Língua apiacá

O apiacá ou apiaká é uma língua pertencente subgrupo VI ( denominada também como família cauaíbe, Kawahíb ou Kawahíwa) do tupi-guarani, falada no Brasil pelo povo Apiacá que, atualmente, habita parte norte do Mato Grosso, sudoeste do Pará e sudeste do Amazonas.[1][2][3]

Apiacá

Apiaká

Falado(a) em: Brasil (Mato Grosso, Pará e Amazonas)
Total de falantes:
Família: Tupi
 Oriental
  Mawetí-Guaraní
   Tupí-Guaraní
    VI
     Kawahíwa
      Apiacá
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: api

Situação atual

A língua apiaká é falada por indigenas da etinia Apiaká que tem como território tradicional os cursos de rios em Mato Grosso, Amazonas e Pará, incluindo seus afluentes. Existem sete aldeias Apiaká em Mato Grosso e Pará, e muitos outros Apiaká vivem em cidades e vilas nos três estados da região norte do Brasil. Há também um grupo isolado de parentes Apiaká na região do Pontal do Mato Grosso.[4]

Acredita-se que os Apiakás deixaram de utilizar sua língua materna, em decorrência de um período em que eram compelidos a falar apenas o português. Tal período ocorreu quando trabalhavam para seringueiros e madeireiros na região do Rio Tapajós. Durante essa época, eles eram submetidos a punições severas, inclusive com risco de morte, caso falassem o idioma Apiaká. Esse processo de assimilação linguística foi gradual, e os Apiakás passaram a falar o português não somente por uma questão de obrigatoriedade, mas também por uma tentativa de se integrar na sociedade local e entender o movimento extrativista que ocorria na região.[4]

O número de falantes de Apiacá é incerto entre uma população de cerca de 850 pessoas, tornando a língua gravemente ameaçada de extinção. Atualmente todos os indígenas Apiakás são falantes de português e, possivelmente, outro idioma de etnias próximas, como o Munduruku e Kaiabi.[4]

Características

A língua Apiaká pertence a divisão Kawahíwa Meridionais do subgrupo VI (Kawahíwa) da família Tupi-Guarani, junto com com as línguas Jupaú, Amondáwa, Karipúna, Apiaká, Kayabí e Piripkúra[3]. Características mais gerais em relação ao Proto-Tupi-Guarani (PTG), a língua Apiaká apresenta:

  • conservação das consoantes finais
  • fusão de **t ∫ e *ts, ambos mudados em h
  • mudança de *pw em kw
  • conservação de *pj
  • conservação de *j
  • marcas pronominais de 3ª pessoa masculina, feminina e plural, comuns ao homem e à mulher[5]

Vocabulário

Vocabulário apiacá (do Tapajós) (Campos 1936):[6]

