprei rede nova
umé ãibátá ipakúhá labïkïrḯ 1S-POSS rede nova rasgar Minha rede nova rasgou

ou pode ser um predicativo, desempenhando a função do verbo ("O rio é sinuoso"), e pode, nesses casos, ser seguido da marca de aspecto, que, sem dúvida alguma, é característica de verbos:

Frase Glosa Significado
mãdḯká abḯrua anu lua redonda ASP A lua está redonda
ulu'udí urahu alu 1P(EXCL) grande ASP Nós somos grandes

Como menciona Dixon (in Bright, 1992), em casos como esse os linguistas descrevem os "adjetivos" como verbos estativos, não os descrevendo, portanto, como uma classe de palavra distinta. Contudo, apesar de a reduplicação ser comum a verbos, em yudjá, não deixa de existir em nomes também, como foi mostrado anteriormente. Portanto, a reduplicação não é característica exclusiva de verbos. Além disso, um outro argumento para considerar os adjetivos distintos dos verbos seria o fato de que um adjetivo modifica um nome diretamente, como pode ser visto acima, mas um verbo só pode modificar um nome se estiver em uma forma nominalizada:

Frase Glosa Significado
pïháhá lapídú-yãhã́ banco quebrar(objeto volumoso)-NOMIN. banco quebrado
txukáyá lapíkú-yãhã́ flecha quebrar(objeto fino)-NOMIN. flecha quebrada

Segundo Shankara Bath (1994:49), entre outras diferenças entre adjetivos e verbos em línguas em que eles são classes distintas, os primeiros ocorrem em sua forma não marcada na posição de nomes e requerem, como tais, modificações ( o uso de afixos ou de um auxiliar) para funcionar como predicados, e os últimos (verbos) ocorrem em sua forma não-marcada como predicados e têm de ser mudados para particípios ou outras formas derivadas para ocorrer na posição de nomes. Em yudjá, o adjetivo não requer modificações para funcionar como predicado, podendo, inclusive, receber marca de aspecto; além disso, comportam-se como os verbos também quando ocorrem na posição de nomes, uma vez que são nominalizados:

Frase Glosa Significado
ikiahá-yahã́ iyu bonita-NOM dormir A bonita dormiu

O adjetivo pode ainda receber a marca de dativo, como um nome, mas antes disso precisa ser nominalizado como um verbo:

Frase Glosa Significado
anï makaxí kua ikiahá-yãhã́ be 3S milho dar bonito-NOM DAT Ela deu milho para o bonito

Assim, em yudjá os "adjetivos" passam a ser analisados como verbos estativos, por terem comportamento semelhante aos verbos.

Vocabulário

Amostra de texto

Kï kapa de na 'é'elu[5]

Kï de na umaká dé 'é'elu. Ĩ́ na paku káde upadé ika te hide, i na iduma hidji te.

Umaká de 'é'elu káde na bitú iyaũ, umaká kï̃ yáékuakua na kahu.

Kahu wï tádei uxixi kariá kára. Sutadei na ẽ́du káde awaie kï̃ yáékua umaká bé ta.

Ĩ́ na abḯkú káde kã́lí sã txa, kã́lí sã txa káde idúáha ne té. Kaapa dákï̃ kapíiku, una umaká bé elú kárayãhã́ ubahú kaapa su.

Kuadḯ 'e'ú txa táde na 'e'á a hide, uwáká dá umaká yáékuakua káraha.

Tarupi Kayabi Yudja

Tradução: Essa noite eu sonhei

Essa noite eu sonhei com meu amor. Quando eu acordei eu a procurei mas não a encontrei.

Quando eu sonhei com meu amor não consegui dormir mais, eu só pensava no meu amor até o dia amanhecer.

Quando foi amanhecendo o passarinho cantou. Então eu ouvi, eu me lembrei de novo do meu amor.

Quando acordei saí fora, quando saí fora da casa tive vontade de encontrá-la. O dia estava também bem quieto, triste; o dia sabe que eu estou com saudade do meu amor.

Quando o sol entrou, eu queria chorar, vontade de chorar quando fico lembrando do meu amor.

– Tarupi Kayabi Yudja

Numerais

O yudjá possui palavras e expressões para números até vinte. Para quantidades maiores, é usado itxḯbḯ (muitos). Atualmente fazem uso dos termos do português para designar os números maiores que cinco, com o objetivo de fazer contas e mencionar horas.

