Língua baré

O baré é uma língua da família linguística arawak falada no alto Rio Negro até o período colonial, na fronteira entre o Brasil e a Venezuela.[1][2]

Baré
Falado(a) em: Brasil
Total de falantes: 2 semi-falantes
Família: Arawak
 Médio Rio Negro
  Baré
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

Os baré passaram por um processo de extinção da língua, a partir da retirada do povo de suas aldeias de origem para as chamadas repartições[3], os indígenas foram perdendo a língua materna, sendo assim, atualmente fluentes em Nheengatú e Português.

Dois dialetos extintos historicamente registrados são o ahini e o arihini.[1]

Gramática

Sufixos baré (Ramirez 2019: 587):[1]

Sufixos nominais:

BaréGlosa
-(i)tealativo (“para”)
-(i)teiablativo (“de”)
-waperlativo (“ao longo de”)
-be, -nʊ, -nʊbeplural
-tidiminutivo
-mini-marca do defunto

Relacionadores:

BaréGlosa
-ʊkʊ, -ʊem (a segunda forma usada em combinação com o alativo ou o ablativo, dando: -ʊ-te e -ʊ-tei)
-habi, -hasiem cima de
-dʊkhabiembaixo de
-babina volta de
-bʊhʊ, -nabiatrás de
-bahaem frente de
-ikupara (beneficiário)
-ima, -ahaʊcom (comitativo)
-abicom (instrumental)
-(j)ehewade (separativo)

Sufixos verbais:

BaréGlosa
-sacausativo
-tinireflexivo, recíproco
-naperfectivo, passado
-niimperfectivo, presente
-ina, -idaincoativo
-kadeclarativo, subordinativo
-wakaa fim de que, para

Vocabulário

Vocabulário baré e guinau (Ramirez 2019):[1]

PortuguêsBaréGuinau
animal de criaçãobija-bebija
tatu-canastrahajánahazána
capivarakhiʊkejʊ
cutia / pacawajʊrʊ + jabawajuru
antatematsema
veadomarahajʊmaraaju
onçakʊ(w)ati + tʃinʊkuaʃi
morcegobijahaʊbijawu / beesawe
patoʊrʊmahuruma
jacumaradimaradi
jacamimja͂bijabi
tucanoʊkʊwekue
beija-florbʊmidihumidi
lagartokʊwidʊkuedu
jacaréhadʊrihaduri
jabutikʊrimaʊkurumaru
dʊkʊwahʊtukuuru / tukurau
peixekʊbatikubaʃi
piranhabaʊmeheumahe
arraianamarʊjamarui
saúvakʊtekuse
abelhamabamaba
cupimkama(jʊ)kamada
pernilongohanijʊhaniju
piolhotʊwidatʃiweda
pulgamabatinimabaʃini
árvoreadada-muna
inajáʊkarisikariki
açaímanakamanaka
abacaximawaháʊrimawari
batata-docekahaʊkaau
mandiocakanitikani (-tʃeri)
tabacoariiri
arcosewe-pitʃebi
fornobʊdaribetari
zarabatanawidabawataba

Vocabulário baré e nheengatú (Tellus 2019):[4]

Português Baré Nheengatú
eu nuni ixé
tu bini indé
ele kuhu ae
ela kuhũ
nós wani yandé
vocês ini penhẽ
eles/elas kuhuni/meni aintá
cabeça dúsia akanga
coração ákhani piá
mão khábi pu
ísi pi
tucunaré dápa tukunaré
piranha báumehe piranha
fogo itíki tatá
olho witi sesá
galho iwáku rakanga
arco sewépe mirá-para
ovo kudúbati supiá
terra kádi iwí
orelha dátini nambí
cão (onça) kuwáti yawara
Língua (linguagem) nenê-hei nheenga
Anta téma tapíra
peixe kubáti pirá
nariz

Bibliografia

  • Aikhenvald, Alexandra Y. (1995). Bare. Languages of the World, Materials 100. Munich: Lincolm Europa.
  • Lopez-Sanz, Rafael (1972). El Baré: estudio lingüístico. Caracas: Universidad Central de Venezuela.
  • Oliveira, Christiane Cunha de (1993). Uma Descrição do Baré (Arawak) - Aspectos Fonológicos e Gramaticais. Dissertação de Mestrado. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil).
  • Pérez, Antonio (1988). Los Bále (Baré). Los Aborígenes de Venezuela 3(35): 413-479. Caracas.
  • Pérez de Borgo, Luisa Elena (1992). Manual Bilingüe de la lengua Baré. Puerto Ayacucho: Alcadía del Territorio Federal Amazonas, Dirección de Cultura.

Influência nas línguas macus

O nadëb e o dâw, duas línguas macus, mostram influências baré. Exemplos do nadëb e do ihini baré (Ramirez 2019: 584; 2020: 60):[1][5]

PortuguêsNadëbIhini Baré
veadomarajóʔmará(h)ajʊ
lontrinhamo͂koʔjarbakʊ́jari
onçajaraakjaraka
urubukuruidúʔkhʊrʊidʊ
pica-paukawahédkʊwédere
arara-vermelhakawédkawéi
papagaiokujáʔkʊjáʊ
piraíbamokúrmhʊ́kʊri
pirararamapaǎhmapha
tucunarédaǎpdápa
abelhamabaamába
cupimkamaʔráʔkama(da)
caranguejotahuʔúdʊ́hʊ
bananamaçeérmasérʊ

Referências

  1. Ramirez, Henri (2019). Enciclopédia das línguas arawak: acrescida de seis novas línguas e dois bancos de dados. (no prelo)
  2. Ramirez, Henri, & França, Maria Cristina Victorino de. (2019). Línguas Arawak da Bolívia. LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, 19, e019012. https://doi.org/10.20396/liames.v19i0.8655045
  3. Lima, Ademar dos Santos; Martins, Silvana Andrade; Pedrosa, Jéssica Nayara Cruz (3 de setembro de 2019). «Os últimos falantes da Língua Baré». Tellus: 207–226. ISSN 2359-1943. doi:10.20435/tellus.v19i39.584. Consultado em 18 de maio de 2023
  4. Lima, Ademar dos Santos; Martins, Silvana Andrade; Pedrosa, Jéssica Nayara Cruz (3 de setembro de 2019). «Os últimos falantes da Língua Baré». Tellus: 207–226. ISSN 2359-1943. doi:10.20435/tellus.v19i39.584. Consultado em 18 de maio de 2023
  5. Ramirez, Henri (2020). Enciclopédia das línguas Arawak: acrescida de seis novas línguas e dois bancos de dados 🔗. 3 1 ed. Curitiba: Editora CRV. 290 páginas. ISBN 978-65-251-0234-4. doi:10.24824/978652510234.4

Ver também

Ligações externas

This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.