Línguas charruanas

As línguas charruanas formaram um grupo já extinto de línguas que já foram faladas no Uruguai e na província de Entre Ríos na Argentina. Há vestígios da antiga existência dos idiomas charuanos na campanha do Rio Grande do Sul, Brasil.

Charruanas
Falado(a) em:  Argentina,  Uruguai,  Brasil (Rio Grande do Sul)
Total de falantes: extinta
Família: Mataco-Guaicuru ?
 Charruanas
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: sai

Línguas

Quatro línguas foram identificadas como fazendo parte dessa família linguística, conforme o livro “Classification of South American Indian Languages” escrito por Čestmír Loukotka da UCLA Latin American Center, 1968:

  • Balomar
  • Chaná
  • Charrua
  • Güenoa

Há ainda várias outras línguas ainda não confirmadas como pertencentes ao grupo, mas supostas:

  • Bohane - falada em Maldonado, Uruguai
  • Calchine - falada em Santa Fé, Argentina, ao longo do Rio Salado, Argentina
  • Caracañá - falada ao longo do Rio Caracaña, Santa Fe
  • Chaná-Mbegua ou Begua - falada ao longo do Rio Paraná entre Crespo e Vitória, na província de Entre Rios
  • Colastiné - falada na província Santa Fé próximo a Colastiné
  • Corondá - falada um Coronda, Santa Fé.
  • Guaiquiaré - falada em Entre Rios, no Arroio Guaiquiraré
  • Mocoreta ou Macurendá ou Mocolete - falada ao longo do Rio Mocoretá em Entre Rios
  • Pairindi - falada em Entre Rios desde Corrientes até o Rio Feliciano.
  • Timbu - falada in Gaboto, Santa Fé
  • Yaro - falada no Uruguai entre o Rio Negro e o rio San Salvador.

Relações genéticas

Morris Swadesh inclui o Charruano junto com as línguas matacoanas, as guaicuruanas e as mascoianas dentro de um grupo “Macro-Mapuche”.

Kaufman (1990) prefere incluir as guaicuruanas, matacoanas, charruanas e mascoianas num grupo a ser mais investigado, o das “Macro-Guaicuruanas”.

Livros de Terrence Kaufman:

  • “history in South America: What we know and how to know more” – 1990;
  • “Amazonian linguistics: Studies in lowland South American languages” – Payne – D.L. Austin, Texas
  • “Atlas of the world's languages” 1994 – Mosley C. Asher, London

Comparação lexical

Há pouquíssimos registros das línguas charruanas, porém algum vocabulário foi levantado e está no quadro comparativo:

Português Charrua Chaná Guenoa
olho i-xou
ouvido i-mau
mão guar mbó
água hué
sol dioi
cão samayoí lochan
árvore huok
um ugil yut
dois sam usan
três detí detit

Vocabulário charrua

Vocabulários da língua charrua em Barrios Pintos (1991):[1][2]

Palavras do "sargento mayor" Benito Silva, e recolhidas pelo Dr. Teodoro Miguel Vilardebó, em novembro de 1841. Benito Silva estivera refugiado entre os charruas e que os comandara como chefe militar durante cinco meses. Logo voltou a encontrar um grupo reduzido em 1840, no Rio Grande do Sul, permanecendo alguns dias em seus toldos.

CharruaPortuguês
um
samdois
detitrês
betumquatro
betum yúcinco
betum samseis
betim detísete
betum arrasamoito
baquiúnove
guarojdez
guamanaícunhado
inchaláirmão
sepélábio
quícanaguardente, cachaça
sisimistura de pó de osso e de tabaco que os charruas mascavam
natraz
laibolas
lai samboleadeira de duas bolas, para bolear avestruzes
lai detíboleadeira de três bolas, para bolear cavalos
tinúfaca
babulaíboleado

Orações (do "sargento mayor" Benito Silva):

CharruaPortuguês
misiajalanáfique quieto
andó diabunvamos dormir


As três palavras recolhidas pelo religioso jesuíta Florian Paucke S.J., em meados do séc. XVIII:

CharruaPortuguês
bilubelo, formoso
godgororoypresumivelmente uma onomatopéia do grito do ganso silvestre
lojancachorro

Palavras de uma moça do oficial Manuel Arias, e recolhidas pelo Dr. Teodoro Miguel Vilardebó, em novembro de 1842.

CharruaPortuguês
i-uum
saúdois
datittrês
betumquatro
betum iúcinco
ejboca
isbajbraço
iscabeça
guarmão
ibarnariz
ijouolho
imauorelha
itajcabelo
atit
beráavestruz
jualcavalo
mautiblámula
beluávaca
huéágua
itfogo
guidaílua
itojmaurapaz
chalouámoça
lajau"ombú"
bajinácaminhar
ilabundormir
basqüadelevantar-se
matar

Ver também

Referências

  1. BARRIOS PINTOS, Aníbal. Los aborígenes del Uruguay: del hombre primitivo a los últimos charrúas. Montevideo: Librería Linardi y Risso, 1991. p. 62-64.
  2. Vocabulário charrua. Site Línguas Indígenas Brasileiras, de Renato Nicolai.

Ligações externas

This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.