Os números até vinte fazem referência aos dedos das mãos e dos pés, na seguinte ordem: o primeiro dedo a ser usado na contagem é o mínimo da mão direita (número "um"), depois o anelar, o médio, o indicador e o polegar. O próximo é o polegar da mão esquerda (número "seis"), o indicador, o médio, o anelar e o mínimo. A mesma ordem é seguida na continuação nos pés ("onze" é o dedo mínimo do pé direito).[5]

A ordem usual no sintagma nominal é Numeral - Nome. Porém também é possível a ordem Nome - Numeral. Entre os dois elementos pode haver outro elemento como um pronome. Comportam-se como adjuntos, podendo, portanto, ser removidos da sentença sem causar-lhe mudança sintática. Devido a esse comportamento, são considerados como advérbios:

Frase Glosa Significado
una txabḯú waraxí wã 1S três melancia comprar Eu comprei três melancias
txabḯú na waraxí wã três 1S melancia comprar
duwadjúse alií iyu quatro crianças dormir As quatro crianças dormiram
alíi duwadjúse iyu crianças quatro dormir

A partir do número 5, os numerais podem ser expressos por compostos indicando a quantidade de dedos a mais que passaram de uma mão/pé ou indicando os nomes dos dedos, sem indicar que são os da mão/pé esquerdos.[5]

Numeral Palavra Glosa Significado
1 memé sozinho um
memé-hinaku sozinho-?
2 yáuda dois
3 txabḯú três
4 duwadjúse quatro
5 se-wá* a-rahḯhï 1P-dedo redondo-grande nosso dedo grande e redondo (polegar)
6 se-wá pauna bé meméhinaku kára 1P-mão lado DAT um passar passa um (dedo) para nossa mão do outro lado
se-wá a-rahḯhï pauna 1P-dedo redondo-grande lado nosso polegar do outro lado
7 se-wá pauna bé yáuda kára 1P-mão lado DAT dois passar passam dois (dedos) para nossa mão do outro lado
se-wá a-rahḯhï détxiã́ 1P-dedo redondo-grande próximo próximo ao polegar (indicador)
8 se-wá pauna bé txabḯú kára 1P-mão lado DAT três passar passam três (dedos) para nossa mão do outro lado
se-wá xipá 1P-dedo meio nosso dedo do meio (médio)
9 se-wá pauna bé duwadjúse kára 1P-mão lado DAT quatro passar passam quatro (dedos) para nossa mão do outro lado
se-wá xĩ́xĩ détxiã́ 1P-dedo pequeno próximo próximo ao nosso dedo pequeno (anelar)
10 se-wá né 1P-mão igual igual nossa mão
se-wá xĩ́xĩ 1P-dedo pequeno nosso dedo pequeno (mínimo)
11 se-bïdahá bé meméhinaku kára 1P-pé DAT um passar passa um (dedo) para o nosso pé
se-maraxã́ xĩ́xĩ 1P-dedo do pé pequeno nosso dedinho do pé (mínimo)
12 se-bïdahá bé yáuda kára 1P-pé DAT dois passar passam dois (dedos) para o nosso pé
se-maraxã́ xĩ́xĩ détxiã́ 1P-dedo do pé pequeno próximo próximo ao nosso mínimo (anelar)
13 se-bïdahá bé txabḯú kára 1P-pé DAT três passar passam três (dedos) para o nosso pé
se-maraxã́ xipá 1P-dedo do pé meio nosso dedo do pé do meio (médio)
14 se-bïdahá bé duwadjúse kára 1P-pé DAT quatro passar passam quatro (dedos) para o nosso pé
se-maraxã́ xipá détxiã́ 1P-dedo do pé meio próximo próximo ao nosso dedo do pé do meio (indicador)
15 se-bïdahá bé se-wá né kára 1P-pé DAT 1P-mão igual passar passou igual uma mão para o nosso pé
se-bïdahá né 1P-pé igual igual nosso pé
16 se-bïdahá bé se-wá pauna ne kára 1P-pé DAT 1P-dedo lado igual passar passa (um) do nosso dedo do lado igual para o nosso pé
se-bïdahá pauna bé meméhinaku kára 1P-pé lado DAT um passar passa um (dedo) para o nosso pé do outro lado
se-bïdahá pauna né kára 1P-pé lado igual passar passa para o pé do outro lado
17 se-bïdahá bé se-wá pauna né yáuda kára 1P-pé DAT 1P-mão lado igual dois passar passam dois dedos do outro lado para o nosso pé
se-bïdahá pauna bé yáuda kára 1P-pé lado DAT dois passar passam dois (dedos) para o nosso pé do outro lado
se-maraxã́ a-rahḯhï détxiã́ 1P-dedo do pé redondo-grande próximo próximo ao nosso dedo do pé grande (indicador)
18 se-bïdahá bé se-wá pauna né txabḯú kára 1P-pé DAT 1P-dedo lado igual três passar passam três dedos do outro lado para o nosso pé
se-bïdahá pauna bé txabḯú kára 1P-pé lado DAT três passar passam três (dedos) para o nosso pé do outro lado
se-maraxã́ xipá 1P-dedo do pé meio nosso dedo do pé do meio (médio)
19 se-bïdahá bé se-wá pauna né duwadjúse kára 1P-pé DAT 1P-dedo lado igual quatro passar passam quatro dedos do outro lado para o nosso pé
se-bïdahá pauna bé duwadjúse kára 1P-pé lado DAT quatro passar passam quatro (dedos) para o nosso pé do outro lado
se-maraxã́ xipá xĩ́xĩ détxiã́ 1P-dedo do pé pequeno próximo próximo ao nosso dedo do pé pequeno (anelar)
20 se-bïdahá dju se-wá másehu 1P-pé COM. 1P-dedo acabar acabam os dedos dos nossos pés juntos
se-bïdahá se-wá lãhújé-yãhã́ ne 1P-pé 1P-dedo ajuntar-nom igual igual o que ajunta nossas mãos e nossos pés
se-bïdahá ahúmé 1P-pé ajuntar ajunta os nossos pés