PortuguêsApiacá
homemazivá
mulhercunhá
criançacunumi
painhandiraré
mãeziêa
irmãziquepehêracaná
médicopagé
capitãoanâzara
padremahiranhandevuvápavenhame
brasileiroitapoga
mundurucuitãura
bravoimandaraive
mansonhirô
medrosoóqueicê
pilotohearápêtá
remadorhêápapôra-hê
doenteicarôára
sãodziarôunitzon
bomiuaron-un-djizon
maunin-aroin-run-pezon
coisa ruimnin-aroin-paven-homareupê-aconiquecaná
cabeloaiáva
olhoairiêcuára
bocaaizurúa
barbaaivánindivá
línguaaicôa
narizaitchin-ha
orelhaaiapeáo
denteairan-ha
cabeçaaiacá
pescoçoaicura
nucaaiêtôá
pomo-de-adãoaizuioga
peitoaipatchiá
coraçãoaitan-há-há
coluna vertebralaicupecanguevá
costelaaizarúca-há
mamaaicama
braçoaicevá
polegaraipoána
indicadoraipoanapenára
médiometerêpenára
anularmeterêpenára
mínimoaipoáen-hia
unhaaipoápen-há
mãoaipoá
ventretirebêcá-hé
umbigoaitôá
fígadoaipê-há
baçoaiêbêpiára
estômagoaioguirá
rimnapuçá
coxaaiuvá
pernaaitumacanga
aipêá
ossoaican-há
articulaçãoorêná-há-há
peleaipira
sanguetacuvá
suorhê-hai
salivaarêndegá
urinaaite-há
fezesareubozaçon
leiteaicambe-há
carneareó-há
alimentosmatê
águahê-há
palidezau-hi-hô
icteríciaaitê-há
febrerauê
tossearená
inchaçãodirebiganiaroin
pneumoniaaicaruaraêa
dorai-hê
dor de cabeçaaiacau-hê
dor de barrigaaivêcan-hê
dor na pernaaitumacan-hê
partoaimemberá
feridapiruru-há
remédiomô-há-há
palmeira pindobaaguassú
algodãoamenezê
carácará
milhoavassia
bananapacová
anajáinatá-hi
jatobázutanvá
açaízuzôvá-hi
castanhanhá
timbótimbó
farinha-d'águauiá
cipóhê-hê-poá
cauchotapa-há-hô-huêgeuvá
buritiburitivá
tucumtacumã-uá
cajáacazátzima
camponhuná
matacauêrá
plantamen-ha-hêá
florinhátêrá
frutoivá
feijãocomandaia
folhacá-há
raizivápoá
cascaipéa
cobrabósa
pacuarevôrionê
jaújahu
onçazauára
piumpiun
carapanãnhantchi-hun
carrapatozatavôga
peixepiqueria
antatapira
galinhanhamocin
tamanduátamanduá
corujaurucurêaïa
borboletapanamá
cachorroauará
gatozanária
jacunhacúpemba
macuconhambúa
mutummutum
arara azulararóboe
arara vermelhacanindé
jacamimurazáó
gaviãocoãdua
pombabêcaua
patoipêga
marrecoipêga
macacocaïa
arraiazavêoêra
jacaréjacaré
sucuribosua-uá
tracajázavácia
ovo de tracajázavácenpiá
animalbuza
terraaui-hô
fogotá-tá
chuvaamáuá
frioeiró-hia
caloraicubáéva
luazá-hê
solara
céuhivága
estrelazá-tá-tá-hê
casaega
malocaarêróga
portaazurua
janelamani-hama
tatuagemaissúporá
deusaê-hia
umadzipeipotari
doismocoêdzipotari
trêsmoapei
quatromacôin-hátô
cincocoaivetê
muito (mais de cinco)apotamaporivacoaivátêipotari
poucocoaiváterai
morroibêtêrá
pedraitá
Salto AugustoItôá
ilhaipã-ua
córregoicuává
rio São ManuelIssingú
flechaôiba
arcohibirapóra
rifletupã
esteirapinudzin-há
carvãoibóga
linhamimbo-há
anzolitapotanha
roupabira
redetupava
panelacanêra-içá
fumopetama
docehun-heá-hêçô
cachaçacauentazá
espelhozavaipiacerá
bancocanáná
facaamanguari
brancocarivá
amarelotchin-hu-huintê
pretohônê
vermelhoipirapezô
verdeovê

Referências

  1. Aguilar, A. M. G. C. (2018). Kawahíwa como uma unidade linguística. Revista Brasileira De Linguística Antropológica, 9(1), 139-161. https://doi.org/10.26512/rbla.v9i1.19529
  2. Aguilar, A. M. G. C. 2013. Contribuições Etnolinguísticas e Histórico-Comparativas para os estudos sobre os povos e as línguas Kawahíwa. Tese (Exame de Qualificação de Doutorado), PPGL/UnB.
  3. AGUILAR, Ana Maria Gouveia Cavalcanti. Contribuições para os estudos histórico-comparativos sobre a diversificação do sub-ramo VI da família linguística Tupí-Guaraní. 2015. 223 f., il. Tese (Doutorado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015. (PDF)
  4. «Apiaká - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 16 de abril de 2023
  5. Rodrigues, Aryon Dall’Igna (2011). «Relações internas na família linguística Tupí-Guaraní». Revista Brasileira de Linguística Antropológica (2). ISSN 2317-1375. doi:10.26512/rbla.v3i2.16264. Consultado em 16 de abril de 2023
  6. Campos, Murillo de. Interior do Brasil: Notas medicas e ethnographicas. Rio de Janeiro, 1936. p. 182-9. (Vocabulários e dicionários de línguas indígenas brasileiras.)

Ligações externas

  • Vocabulário apiacá (do Tapajós) - CAMPOS, Murillo de. Interior do Brasil. Notas medicas e ethnographicas. Rio de Janeiro, 1936. p. 182-9.
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