Nota: -wá significa tanto "dedo" quanto "mão". A distinção é dada pelo contexto.

Nomes de aves

Nomes de aves em yudjá:[7]

Nome em JurunaNome popular em portuguêsNome científicoAutoridadeNome geral em JurunaFamíliamaka (criação)
matxũacauãHerpetotheres cachinnans(Linnaeus, 1758)ekũFalconidae
pakuϊáguia-pescadoraPandion haliaetus(Linnaeus, 1758)ekũPandionidae
arakãanacãDeroptyus accipitrinus(Linnaeus, 1758)arakãPsittacidaenakũ
txutxuraanambé-branco-de-bochecha-pardaTityra inquisitor(Lichtenstein, 1823)uxixiTyrannidae
urũ ipewa imakurukuruandorinha-de-coleiraPygochelidon melanoleuca(Wied, 1820)urũHirundinidae
urũ idïkaandorinha-de-faixa-brancaAtticora fasciata(Gmelin, 1789)urũHirundinidae
urũ epïakuaheheyãandorinha-doméstica-grandeProgne chalybea(Gmelin, 1789)urũHirundinidae
urũ epakuaheheyãandorinha-do-rioTachycineta albiventer(Boddaert, 1783)urũHirundinidae
uru ipewa akãlikãliandorinhão-de-sobre-brancoChaetura spinicaudus(Temminck, 1839)urũApodidae
urũ hutaandorinhão-estofadorPanyptila cayennensis(Gmelin, 1789)urũApodidae
urũ epubepubeaandorinha-serradorStelgidopteryx ruficollis(Vieillot, 1817)urũHirundinidae
aramidakaanhumaAnhima cornuta(Linnaeus, 1766)aramidakaAnhimidae
maradjadjaanu-corocaCrotophaga major(Gmelin, 1788)maradjadjaCuculidaesisĩ
yainãanu-pretoCrotophaga ani(Linnaeus, 1758)yainãCuculidaeyainã
makaxihaaraçari-de-bico-brancoPteroglossus aracari(Linnaeus, 1758)yadadarĩRamphastidaemakaxiha
tikunũarapaçu-de-bico-brancoDendroplex picus(Gmelin, 1788)wareDendrocolaptidae
warearapaçu-de-garganta-amarelaXiphorhynchus guttatus(Lichtenstein, 1820)wareDendrocolaptidae
ware xixĩarapaçu-de-listras-brancasLepidocolaptes albolineatus(Lafresnaye, 1845)wareDendrocolaptidae
ware asurirĩarapaçu-de-spixXiphorhynchus spixii(Lesson, 1830)wareDendrocolaptidae
uxixi kararã xixĩarapaçu-riscadoXiphorhynchus obsoletus(Lichtenstein, 1820)wareDendrocolaptidae
warawaraarara-azul-grandeAnodorhynchus hyacinthinus(Latham, 1790)warawaraPsittacidaeararuna
arapaarara-cangaAra macao(Linnaeus, 1758)arapaPsittacidaeyaraha
txararïwaarara-canindéAra ararauna(Linnaeus, 1758)txararïwaPsittacidaeawarĩ
urawïarara-vermelha-grandeAra chloropterus(Gray, 1859)urawïPsittacidaeyarapïda
mamana urahïhïariramba-da-copaGalbula dea(Linnaeus, 1758)mamanaGalbulidaemamana
mamana xixĩariramba-da-mataGalbula cyanicollis(Cassin, 1851)mamanaGalbulidaemamana
adura xixĩarirambinhaChloroceryle aenea(Pallas, 1764)aduraAlcedinidae
uxixi kararã urahïhïarredio-do-rioCranioleuca vulpina(Pelzeln, 1856)uxixiFurnariidae
witxitxipipira-vermelhaRamphocelus carbo(Pallas, 1764)uxixiThraupidaewitxitxi
pïza makaazulonaTinamus tao(Temminck, 1815)pïza makaTinamidae
aku’u ipewapewabacurauHydropsalis albicollis(Gmelin, 1789)aku’uCaprimulgidae
pukuï detxãbacurau-cauda-barradaHydropsalis leucopyga(Spix, 1825)aku’uCaprimulgidae
akuʼu etaheheabacurau-da-praiaChordeiles rupestris(Spix, 1825)aku’uCaprimulgidae
aku’u txuĩpïpïpïbacurau-pequenoHydropsalis parvulus(Gould, 1837)aku’uCaprimulgidae
teriubaianoSporophila nigricollis(Vieillot, 1823)uxixiEmberizidae
yakurixibalança-rabo-de-bico-tortoGlaucis hirsutus(Gmelin, 1788)yakurixiTrochilidae
pidupidu xixibatuíra-de-coleiraCharadrius collaris(Vieillot, 1818)aurupadakaCharadriidae
duaduabatuíra-de-esporãoVanellus cayanus(Latham, 1790)aurupadakaCharadriidaeadïwa
yakurixibeija-flor-azul-de-rabo-brancoFlorisuga mellivora(Linnaeus, 1758)yakurixiTrochilidae
yakurixibeija-flor-de-bochecha-azulHeliothryx auritus(Gmelin, 1788)yakurixiTrochilidae
yakurixibeija-flor-de-garganta-verdeAmazilia fimbriata(Gmelin, 1788)yakurixiTrochilidae
yakurixi ipadja itinikikĩbeija-flor-pretoAnthracothorax nigricollis(Vieillot, 1817)yakurixiTrochilidae
yakurixibeija-flor-tesoura-verdeThalurania furcata(Gmelin, 1788)yakurixiTrochilidae
titikĩbem-te-viPitangus sulphuratus(Linnaeus, 1766)uxixiTyrannidaekuiusi
huribibi ita’ĩ’ĩbem-te-vizinho-de-asa-ferrugíneaMyiozetetes cayanensis(Linnaeus, 1766)uxixiTyrannidaekuiusi
hurikikibem-te-vizinho-do-brejoPhilohydor lictor(Lichtenstein, 1823)uxixiTyrannidaekuiusi
pare’e’ẽbenedito-de-testa-vermelhaMelanerpes cruentatus(Boddaert, 1783)warePicidaepare’e’ẽ
ayã iwadïwadïabico-chato-de-rabo-vermelhoRamphotrigon ruficauda(Spix, 1825)ayã iwadïwadïaTyranninae
mamanãbico-de-agulha-de-rabo-vermelhoGalbula ruficauda(Cuvier, 1816)uxixiGalbulidae
yanuĩbico-de-brasaMonasa nigrifrons(Spix, 1824)uxixiBucconidaetikutikũ
patia adakabicudoSporophila maximiliani(Cabanis, 1851)uxixiEmberizidae
patxawawabiguáPhalacrocorax brasilianus(Gmelin, 1789)patxawawaPhalacrocoracidaepatxawawa
kararabiguatingaAnhinga anhinga(Linnaeus, 1766)kararaAnhingidaekanapi
watxupẽcabeça-brancaDixiphia pipra(Linnaeus, 1758)uxixiPipridae
audumakacabeça-de-prataLepidothrix iris(Schinz, 1851)uxixiPipridaeaudumaka
nunurecabeça-secaMycteria americana(Linnaeus, 1758)nunureCiconiidaetarara
kukuyacaburéGlaucidium brasilianum(Gmelin, 1788)ekũStrigidae
kakï pïxixĩcancãCyanocorax cyanopogon(Wied, 1821)ekũCorvidae
kakï urahïhïcancãoIbycter americanus(Boddaert, 1783)ekũFalconidae
aparu abe itxa iwacapitão-de-saíra-amareloAttila spadiceus(Gmelin, 1789)uxixiTyrannidae
uru’asacarãoAramus guarauna(Linnaeus, 1766)uru’asaAramidae
kahũtxĩcauréFalco rufigularis(Daudin, 1800)ekũFalconidae
xikãxikãchincoãPiaya cayana(Linnaeus, 1766)uxixiCuculidae
xikãxikã xixĩchincoã-pequenoCoccycua minuta(Vieillot, 1817)uxixiCuculidae
txutxurũchoca-d'águaSakesphorus luctuosus(Lichtenstein, 1823)uxixiThamnophilidaetxutxurũ
laaka makachoca-de-olho-vermelhoThamnophilus schistaceus(d'Orbigny, 1835)uxixiThamnophilidae
taxununu xixĩchupa-dente-de-capuzConopophaga roberti(Hellmayr, 1905)uxixiConopophagidae
kakayaciganaOpisthocomus hoazin(Statius Muller, 1776)kakayaOpisthocomidae
kurukurucococoróMesembrinibis cayennensis(Gmelin, 1789)kurukuruThreskiornithidaekurudu
teriucoleira-de-garganta-brancaSporophila albogularis(Spix, 1825)uxixiEmberizidae
tayãbera asurirĩcolhereiroPlatalea ajaja(Linnaeus, 1758)tayãberaThreskiornithidae
huhurucorcovadoOdontophorus gujanensis(Gmelin, 1789)huhuruPhasianidae
tatarayãcorta-águaRynchops niger(Linnaeus, 1758)tatarayãRhynchopidaepiãpiã
kame’amïcorujinha-orelhudaMegascops watsonii(Cassin, 1849)ekũStrigidae
ʼiitucricrióLipaugus vociferans(Wied, 1820)uxixiCotingidae
kukãrãcuricacaTheristicus caudatus(Boddaert, 1783)kukãrãThreskiornithidaekurudu
teriu asurirĩcurióSporophila angolensis(Linnaeus, 1766)teriuEmberizidae
kamena isamïenferrujadinhoNeopipo cinnamomea(Lawrence, 1869)uxixiThreskiornithidae
baxidiferreirinho-estriadoTodirostrum maculatum(Desmarest, 1806)uxixiTyrannidae
kuaha makafiguinha-de-rabo-castanhoConirostrum speciosum(Temminck, 1824)uxixiEmberizidae / Subfamília: Thraupinae
aberi pïpïfogo-apagouColumbina squammata(Lesson, 1831)aberiColumbidae
xarakũfrango-d'água-azulPorphyrio martinica(Linnaeus)aurupadakaRallidae
kaarũgarça-da-mataAgamia agami(Gmelin, 1789)kaarũArdeidae
metĩgarça-realPilherodius pileatus(Boddaert, 1783)metĩArdeidaenunu
audu makagaturamo-de-barriga-brancaEuphonia minuta(Cabanis, 1849)uxixiFringillidae
uru’aiwaagavião-beloBusarellus nigricollis(Latham, 1790)ekũAccipitridae ?
epa makagavião-caburéMicrastur ruficollis(Vieillot, 1817)ekũFalconidae
tuwã makagavião-de-antaDaptrius ater(Vieillot, 1816)ekũFalconidaekurudu
tawariwari / tapenuagavião-de-penachoSpizaetus ornatus(Daudin, 1800)ekũAccipitridae
yabe’i’ĩgavião-pega-pintoRupornis magnirostris(Gmelin, 1788)ekũAccipitridaeyabe’i’ĩ
kukulagavião-peneiraElanus leucurus(Vieillot, 1818)ekũAccipitridaehihi
uru’aiwaa idïkagavião-pretoUrubutinga urubitinga(Gmelin, 1788)kurukuruAccipitridaekurudu
akuʼukuʼugavião-realHarpia harpyja(Linnaeus, 1758)ekũAccipitridaeaku'uku'u
yawilugavião-tesouraElanoides forficatus(Linnaeus, 1758)ekũAccipitridae
kudakudagaviãozinhoGampsonyx swainsonii(Vigors, 1825)ekũAccipitridae
aberijuriti-gemedeiraLeptotila rufaxilla(Richard & Bernard, 1792)aberiColumbidaeuzala imahua
uxixi auahanugarrinchãoCampylorhynchus turdinus(Wied, 1831)uxixiTroglodytidae
uru’asa asurirĩguaráEudocimus ruber(Linnaeus, 1758)uru’asa asurirĩThreskiornithidae
ilu idïkaguaxeCacicus haemorrhous(Linnaeus, 1766)uxixiIcteridae
tadïkainhambu-anhangáCrypturellus bartletti(Sclater & Salvin, 1873)tadïkaTinamidaehuhũ
udïinhambu-pretoCrypturellus cinereus(Gmelin, 1789)udïTinamidae
wïwïinhambu-relógioCrypturellus strigulosus(Temminck, 1815)wïwïTinamidae
xaa xixĩirerêDendrocygna viduata(Linnaeus, 1766)balalaAnhimidae
yakurewïjaburuJabiru mycteria(Lichtenstein, 1819)yakurewïCiconiidaetuyuyu
kãyurejacamim-de-costas-verdesPsophia viridis(Spix, 1825)kãyurePsophiidaekãyu
aurupada adakajaçanã / piaçocaJacana jacana(Linnaeus, 1766)aurupadakaJacanidae
kakajacupembaPenelope superciliaris(Temminck, 1815)tarukawaCracidaekũkũ
tarukawajacutingaAburria jacutinga(Spix, 1825)tarukawaCracidaeyakupẽ
ʼeʼamï makajapacanimDonacobius atricapilla(Linnaeus, 1766)uxixiDonacobiidae
ilujapiimCacicus cela(Linnaeus, 1758)uxixiIcteridaexiru
huraraku idïkajapuPsarocolius decumanus(Pallas, 1769)hurarakuIcteridae
hurarakujapu-verdePsarocolius viridis(Statius Muller, 1776)hurarakuIcteridae
tikunũjoão-teneném-becuáSynallaxis gujanensis(Gmelin, 1789)uxixiFurnariidae
aberi urahïhïjuritiLeptotila verreauxi(Bonaparte, 1855)aberiColumbidaeuzala imahua
aberi kaʼa iwajuriti-pirangaGeotrygon montana(Linnaeus, 1758)aberiColumbidaeuzala imahua
aberi asuririjuriti-vermelhaGeotrygon violacea(Temminck, 1809)aberiColumbidaeuzala imahua
amana idjamaçarico-pintadoActitis macularius(Linnaeus, 1766)aurupadakaScolopacidae
laaka makamãe-de-taocaPhlegopsis nigromaculata(d'Orbigny & Lafresnaye, 1837)laaka makaThamnophilidae
warawara nanãmaracanã-de-cabeça-amarelaOrthopsittaca manilata(Boddaert, 1783)warawaraPsittacidaeararuna
aparu abe itxa iwamaria-cavaleiraMyiarchus ferox(Gmelin, 1789)uxixiTyrannidae
pïririumarianinhaPionites leucogaster(Kuhl, 1820)uxixiPsittacidaekapuha
xikaxikã xixĩmarianinha-amarelaCapsiempis flaveola(Lichtenstein, 1823)xikaxikãTyrannidae
adura urahïhï / adura tararamartim-pescador-grandeMegaceryle torquata(Linnaeus, 1766)aduraAlcedinidaetarara
adura biʼibiʼimartim-pescador-verdeChloroceryle amazona(Latham, 1790)aduraAlcedinidaebi'ibi'i
mïratú (macho); suuruhũ (fêmea)mutum-de-penachoCrax fasciolata(Spix, 1825)takũCracidae
lahumutum-cavaloPauxi tuberosa(Spix, 1825)lahuCracidaeyabĩ
huribibi ʼita'ĩ'ĩneineiMegarynchus pitangua(Linnaeus, 1766)titikĩTyrannidae
aupa adaka urahïhïpapagaio-campeiroAmazona ochrocephala(Gmelin, 1788)aurupadakaPsittacidae
txuararapapagaio-verdadeiroAmazona aestiva(Linnaeus, 1758)txuararaPsittacidaetxuruha
yãrãbepato-do-matoCairina moschata(Linnaeus, 1758)yãrãbeAnatidaeyãrãbe
kãrãrãpavãozinho-do-paráEurypyga helias(Pallas, 1781)kararãEurypygidaexãda
kïriperiquito-de-asa-brancaBrotogeris versicolurus(Statius Muller, 1776)kïriPsittacidaetxũ'í
yadũperiquito-reiAratinga aurea(Gmelin, 1788)yadũPsittacidaeda'u
pidupidupernilongoHimantopus melanurus(Vieillot, 1817)aurupadakaRecurvirostridae
ware kapuhahapica-pau-amareloCeleus flavus(Statius Muller, 1776)warePicidae
ware atxupã asurirĩpica-pau-de-banda-brancaDryocopus lineatus(Linnaeus, 1766)warePicidae
ware urahïhï atxupã asurĩrĩpica-pau-de-barriga-vermelhaCampephilus rubricollis(Boddaert, 1783)warePicidae
ware kapuhahapica-pau-louroCeleus lugubris(Malherbe, 1851)warePicidae
ware urahïhïpica-pau-de-topete-vermelhoCampephilus melanoleucos(Gmelin, 1788)warePicidae
aparu abe itxa iwaapitiguariCyclarhis gujanensis(Gmelin, 1789)uxixiVireonidae
waapa kaakapomba-amargosaPatagioenas plumbea(Vieillot, 1818)apïkaColumbidae
apïka xĩxĩpomba-galegaPatagioenas cayennensis(Bonnaterre, 1792)apïkaColumbidaepïda
apïka urahïhïpomba-trocalPatagioenas speciosa(Gmelin, 1789)apïkaColumbidaepïda
txakĩtxakĩquero-queroVanellus chilensis(Molina, 1782)aurupadakaCharadriidae
wapã dedẽrapazinho-estriadoNystalus striolatus(Pelzeln, 1856)uxixiBucconidae
aberi pïpïrolinhaColumbina talpacoti(Temminck, 1811)aberiColumbidae
turuxarisabiá-coleiraTurdus albicollis(Vieillot, 1818)uxixiMuscicapidae / Subfamília: Turdinae
turuxari ewaa heheyasabiá-da-mataTurdus fumigatus(Lichtenstein, 1823)uxixiTurdidae
turuxari tawa iwasabiá-laranjeiraTurdus rufiventris(Vieillot, 1818)uxixiTurdidae
tximinasaciTapera naevia(Linnaeus, 1766)uxixiCuculidae
urita xĩxĩsaí-andorinhaTersina viridis(Illiger, 1811)uxixiThraupidae
awara adaka nanãsanhaço-da-amazôniaTangara episcopus(Linnaeus, 1766)uxixiThraupidae
xarakũsaracura-três-potesAramides cajanea(Statius Muller, 1776)xarakũRallidae
kuadï makasauráPhoenicircus carnifex(Linnaeus, 1758)uxixiCotingidae
ewaa adakaseriemaCariama cristata(Linnaeus, 1766)ewaa adakaCariamidae
ewade’asiricora-mirimLaterallus viridis(Statius Muller, 1776)xarakũ / uxixiRallidae
xurukusocó-boiTigrisoma lineatum(Boddaert, 1783)xurukuArdeidae
kaukausocó-grandeArdea cocoi(Linnaeus, 1766)kaukauArdeidaeka'u
turesocoí-zigue-zagueZebrilus undulatus(Gmelin, 1789)tureArdeidaetu
xãxãsocozinhoButorides striata(Linnaeus, 1758)xaxãArdeidaeyarabi
apï makasolta-asaHypocnemoides maculicauda(Pelzeln, 1868)uxixiThamnophilidae
kukulasoviIctinia plumbea(Gmelin, 1788)kukulaAccipitridaehihi
pakurukurusurucuá-de-cauda-pretaTrogon melanurus(Swainson, 1838)uxixiTrogonidae
pakurukuru ipadja yupĩpĩsurucuá-grande-de-barriga-amarelaTrogon viridis(Linnaeus, 1766)uxixiTrogonidae
epa maka urahïhïtauató-pintadoAccipiter poliogaster(Temminck, 1824)ekũAccipitridae
patia adakatempera-violaSaltator maximus(Statius Muller, 1776)uxixiThraupidae
yakurixi akïlakïlatesoura-de-fronte-violetaThalurania glaucopis(Gmelin, 1788)yakurixiTrochilidae
yakurixitesourãoEupetomena macroura(Gmelin, 1788)yakurixiTrochilidae
txukaya isamïtesourinhaTyrannus savana(Vieillot, 1808)uxixiTyrannidae
pakuï txiatxiatico-ticoZonotrichia capensis(Statius Muller, 1776)uxixiEmberizidae / Subfamília: Emberizinae
iipĩtiriba-de-testa-azulPyrrhura picta(Statius Muller, 1776)uxixiPsittacidaeyadïka
tarukawa makatovaquinhaDichrozona cincta(Pelzeln, 1868)uxixiThamnophilidae
tininikũtrinta-réis-anãoSternula superciliaris(Vieillot, 1819)tininikũSternidaetxikiri
alãtrinta-réis-grandePhaetusa simplex(Gmelin, 1789)alãSternidaepiwĩ
kïakïatucano-de-bico-pretoRamphastos vitellinus(Lichtenstein, 1823)yadadarĩRamphastidae
yadadarĩ urahïhïtucano-grande-de-papo-brancoRamphastos tucanus(Linnaeus, 1758)yadadarĩRamphastidae
arakaduaudu-de-coroa-azulMomotus momota(Linnaeus, 1766)arakaduaMomotidaesuru
hurikuuiraçu-falsoMorphnus guianensis(Daudin, 1800)ekũAccipitridae
pitxupitxũuirapuru-veadoMicrocerculus marginatus(Sclater, 1855)uxixiTroglodytidae
kuadï makauirapuru-vermelhoPipra aureola(Linnaeus, 1758)uxixiPipridae
xaapĩuirapuruzinhoTyranneutes stolzmanni(Hellmayr, 1906)uxixiPipridae
urukurẽurubu-reiSarcoramphus papa(Linnaeus, 1758)uuhuCathartidae
taperaurubuzinhoChelidoptera tenebrosa(Pallas, 1782)uxixiBucconidae
marakuãkuãurutauNyctibius griseus(Gmelin, 1789)marakuãkuãNyctibiidae
zarakĩcuricaAmazona amazonica(Linnaeus, 1766)zarakĩPsittacidaezarakĩ
waka isamïmurucututuPulsatrix perspicillata(Latham, 1790)ekũStrigidae
karayarayaperiquitão-maracanãAratinga leucophthalma(Statius Muller, 1776)karayarayaPsittacidae
unã adakaurubu-de-cabeça-vermelhaCathartes aura(Linnaeus, 1758)uuhuCathartidae

Bibliografia

  • BERTO, Flávia de Freitas. Kania Ipewapewa: estudo do léxico juruna sobre a avifauna. 2013. 136 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciencias e Letras (Campus de Araraquara), 2013.
  • FARGETTI, C. M. Estudo fonológico e morfossintático da língua juruna. Muenchen: Lincom-Europa, 2007a. (Série Lincom Studies in Native American Linguistics, 58).
  • FARGETTI, C. M. Nasalidade em juruna. In: A estrutura da línguas amazônicas: fonologia e gramática, 2007, Manaus. Anais... Manaus: UFAM, 2007b. 1 CD-ROM.
  • FARGETTI, C. M. Breve história da ortografi a da língua juruna. Estudos da Língua(gem), Vitória da Conquista, n.3, p.123-142, jun. 2006.
  • FARGETTI, C. M. Análise fonológica da língua juruna. 1992. 124f. Dissertação (Mestrado em Lingüística)–Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1992.
  • FARGETTI, C. M. A parte do cauim: etnografi a juruna. 1995. 480f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1995.
  • OLIVEIRA, A. E. de. Os índios juruna do Alto Xingu. Dédalo, São Paulo, ano VI, n.11-12, jun./dez. 1970.

Referências

  1. Lewis, M. Paul (ed.), 2009. Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International. Online version.
  2. «Redirected». Ethnologue (em inglês). 19 de novembro de 2019. Consultado em 22 de abril de 2021
  3. «Juruna». Ethnologue (em inglês). 19 de novembro de 2019. Consultado em 22 de abril de 2021
  4. «Yudjá/Juruna - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 22 de abril de 2021
  5. Fargetti, Cristina (2001). «Estudo Fonológico e Morfossintático da língua Juruna» (PDF). Instituto de Estudos da Linguagem - Unicamp. Consultado em 22 de abril de 2021
  6. Fargetti, Cristina Martins; Carmen L. Reis Rodrigues. 2008. Consoantes do xipaya e do juruna - uma comparação em busca do proto-sistema. Alfa, São Paulo, 52 (2): 535-563, 2008. (PDF)
  7. BERTO, Flávia de Freitas. Kania Ipewapewa: estudo do léxico juruna sobre a avifauna. 2013. 136 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciencias e Letras (Campus de Araraquara), 2013.

Ligações externas

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